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GA27:13-15 – filosofia é uma ciência absoluta?
sexta-feira 19 de junho de 2020
Casanova
A ciência é um dos poderes que determinam o que podemos em certa medida chamar a atmosfera da universidade. No entanto, ciências não são uma acumulação ou um amontoamento de saber que é ensinado e aprendido de maneira técnico-disciplinar. Ao contrário, pertence primariamente ao conceito de ciência que ela seja investigação. A ciência só existe em meio à paixão do perguntar, em meio ao entusiasmo do descobrir, em meio à inexorabilidade da prestação de contas crítica, da demonstração e da fundamentação.
Não é apenas uma peculiaridade extrínseca da universidade alemã, mas constitui seu primado interno e a fonte de energia de sua existência histórica o fato de ela não ser nenhuma escola especializada. Ao contrário, mesmo o necessário saber especializado é adaptado em seu transcurso por meio do trabalho investigativo, direcionando-se de modo mais ou menos sério e penetrante ao trato dos problemas, nos quais a ciência efetivamente se encontra.
Visto que a ciência determina dessa maneira a universidade e visto que a filosofia é ensinada como uma matéria entre outras, perguntamos pela relação da filosofia com as ciências. Ela é uma disciplina entre outras ou será que ela se distingue pelo fato de ser a ciência universal? Ou será, ainda, que ela não é de maneira [16] alguma apenas a ciência que colige todas as demais, mas aquela que até mesmo as fundamenta, a ciência fundamental?
Todas essas questões se movimentam sobre o solo da pressuposição geral de que a filosofia é em todos os casos uma ciência. De fato, é uma característica da filosofia moderna desde Descartes que ela, em investidas sempre novas, tente se elevar à categoria de uma ciência, aliás, à categoria da ciência absoluta. Precisamos deixar de lado as perguntas específicas sobre como a filosofia se relaciona com as demais ciências e responder inicialmente ao seguinte: afinal, a filosofia é uma ciência? Faz sentido falar de uma filosofia científica e querer fundamentar a filosofia como “ciência, rigorosa”?
Quanto à pergunta sobre se a filosofia é uma ciência, precisamos dizer de antemão: não, a filosofia não é nenhuma ciência. Será que a filosofia é então, por natureza, não-científica, será que ela não pertence à universidade, será afinal que têm razão aqueles que, seguindo Schopenhauer e Nietzsche , tomam a “filosofia universitária” por um construto extremamente questionável? Sim e não. Será que o empenho da filosofia moderna desde Descartes , passando por Kant e Hegel , e chegando até Husserl , o empenho por elevar a filosofia à categoria de ciência não é apenas vão, mas fundamentalmente equivocado em seu intuito? Sim e não. Será que o título “filosofia científica” é afinal tão absurdo quanto o conceito “ferro lígneo”? Sim e não. Com a tese de que a “filosofia não é nenhuma ciência” também não se está negando e contestando justamente o esforço que a fenomenologia vem fazendo há décadas para fundamentar a “filosofia como ciência rigorosa” (é esse o título de um conhecido ensaio de Husserl , publicado na revista Logos I, 1910)? Sim e não.
Portanto, a nossa tese de que a “filosofia não é nenhuma ciência” permanece inicialmente ambígua, e isso precisa ser assim, uma vez que ela só se enuncia por meio de uma negativa e diz apenas de modo genérico o que a filosofia não é. Do fato de a filosofia não ser ciência talvez não resulte absolutamente que ela precise ser ou mesmo apenas possa ser “não-científica”. [GA27MAC:15-16]
Original
Die Wissenschaft ist die eine von den Mächten, die das bestimmen, was wir gewissermaßen die Atmosphäre der Universität nennen können. Wissenschaften sind aber nicht eine Ansammlung von Wissen, das fachlich-technisch gelehrt und gelernt yhrd, sondern zum Begriff der Wissenschaft gehört primär, daß sie Forschung ist. Wissenschaft existiert nur in der Leidenschaft des Fragens, im Enthusiasmus des Entdeckens, in der Unerbittlichkeit des kritischen Rechenschaftsablegens, der Ausweisung und Begründung.
Es ist nicht nur eine äußere Eigentümlichkeit der deutschen Universität, sondern ihr innerer Vorzug und die Kraftquelle ihres geschichtlichen Daseins, daß sie keine Fachschule ist, sondern daß auch das benötigte Fachwissen im Durchgang durch die forschende Arbeit angeeignet wird, im mehr oder minder ernsthaften und eindringenden Mitgehen mit den Problemen, in denen die Wissenschaft gerade steht.
Weil die Wissenschaft in dieser Weise die Universität bestimmt und die Philosophie wie ein Fach unter anderen gelehrt wird, fragen wir nach dem Verhältnis der Philosophie zu den Wissenschaften. Ist sie ein Fach unter den anderen, oder ist sie dadurch ausgezeichnet, daß sie die Allgemeinwissenschaft ist? Oder ist sie gar nicht nur die Wissenschaft, die die übrigen zusammenfaßt, sondern diejenige, die sie sogar begründet, die Grund-wissenschaft?
All diese Fragen bewegen sich auf dem Boden der allgemeinen Voraussetzung, daß Philosophie in jedem Fall eine Wissenschaft sei. In der Tat ist es ein Charakteristikum der neuzeitlichen Philosophie seit Descartes , daß sie in immer neuen Anläufen versucht, sich zum Range einer Wissenschaft, ja zu der absoluten Wissenschaft zu erheben. Von den besonderen Fragen, wie Philosophie zu den übrigen Wissenschaften sich verhalte, müssen wir absehen und zunächst die Frage entscheiden: Ist Philosophie überhaupt eine Wissenschaft? Hat es einen Sinn, von wissenschaftlicher Philosophie zu sprechen, Philosophie »als strenge Wissenschaft« begründen zu wollen?
Auf die Frage, ob die Philosophie eine Wissenschaft sei, ist vorwegnehmend zu sagen: Nein, Philosophie ist keine Wissen Schaft. Ist also Philosophie von Hause aus unwissenschaftlich, gehört sie nicht in die Universität, also haben diejenigen recht, die in Nachahmung von Schopenhauer und Nietzsche die söge nannte »Universitätsphilosophie« für ein höchst fragwürdiges Gebilde halten? Ja und nein. Ist dann die Bemühung der neuzeitlichen Philosophie von Descartes über Kant und Hegel bis zu Husserl , die Philosophie zum Range einer Wissenschaft zu erheben, nicht nur vergeblich, sondern von Grund aus in ihrer Absicht irrig? Ja und nein. Ist denn der Titel »wissenschaftliche Philosophie« so widersinnig wie der Begriff »hölzernes Eisen«? Ja und nein. Wird durch die These >Philosophie ist keine Wis senschaft< nicht gerade auch die Anstrengung geleugnet und verleugnet, die die Phänomenologie seit Jahrzehnten macht, um die »Philosophie als strenge Wissenschaft« — so lautet der Titel eines bekannten Aufsatzes von Husserl im »Logos« I, 1910 — zu begründen? Ja und nein.
Unsere These: >Philosophie ist keine Wissenschaft bleibt also zunächst zweideutig und muß es sein, solange sie sich nur negativ ausspricht und nur allgemein sagt, was Philosophie nicht ist Vielleicht folgt daraus, daß Philosophie nicht Wissenschaft ist, keineswegs, daß sie »un-wissenschaftlich« sein müßte oder auch nur dürfte. [GA27 :13-15]
Ver online : INTRODUÇÃO À FILOSOFIA