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Greisch (1994:§31) – projeto [Entwurf]
quarta-feira 31 de maio de 2017
Dizer que a compreensão é uma exploração incessante de "possibilidades" é o mesmo que atribuir uma estrutura projetiva a ela. "Projeto" (Entwurf) é, portanto, a noção complementar do "ser-jogado" que caracteriza o afeto:
"O projeto é a constituição existencial do ser da margem de jogo do poder ser factual" (SZ 145). Compreender, então, é descobrir que toda facticidade inclui um mínimo de "margem de jogo". O real não é absolutamente a lei. Não é um fatum implacável. Sempre tenho uma "margem de manobra" para realizar meus "projetos", mesmo que em alguns casos, como mostra Leopold Szondi, essa margem seja extremamente estreita. Mas assim como dissemos que o Dasein não é simplesmente um tomador de decisões voluntarista, estaríamos errados ao imaginá-lo como o planejador de sua vida. Na vida, os "planos quinquenais" fracassam quase tão certamente quanto na economia planejada.
O Dasein só existe ao se projetar em direção às possibilidades. Mas isto ao qual se "projeta", nem sempre ou necessariamente tem uma consciência clara e distinta. Se a intencionalidade fosse sinônimo de tematização, a compreensão, que claramente tem uma estrutura intencional, teria de ser confundida com um processo de tematização. Heidegger ressalta, no entanto, que a tematização priva o projetado de seu caráter possível. Daí a importância de se levar muito a sério a definição de compreensão pelo possível: "A compreensão é, como projeção, o modo de ser do Dasein, onde ele é suas possibilidades como possibilidades" (SZ 145).
Ver online : Jean Greisch