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GA89 (2021:810, 812) – objeto
domingo 18 de fevereiro de 2024
Portanto, há três conceitos de objeto: no primeiro caso, objeto é equivalente ao objeto da experiência científico-natural. No segundo caso, objeto designa as coisas autonomamente presentes e subsistentes para o uso e a consideração. No terceiro caso, objeto é o algo enquanto o sujeito de um possível enunciado sobre ele.
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Para a explicitação do conceito de objeto usado na ciência da natureza e mesmo também por Kant , podemos citar uma palavra de Goethe . Goethe diz em suas Máximas e reflexões (1025, 1027): “Com os pontos de vista, quando eles desaparecem do mundo, com frequência os objetos mesmos também são perdidos. Pode-se dizer de qualquer modo em um sentido mais elevado que o ponto de vista seria o objeto”. “Uma vez que os objetos são pela primeira vez arrancados ao nada por meio dos pontos de vista dos seres humanos, eles também retomam, quando os pontos de vista se perdem, uma vez mais para o nada […]” [1].
Com isso não se disse outra coisa senão que a objetividade dos objetos é determinada pelo modo de representação (ponto de vista) do sujeito. (A possibilitação transcendental do objeto por meio da subjetividade).
A natureza só se mostra para o físico no sentido de objetos, tal como ele o investiga por meio de seus métodos, quando o caráter ontológico da natureza é determinado de antemão como objetualidade. Isso significa, porém, que não há nenhuma investigação científica de uma região de objetos sem uma ontologia expressa ou inexpressa. Isso foi algo que Kant já nos ensinou. Nós só precisamos saber, que, em Kant , o nome transcendental é meramente uma outra palavra para ontológico; ontológico naturalmente no sentido de uma ontologia, para a qual o que se presenta se transformou no objeto.
[HEIDEGGER, Martin. Seminários de Zollikon. Organizado por Peter Trawny . Traduzido por Marco Casanova . Rio de Janeiro: Via Verita, 2021]
Ver online : Zollikoner Seminare [GA89]
[1] GOETHE. Máximas e reflexões, op. cit., p. 172