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CAMINHOS DE FLORESTA

GA5:106-112 – sujeito - subiectum - hypokeimenon

COMPLEMENTOS

sexta-feira 5 de maio de 2017, por Cardoso de Castro

Excerto de HEIDEGGER, Martin. Caminhos de Floresta. Coordenação Científica da Edição e Tradução Irene Borges-Duarte  . Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002, p. 131-137]

Borges-Duarte

Como é que se chega, de todo, a que o ente se interprete, de um modo acentuado, como subjectum, e a que, consequentemente, o subjectivo alcance um domínio?

Pois até Descartes  , e ainda dentro da sua metafísica, o ente é, na medida em que é um ente, um sub-jectum (ύπο-κείμενον), algo subjacente por si mesmo, que, enquanto tal, está ao mesmo tempo na base das suas propriedades permanentes e dos seus estados que mudam. A primazia de um sub-jectum destacado, porque, numa perspectiva essencial, incondicionado (o que está na base enquanto fundamento), surge da reivindicação pelo homem de um fundamentum absolutum inconcussum veritatis (de um fundamento inabalável da verdade no sentido da certeza, fundamento esse que repouse em si mesmo). Porquê e como é que esta reivindicação chega à sua decisiva validade? A reivindicação surge daquela libertação do homem na qual ele se liberta da vinculação à verdade da revelação cristã e à doutrina da [131] Igreja, para uma legislação que se põe com base em si mesma e que é para si mesmo. Através desta libertação, é colocada de novo a essência da liberdade, isto é, o vínculo a algo que vincula. Mas porque, segundo esta liberdade, é o próprio homem que se liberta que coloca aquilo que vincula, este pode doravante ser determinado de diferentes modos. Aquilo que vincula pode ser a razão humana e a sua lei, ou o ente instituído e ordenado objectivamente a partir de tal razão, ou aquele caos que ainda não foi ordenado e que só pela objectivação pode ser domado, exigindo a dominação [Bewältigung] numa era.

No entanto, esta libertação liberta-se sempre ainda, sem o saber, do vínculo à verdade da revelação, com base na qual o homem tem a certeza e a garantia da salvação da sua alma. A libertação da certeza da salvação, de acordo com a revelação, teria, por isso, de ser em si uma libertação para uma certeza, na qual o homem garantisse o verdadeiro enquanto aquilo que fosse sabido pelo seu próprio saber. Tal apenas seria possível, se o homem, que se libertava, garantisse a certeza do que se pode saber. No entanto, tal só poderia acontecer na medida em que o homem decidisse, a partir de si e para si, aquilo que deve ser sabido por ele, e o que deve significar saber e garantia do que se sabe, isto é, o que deve significar certeza. A tarefa metafísica de Descartes   foi a de criar o fundamento metafísico para a libertação do homem, libertação para a liberdade enquanto auto-determinação certa de si mesma. Contudo, este fundamento não apenas tinha ele mesmo de ser um fundamento certo, mas, porque estava impedida qualquer medida a partir de outras áreas, tinha ao mesmo tempo de ser de tal modo que fosse colocada por ele a essência da liberdade reclamada como auto-certeza. No entanto, tudo aquilo que é certo a partir de si mesmo tem de assegurar conjuntamente como certo, ao mesmo tempo, aquele ente para o qual tal saber deve ser certo e através do qual deve [132] ser assegurado tudo o que se pode saber. O fundamentum, o fundamento desta liberdade, que lhe está na base, o subjectum tem de ser algo certo que baste às exigências essenciais mencionadas. Torna-se necessário um subjectum destacado relativamente a todas estas perspectivas. O que é este algo certo que forma o fundamento e dá o fundamento? O ego cogito (ergo) sum. O que é certo é uma proposição que enuncia que ao mesmo tempo (ao mesmo tempo e com igual duração) com o pensar do homem ele próprio está indubitavelmente co-presente, isto é: está dado conjuntamente a si mesmo. Pensar é re-presentar, referência representadora ao que é representado (idea enquanto perceptio).

Representar quer aqui dizer pôr diante de si algo a partir de si, e assegurar aquilo que é posto enquanto tal. Este assegurar tem de ser um calcular, porque só a calculabilidade garante, à partida e constantemente, estar certo do que se está para representar. O representar já não é o percepcionar do que-está-presente, a cujo não-estar-encoberto pertence o próprio percepcionar, e isto como um tipo próprio de vir-à-presença que se dirige ao que-está-presente não-encoberto. O representar já não é o pôr-se-a-descoberto para…, mas o agarrar e conceber de… Não é o que-está-presente que vigora, mas o ataque que domina.

O representar é agora, de acordo com a nova liberdade, um avançar, a partir de si, para a área ainda por assegurar do que está seguro. O ente já não é o que-está-presente, mas só o que está posto em frente no representar, o que é ob-jectivo [Gegen-ständige]. Re-presentar é ob-jectivação que avança, que doma. O representar empurra tudo para dentro da unidade do que é assim objectivo. O representar é coagitatio.

Qualquer relação a algo, o querer, o tomar uma posição, o sentir é, desde logo, representador, é cogitans, o que se traduz por “pensante”. Daí que Descartes   possa cobrir todos os modos da voluntas e do affectus, todas as actiones e passiones, com o nome, à partida estranho, de cogitatio. No [133] ego cogito sum, o cogitare é compreendido neste sentido essencial e novo. O subjectum, a certeza fundamental, é o ser representado conjuntamente — sempre assegurado — do homem representador com o ente humano ou não humano representado, isto é, com o que é objectivo. A certeza fundamental é o sempre indubitavelmente representável e representado me cogitare = me esse. Esta é a equação fundamental de todo o calcular de um representar que se assegura a si mesmo. Nesta certeza fundamental, o homem está seguro de que ele está assegurado, enquanto re-presentador de todo o re-presentar e, assim, enquanto âmbito de todo o estar-representado, enquanto âmbito de qualquer certeza e verdade, isto é, está seguro de que ele é. É só porque o homem é assim necessariamente co-representado, na certeza fundamental (no fundamentum absolutum inconcussum do me cogitare = me esse), é só porque o homem, que se liberta para si mesmo, pertence necessariamente ao subjectum desta liberdade, é só por isso que o homem pode, e que este mesmo homem tem de se tornar no ente destacado, num subjectum que, na perspectiva do primeiro ente verdadeiro (isto é, certo), tem a primazia entre todos os subjecta. Que na equação fundamental da certeza e, então, no subjectum autêntico seja mencionado o ego, não quer dizer que o homem seja agora determinado de um modo egóico e egoísta. Tal diz apenas isto: ser sujeito torna-se agora a distinção do homem enquanto ser pensante-representador. O eu do homem é posto ao serviço deste subjectum. A certeza que está na base deste é, enquanto tal, certamente subjectiva, isto é, vigorante na essência do subjectum, mas não egoísta. A certeza é vinculativa para cada eu enquanto tal, isto é, enquanto subjectum. Do mesmo modo, tudo aquilo que quer ser comprovado como sendo seguro e, deste modo, como algo que é através da objectivação representadora, é vinculativo para qualquer um. Contudo, a esta objectivação, que, ao mesmo tempo, permanece a decisão [134] sobre aquilo que deve poder valer como objecto, nada se pode furtar. A essência da subjectividade do subjectum, e do homem enquanto sujeito, pertence a desobstrução incondicional do âmbito da objectivação possível, e do direito para a decisão sobre esta.

Esclareceu-se também agora em que sentido o homem, enquanto sujeito, quer ser e tem de ser medida e centro do ente, isto é, agora, medida e centro dos objectos [1].

O homem já não é agora μέτρον no sentido do comedimento do percepcionar ao respectivo círculo do não-estar-encoberto do que-está-presente, face ao qual cada homem está sempre presente. Enquanto subjectum, o homem é a co-agitatio do ego. O homem funda-se a si mesmo como medida para todas as escalas com as quais se mede (se calcula) aquilo que pode valer como certo, isto é, como verdadeiro, como algo que é. A liberdade é nova enquanto liberdade do subjectum. Nas Meditationes de prima philosophia, a libertação do homem para a nova liberdade é trazida ao seu fundamento, ao subjectum. A libertação do homem moderno não só não começa com o ego cogito ergo sum, nem a metafísica de Descartes   é apenas a metafísica posteriormente fornecida para esta liberdade, que, portanto, seria apenas um anexo exterior, no sentido de uma ideologia. Na co-agitatio, o representar reúne tudo o que é objectivo no conjunto do estar-representado. O ego do cogiatare encontra agora a sua essência em estar junto do estar-representado, em assegurar-se dele na con-scientia. Esta é a reunião representadora daquilo que é objectivo com o homem representador, no círculo do estar-representado guardado por ele. Tudo o que-está-presente recebe a partir [135] deste estar-representado o sentido e o tipo do seu estar-em-presença, nomeadamente o da presença [Praesenz] na repraesentatio. A con-scientia do ego, enquanto subjectum da coagitatio, determina o ser do ente enquanto subjectividade do subjectum assim destacado.

As Meditationes de prima philosophia fornecem o modelo para a ontologia do subjectum a partir da visão da subjectividade determinada enquanto conscientia. O homem tornou-se o subjectum. Daí que ele possa determinar e preencher a essência da subjectividade, sempre de acordo com o modo como ele se concebe e quer a si mesmo. O homem enquanto ser racional do tempo do iluminismo não é menos sujeito que o homem que se concebe como nação, que se quer como povo, que se cultiva selectivamente como raça e, finalmente, que se autoriza como senhor do globo terrestre. Em todas estas posições fundamentais da subjectividade é então também possível um tipo diferente da egoidade e do egoísmo, porque o homem permanece determinado constantemente como eu e tu, como nós e vós. O egoísmo subjectivo, no qual, na maioria das vezes sem o saber, o eu é determinado de antemão como sujeito, pode ser derrubado através do alinhamento do egóico ao nós. Através disso, a subjectividade só ganha em poder. No imperialismo planetário do homem organizado tecnicamente, o subjectivismo do homem atinge o seu mais elevado cume, a partir do qual ele se estabelecerá na planície da homogeneidade organizada, e aí se instalará. Esta homogeneidade torna-se o mais seguro instrumento do domínio completo, isto é, do domínio técnico sobre a Terra. A liberdade moderna da subjectividade é completamente absorvida na objectividade que lhe é adequada. O homem não pode abandonar por si próprio este destino [Geschick] da sua essência moderna, nem quebrá-lo por uma sentença soberana [Machtspruch]. Mas o homem pode pensar, pensando antecipadamente, que o ser-sujeito da [136] humanidade nem jamais foi a única possibilidade da essência inicial do homem histórico, nem alguma vez o será.

Uma sombra de nuvem fugaz sobre uma terra encoberta, tal é o obscurecimento que aquela verdade, enquanto certeza da subjectividade, preparada pela certeza de salvação do cristianismo, estende sobre um acontecimento de apropriação [Ereignis] cuja experiência lhe permanece recusada. (p. 131-137)

Brokmeier

Mais comment les choses en viennent-elles à ce que ce ne soit pas sans attirer l’attention sur lui que l’étant se propose comme sujet et qu’à partir de là le subjectif acquière une préséance ? Car jusqu’à Descartes  , et encore chez lui, sujet est la dénomination banale de tout étant comme tel, sub-jectum (ὑπο-κείμενον), ce qui gît là-devant à partir de soi-même et qui en même temps est le fond de ses qualités constantes et de ses états changeants. La prééminence d’un sub-jectum insigne, parce que, d’un point de vue essentiel, inconditionnel (en tant que faisant fond comme fondement), a son origine dans l’exigence, chez l’homme, d’un fundamentum absolutum inconcussum veritatis (d’un fondement reposant en soi et inébranlable de la vérité au sens de la certitude). Pourquoi et comment cette exigence a-t-elle pu acquérir son autorité décisive ? C’est que cette exigence provient de l’émancipation par laquelle l’homme se libère de l’obligation normative de la vérité chrétienne révélée et du dogme de l’Église, en vue d’une législation reposant sur elle-même et pour elle-même. Par cette libération, l’essence de la liberté, c’est-à-dire être maintenu dans les liens d’une obligation, est posée de façon renouvelée. Cependant, comme avec cette liberté, l’homme qui se libère pose lui-même ce qui a pouvoir d’obligation, cet « obligatif » peut désormais être déterminé différemment. L’obligatif peut être la Raison humaine et sa loi, ou bien l’étant, établi et ordonné sur le mode de l’objectivité à partir d’une telle raison, ou bien ce chaos non encore ordonné qui, restant justement à maîtriser par l’objectivation, exige, en une époque, la domestication.

Or, cette libération se libère toujours, sans le savoir, à partir de l’attache à la vérité révélée, dans laquelle le salut de son âme est rendu pour l’homme certain et sûr. L’émancipation qui s’affranchit de la certitude révélée du salut était donc, en elle-même, nécessairement une émancipation vers une certitude dans laquelle l’homme s’assure du vrai en tant que du su de son propre savoir. Cela n’était possible qu’en ce que l’homme se libérant se garantissait à lui-même la certitude de ce qui est susceptible d’être su. Or, cela à son tour ne pouvait se produire que dans la mesure où l’homme décidait, de lui-même et pour lui-même, de ce qu’allait désormais signifier pour lui « être susceptible d’être su » « savoir » et « confirmation (Sicherung) du su », c’est-à-dire « certitude ». La tâche métaphysique de Descartes   devint alors celle-ci : créer à l’émancipation de l’homme vers la liberté comme auto-détermination certaine d’elle-même le fond métaphysique. Ce fond, cependant, devait non seulement être lui-même certain, mais il lui fallait, vu que toute autre norme pouvant découler d’une autre sphère était refusée, être de telle sorte que par lui l’essence de la liberté postulée puisse être posée comme certitude de soi. Or, tout ce qui est certain à partir de soi-même doit, en même temps, confirmer comme certain l’étant pour lequel un tel savoir doit être certain et par lequel tout ce qui est susceptible d’être su doit être garanti. Le fundamentum de cette liberté, ce qui lui fait fond, le subjectum, doit donc être quelque chose de certain, et quelque chose qui soit capable de satisfaire aux exigences susdites. Un subjectum insigne quant à tous ces points de vues devient donc nécessaire. Quel est le certain formant et fournissant ce fond ? L’ego cogito (ergo) sum. Le certain se révèle être une thèse (Satz) qui énonce qu’en même temps (simultanément et durant un temps égal), avec la pensée de l’homme, lui-même est indubitablement présent, c’est-à-dire maintenant : est donné à soi-même, en coprésence avec sa pensée. Penser signifie représenter, rapport représentant au représenté (idea en tant que perceptio).

Représenter signifie ici : à partir de soi, mettre quelque chose en vue devant soi, en s’assurant, en confirmant et en garantissant l’ainsi fixé (von sich her etwas vor sich stellen und das Gestellte als ein solches sicherstellen). Ce garantir, ce confirmer, il faut qu’il soit un calculer, car seule la calculabilité garantit une certitude anticipée et constante du repraesentandum, de ce qui est à représenter. La représentation n’est donc plus entente du présent dans l’ouvert sans retrait où l’entente elle-même prend place en tant que mode propre de présence ouverte sur ce qui se présente sans retrait. Représenter, ce n’est plus « se déclore pour… » ; la représentation est « saisie et conception de… ». Ce n’est plus l’étant présent qui déploie simplement son règne : l’attaque de l’emprise domine. La représentation est maintenant, conformément à la nouvelle liberté, le procédé, procédant de lui-même, de l’investigation dans le secteur de l’assuré, ce secteur restant encore lui-même à assurer. L’étant n’est plus simplement ce qui est présent, mais ce qui, dans la représentation, est posé en face, est opposé, est ob-stant comme objet. La représentation est objectivation investigante et maîtrisante. La représentation rabat tout à l’unité de ce qui est ainsi objectif. La représentation est coagitatio.

Tout rapport à quelque chose, le vouloir, le prendre position, les sensations, est d’emblée un rapport s’effectuant sur le mode de la représentation ; il est cogitans, ce qu’on traduit par « pensant ». Descartes   peut désormais affubler tous les modes de la volunias et de l’affectus, toutes les actiones et passiones du nom tout d’abord déconcertant de cogitatio. Dans l’ego cogito sum, le cogitare est compris en ce sens nouveau et essentiel. Le subjectum, la certitude fondamentale, c’est la simultanéité à toute heure assurée dans la représentation, de l’homme représentant avec l’étant représenté, qu’il soit humain ou non humain, et cela veut dire : avec l’objectif. La certitude fondamentale c’est, représentable et représenté à tout instant, l’indubitable me cogitare = me esse. Voilà l’équation fondamentale de tous les calculs de la représentation s’assurant et se garantissant elle-même. Dans cette certitude fondamentale, l’homme peut être sûr qu’il est – en tant que représentant de toute représentation, et ainsi en tant que dimension de tout être-représenté, donc de toute certitude et vérité – confirmé et assuré, c’est-à-dire désormais qu’il est. Dans la mesure seulement où l’homme est de la sorte nécessairement co-représenté dans la certitude fondamentale (dans le fundamentum absolutum inconcussum du me cogitare = me esse) ; dans la mesure seulement où l’homme, se libérant vers soi-même, fait nécessairement partie du subjectum de cette liberté, dans cette seule mesure l’homme peut et doit devenir lui-même cet étant insigne, ce subjectum qui, par rapport au premier et vraiment (c’est-à-dire certainement) étant, occupe le premier rang parmi tous les autres subjecta. Que dans l’équation fondamentale de la certitude et ensuite dans le subjectum proprement dit, il soit fait mention de l’ego, ne signifie pas que l’homme se détermine désormais selon le mode de l’égoïsme ou de l’égotisme. Cela ne signifie rien de plus que ceci : qu’être sujet est désormais la caractérisation distinctive de l’homme en tant qu’être pensant-représentant. C’est au contraire le je de l’homme qui entre au service de ce nouveau subjectum. La certitude qui est au fond de celui-ci est bien, en tant que telle, subjective, c’est-à-dire s’ordonnant à partir de l’essence du subjectum, mais non pas « égoïste ». Car la certitude fait autorité pour tout je, oblige donc tout je comme tel (c’est-à-dire comme subjectum). De même, tout ce qui veut être arrêté et fixé, par l’objectivation représentante, comme assuré et garanti et par là comme étant, est normatif pour tout le monde. Or, cette objectivation, qui décide en même temps de ce qui vaudra comme objet, rien ne peut s’y soustraire. De l’essence de la subjectivité du subjectum et de l’homme comme sujet fait partie l’illimitation inconditionnée de la région d’une objectivation possible et du droit d’en décider.

Il s’est éclairci à présent aussi en quel sens l’homme en tant que sujet veut être et doit être mesure et milieu de l’étant, c’est-à-dire, maintenant, des objets. L’homme n’est désormais plus μέτρον au sens de la mesure qui limite l’entente à l’orbe, chaque fois, de ce qui entre dans l’ouvert sans retrait – orbe où l’homme lui même à son tour entre en présence. En tant que subjectum, l’homme est la co-agitatio de l’ego. L’homme se fonde lui-même comme le Mètre de toutes les échelles auxquelles on mesure (c’est-à-dire auxquelles on peut faire le compte de) ce qui peut passer pour certain, c’est-à-dire pour vrai, c’est-à-dire pour étant. La liberté est nouvelle en tant que liberté du subjectum. Dans les Meditationes de prima philosophia, la libération de l’homme vers une nouvelle liberté est ramenée au fondement requis, au subjectum. Or, la libération de l’homme moderne ne commence pas seulement avec le cogito ergo sum ; la métaphysique de Descartes  , d’autre part, n’est pas plus la « métaphysique » ajoutée après coup et extérieurement à cette liberté, à la façon d’une idéologie. C’est dans la co-agitatio elle-même que la représentation rassemble tout ce qui peut être objet dans la simultanéité constitutive de l’être représenté. L’ego du cogitare trouvera désormais son essence dans la simultanéité – se cautionnant elle-même – de l’être-représenté, dans la con-scienta. Cette dernière est la constitution représentante qui réunit l’objectif et l’homme représentant dans la dimension de l’être-représenté que l’homme lui-même prend en garde. Tout présent reçoit à partir d’elle le sens et le genre de sa présence, à savoir le sens et le genre de la présence dans la représentation. La con-scienta de l’ego en tant que subjectum de la coagitatio détermine, en tant que subjectivité4 du subjectum ainsi distingué, l’être de l’étant.

Les Meditationes de prima philosophia jettent le plan de l’ontologie du subjectum à partir de la subjectivité déterminée comme conscientia. L’homme est devenu le subjectum. C’est pourquoi il peut, selon les manières dont il se comprend lui-même et se veut comme tel, déterminer et accomplir l’essence de la subjectivité. L’homme comme être raisonnable de l’époque des lumières n’est pas moins sujet que l’homme qui se comprend comme nation, se veut comme peuple, se cultive comme race et se donne finalement les pleins pouvoirs pour devenir le maître de l’orbe terrestre. Étant donné que l’homme continue, dans toutes ces positions fondamentales de la subjectivité, à être déterminé en tant que je et tu, nous et vous, différentes manières de l’égoïté et de l’égoïsme sont toujours possibles. L’égoïsme subjectif, pour lequel, en général à son insu, le je est d’abord défini comme sujet, peut être réprimé par l’embrigadement dans le Nous. Par là, la subjectivité ne fait qu’accroître sa puissance. Dans l’impérialisme planétaire de l’homme organisé techniquement, le subjectivisme de l’homme atteint son point culminant, à partir duquel il entrera dans le nivellement de l’uniformité organisée pour s’y installer à demeure ; car cette uniformité est l’instrument le plus sûr de l’empire complet, parce que technique, sur la terre. La liberté moderne de la subjectivité se fond complètement dans l’objectivité lui correspondant. L’homme ne saurait quitter ce destin de l’essence moderne, ou bien le suspendre par une sentence souveraine. Mais l’homme peut, en une méditation préparatoire, penser que l’être-sujet de l’homme n’a jamais été, ni ne sera jamais, l’unique possibilité de futurition pour l’homme historial. Une nuée fugitive sur une terre voilée : tel est l’assombrissement que la vérité préparée par la certitude chrétienne du salut répand, comme certitude de la subjectivité, sur un avènement (Ereignis) qu’il n’est pas accordé à cette dernière d’apprendre. (p. 138-145)

Original

Wie kommt es überhaupt dahin, daß sich das Seiende in betonter Weise als Subjectum auslegt und demzufolge das Subjektive zu einer Herrschaft gelangt? Denn bis zu Descartes   und noch innerhalb seiner Metaphysik ist das Seiende, sofern es ein Seiendes ist, ein sub-jectum (ύπο-κείμενον), ein von sich her Vorliegendes, das als solches zugleich seinen beständigen Eigenschaften und wechselnden Zuständen zu Grunde liegt. Der Vorrang eines ausgezeichneten, weil in wesentlicher Hinsicht unbedingten Sub-jectum (als Grund Zugrundeliegenden) entspringt aus dem Anspruch des Menschen auf ein fundamentum absolutum inconcussum veritatis (auf einen in sich ruhenden, unerschütterlichen Grund der Wahrheit im Sinne [107] der Gewißheit). Weshalb und wie bringt sich dieser Anspruch zu seiner entscheidenden Geltung? Der Anspruch entspringt aus jener Befreiung des Menschen, in der er sich aus der Verbindlichkeit der christlichen Offenbarungswahrheit und der kirchlichen Lehre zu der sich auf sich selbst stellenden Gesetzgebung für sich selbst befreit. Durch diese Befreiung wird das Wesen der Freiheit, d. h. der Bindung in ein Verbindliches, neu gesetzt. Weil aber gemäß dieser Freiheit der sich befreiende Mensch selbst das Verbindliche setzt, kann dieses fortan verschieden bestimmt werden. Das Verbindliche kann die Men-schenvemunft und ihr Gesetz sein oder das aus solcher Vernunft eingerichtete und gegenständlich geordnete Seiende oder jenes noch nicht geordnete, durch die Vergegenständlichung erst zu meisternde Chaos, das in einem Zeitalter die Bewältigung fordert.

Diese Befreiung befreit sich jedoch, ohne es zu wissen, immer noch aus der Bindung durch die Offenbarungswahrheit, in der dem Menschen das Heil seiner Seele gewiß gemacht und gesichert wird. Die Befreiung aus der offenbarungsmäßigen Heilsgewißheit mußte daher in sich eine Befreiung zu einer Gewißheit sein, in der sich der Mensch das Wahre als das Gewußte seines eigenen Wissens sichert. Das war nur so möglich, daß der sich befreiende Mensch die Gewißheit des Wißbaren selbst verbürgte. Solches konnte jedoch nur geschehen, insofern der Mensch von sich aus und für sich entschied, was für ihn wißbar sein und was Wissen und Sicherung des Gewußten, d. h. Gewißheit, bedeuten soll. Die metaphysische Aufgabe Descartes  ’ wurde diese: der Befreiung des Menschen zu der Freiheit als der iihrer selbst gewissen Selbstbestimmung den metaphysischen Grund zu schaffen. Dieser Grund mußte aber nicht nur selbst ein gewisser sein, sondern er mußte, weil jede Maßgabe aus anderen Bezirken verwehrt war, zugleich solcher Art sein, daß durch ihn das Wesen der beanspruchten Freiheit als Selbstgewißheit gesetzt wurde. Alles aus sich selbst Gewisse muß jedoch zugleich jenes Seiende als gewiß mitsichem, für [108] das solches Wissen gewiß und durch das alles Wißbare gesichert sein soll. Das fundamentum, der Grund dieser Freiheit, das ihr zum Grunde Liegende, das Subjectum muß ein Gewisses sein, das den genannten Wesensforderungen genügt. Ein nach allen diesen Hinsichten ausgezeichnetes Subjectum wird notwendig. Welches ist dieses den Grund bildende und den Grund gebende Gewisse? Das ego cogito (ergo) sum. Das Gewisse ist ein Satz, der aussagt, daß gleichzeitig (zugleich und gleich dauernd) mit dem Denken des Menschen er selbst un-bez weif eibar mit anwesend, d. h. jetzt: sich mitgegeben sei. Denken ist vor-stellen, vorstellender Bezug zum Vorgestellten (idea als perceptio).

Vorstellen meint hier: von sich her etwas vor sich stellen und das Gestellte als ein solches sicherstellen. Dieses Sicherstellen muß ein Berechnen sein, weil nur die Berechenbarkeit gewährleistet, im voraus und ständig des Vorzustellenden gewiß zu sein. Das Vorstellen ist nicht mehr das Vernehmen des Anwesenden, in dessen Unverborgenheit das Vernehmen selbst gehört und zwar als eine eigene Art von Anwesen zum unverborgenen Anwesenden. Das Vorstellen ist nicht mehr das Sich—entbergen für..sondern das Ergreifen und Begreifen von… Nicht das Anwesende waltet, sondern der Angriff herrscht. Das Vorstellen ist jetzt gemäß der neuen Freiheit ein von sich aus Vorgehen in den erst zu sichernden Bezirk des Gesicherten. Das Seiende ist nicht mehr das Anwesende, sondern das im Vorstellen erst entgegen Gestellte, Gegen-ständige. Vor-stellen ist vor-gehende, meisternde Ver-gegen-ständlichung. Das Vorstellen treibt so alles in die Einheit des so Gegenständigen zusammen. Das Vorstellen ist coagitatio.

Jedes Verhältnis zu etwas, das Wollen, das Stellungnehmen, das Empfinden, ist im vorhinein vorstellend, ist cogitans, was man mit »denkend« übersetzt. Deshalb kann Descartes   alle Weisen der voluntas und des affectus, alle actiones und passiones mit dem zunächst befremdlichen Namen cogitatio belegen. Im ego cogito sum ist das cogitare in diesem wesentlichen [109] und neuen Sinne verstanden. Das Subjectum, die Grundgewißheit, ist das jederzeit gesicherte Mitvorgestelltsein des vorstellenden Menschen mit dem vorgestellten menschlichen oder nichtmenschlichen Seienden, d. h. Gegenständlichen. Die Grundgewißheit ist das unbezweifelbar jederzeit vorstellbare und vorgestellte me cogitare = me esse. Das ist die Grundgleichung alles Rechnens des sich selbst sichernden Vorstellens. In dieser Grundgewißheit ist der Mensch dessen sicher, daß er als der Vor-stellende alles Vor-stellens und damit als der Bereich aller Vorgestelltheit und somit jeder Gewißheit und Wahrheit sichergestellt ist, d. h. jetzt: ist. Erst deshalb, weil der Mensch in dieser Weise in der Grundgewißheit (im fundamentum absolutum inconcussum des me cogitare = me esse) notwendig mitvorgestellt ist, nur weil der sicih zu sicih selbst befreiende Mensch notwendig in das Subjectum dieser Freiheit gehört, einzig deshalb kann der Mensch und muß dieser Mensch selbst zum ausgezeichneten Seienden werden, zu einem Subjectum, das im Hinblick auf das erste wahrhaft (d. h. gewiß) Seiende unter allen Subjecta den Vorrang hat. Daß in der Grundgleichung der Gewißheit und dann im eigentlichen Subjectum das ego genannt ist, besagt nicht, der Mensch sei jetzt ichhaft und egoistisch bestimmt. Es sagt nur dies: Subjekt zu sein, wird jetzt die Auszeichnung des Menschen als des denkend-vorstel-lenden Wesens. Das Ich des Menschen wird in den Dienst dieses Subjectum gestellt. Die in diesem zugrundeliegende Gewißheit ist als solche zwar subjektiv, d. h. im Wesen des Subjectum waltend, aber nicht egoistisch. Die Gewißheit ist für jedes Ich als solches, d. h. als Subjectum, verbindlich. Insglei-chen ist all das, was durch die vorstellende Vergegenständli-chung als gesichert und somit als seiend festgestellt werden will, für jedermann verbindlich. Dieser Vergegenständlichung aber, die zugleich der Entscheid darüber bleibt, was als Gegenstand soll gelten dürfen, kann sich nichts entziehen. Zum Wesen der Subjektivität des Subjectum und des Menschen als Subjekt gehört die unbedingte Entschränkung des Bereiches [110] möglicher Vergegenständlichung und des Rechtes zur Entscheidung über diese.

Jetzt hat sich auch geklärt, in welchem Sinne der Mensch als Subjekt Maß und Mitte des Seienden, d. h. jetzt der Objekte, Gegenstände, sein will und sein muß. Der Mensch ist jetzt nicht mehr μέτρον im Sinne der Mäßigung des Vernehmens auf den jeweiligen Umkreis der Unverborgenheit des Anwesenden, zu dem jeder Mensch jeweils anwest. Als Subjectum ist der Mensch die co-agitatio des ego. Der Mensch begründet sich selbst als die Maßgabe für alle Maßstäbe, mit denen ab-und ausgemessen (verrechnet) wird, was als gewiß, d. h. als wahr und d. h. als seiend gelten kann. Die Freiheit ist neu als die Freiheit des Subjectum. In den Meditationes de prima philosophia wird die Befreiung des Menschen zur neuen Freiheit auf ihren Grund, das Subjectum, gebracht. Die Befreiung des neuzeitlichen Menschen beginnt weder erst mit dem ego cogito ergo sum, noch ist die Metaphysik des Descartes   lediglich die zu dieser Freiheit nachgelieferte und daher äußerlich angebaute Metaphysik im Sinne einer Ideologie. In der co-agitatio versammelt das Vorstellen alles Gegenständliche in das Zusammen der Vorgestelltheit. Das ego des cogitare findet jetzt im sich sichernden Beisammen der Vorgestelltheit, in der con-scientia, ihr Wesen. Diese ist die vorstellende Zusammenstellung des Gegenständigen mit dem vorstellenden Menschen im Umkreis der von diesem verwahrten Vorgestelltheit. Alles Anwesende empfängt aus ihr Sinn und Art seiner Anwesenheit, nämlich den der Praesenz in der repraesentatio. Die con-scien-tia des ego als des Subjectum der coagitatio bestimmt als die Subjektivität des so ausgezeichneten Subjectum das Sein des Seienden.

Die Meditationes de prima philosophia geben die Vorzeichnung für die Ontologie des Subjectum aus dem Hinblick auf die als conscientia bestimmte Subjektivität. Der Mensch ist das Subjectum geworden. Deshalb kann er, je nach dem er sich selbst begreift und will, das Wesen der Subjektivität [111] bestimmen und erfüllen. Der Mensch als Vemunftwesen der Aufklärungszeit ist nicht weniger Subjekt als der Mensch, der sich als Nation begreift, als Volk will, als Rasse sich züchtet und schließlich zum Herrn des Erdkreises sich ermächtigt. In all diesen Grundstellungen der Subjektivität ist nun auch, weil der Mensch stets als ich und du, als wir und ihr bestimmt bleibt, eine verschiedene Art der Ichheit und des Egoismus möglich. Der subjektive Egoismus, für den, meist ohne sein Wissen, das Ich zuvor als Subjekt bestimmt ist, kann niedergeschlagen werden durch die Einreihung des lebhaften in das Wir. Dadurch gewinnt die Subjektivität nur an Macht. Im planetarischen Imperialismus des technisch organisierten Menschen erreicht der Subjektivismus des Menschen seine höchste Spitze, von der er sich in die Ebene der organisierten [112] Gleichförmigkeit niederlassen und dort sich einrichten wird. Diese Gleichförmigkeit wird das sicherste Instrument der vollständigen, nämlich technischen Herrschaft über die Erde. Die neuzeitliche Freiheit der Subjektivität geht vollständig in der ihr gemäßen Objektivität auf. Der Mensch kann dieses Geschick seines neuzeitlichen Wesens nicht von sich aus verlassen oder durch einen Machtspruch abbrechen. Aber der Mensch kann vordenkend bedenken, daß das Subjektsein des Menschentums weder die einzige Möglichkeit des anfangenden Wesens des geschichtlichen Menschen je gewesen, noch je sein wird. Ein flüchtiger Wolkenschatten über einem verborgenen Land, das ist die Verdüsterung, die jene von der Heilsgewißheit des Christentums vorbereitete Wahrheit als die Gewißheit der Subjektivität über ein Ereignis legt, das zu erfahren ihr verweigert bleibt. (p. 106-112)


Ver online : CAMINHOS DE FLORESTA


[1N.T. No original alemão, Heidegger repete duas palavras, Objekte e Gegenstände, a primeira de origem latina (Ob-jekt, o que está lançado diante de nós) e a segunda de origem germânica (Gegen-stand, o que está contra nós) que só podem ser traduzidas por objectos.