GA60:159-160 – Agostinho

A teologia medieval baseia-se em Agostinho  . A recepção de Aristóteles na Idade Média só se estabeleceu — se é que se estabeleceu — em um confronto radical com as orientações de pensamento agostinianas. O misticismo medieval constitui um revigoramento do pensamento teológico e do exercício prático-eclesiástico da religião que remonta essencialmente aos motivos agostinianos. Nos anos decisivos de seu amadurecimento, Lutero   foi fortemente influenciado por Agostinho  . Dentro do protestantismo, Agostinho   continuou sendo o pai da Igreja tido na mais alta estima.

Na Igreja Católica, houve um renascimento agostiniano, especialmente na França do século XVII (Descartes  , Malebranche, Pascal  , Jansenismo, Bossuet, Fénélon), e desde então a presença de Agostinho   permaneceu particularmente viva até a moderna apologética católica francesa, que ao mesmo tempo assimilou as ideias bergsonianas (de origem plotiniana). Embora nesse caso não seja o próprio Agostinho   que seja influente, mas um agostinismo já adaptado à doutrina da Igreja, que apenas no ontologismo rompe ligeiramente os limites dogmáticos. (O que Scheler   faz hoje é apenas uma abordagem secundária dessa corrente de pensamento, adornada com fenomenologia).

O agostinismo tem um duplo significado: do ponto de vista filosófico, é um platonismo tingido de cores cristãs em oposição a Aristóteles; do ponto de vista teológico, é uma certa concepção da doutrina do pecado e da graça (liberdade da vontade e predestinação).

No século XIX, com o despertar da ciência crítica da história, ou seja, com o desenvolvimento tanto de uma história autêntica das Igrejas e dos dogmas quanto de uma história cristã da filosofia e da literatura, Agostinho   passou a ser considerado de forma diferente. Traçaremos aqui um breve esboço das três concepções e avaliações mais notáveis extraídas das pesquisas das últimas décadas, em relação às quais o caminho que desenvolveremos se destaca e é essencialmente delimitado.