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Caron (2005:775-776) – o Aí
segunda-feira 12 de agosto de 2019
Nossa tradução
Dasein não quer dizer o fato para o homem de se encontrar aí, é rigorosamente impossível traduzir Dasein por ser-aí, o que remeteria à existência do Vorhanden (subsistente). O Da do Dasein não significa, rigorosamente, o aqui, mas o lá. Ele é a transcendência espacial do si que faz do si um ser do longe não podendo retornar a sua situação senão porque está por toda parte e todo tempo exposto ao lugar nenhum do ser, cada ente só aparecendo sobre o fundo de ser, de "noite aprovadora" diria Mallarmé, ou reveladora; este ser do longe só pode retornar a sua presente situação porque já tem uma apercepção transcendental do espaço puro, e só é aquele que é pela habitação nesta espacializante im-ensidade. Não é senão porque o Dasein já está sempre no exterior que pode fazer retorno em direção a uma situação, porque ele já está em todo ponto do espaço que ele pode retornar a um ponto "preciso" deste e delinear diferentes espaços de jogo, porque ele é o dis-tanciamento [Ent-fernung] de um Da que ele pode ter relação à proximidade. Assim Dasein não é ser-aí, mas ser-o-aí: a essência do homem é esta abertura compreendida no Aí prévio, esta amplitude primeira, esta dilatação fundamental própria ao espírito enquanto ele é sempre alhures e sempre mais que o cantinho ocupado pontualmente pelo indivíduo. O si mesmo não se consideraria como este mim mesmo aqui, não teria relação a qualquer hic et nunc se jamais não fosse no mais profundo de sua ipseidade uma espacialidade fundamental idêntica em sua processualidade com a temporalidade, um espaço de jogo no interior do qual todo ente pode ser acolhido enquanto ente.
Original
Le Dasein ne veut pas dire le fait pour l’homme de se trouver là [1] car le Da du Dasein ne signifie pas, en toute rigueur, l’ici, mais le là-bas. Il est la transcendance spatiale du soi qui fait du soi un être du lointain ne pouvant revenir sur sa situation que parce qu’il est partout et de tout temps exposé au nulle part de l’être, chaque étant n’apparaissant que sur fond d’être, de « nuit approbatrice » dirait Mallarmé, ou révélatrice ; cet être du lointain ne peut revenir sur sa présente situation que parce qu’il a déjà une aperception transcendantale de l’espace pur, et n’est celui qu’il est que par l’habitation en cette spatialisante im-mensité. Ce n’est que parce que le Dasein est toujours déjà à l’extérieur qu’il peut faire retour vers une situation, parce qu’il est déjà en tout point de l’espace qu’il peut revenir à un point précis de celui-ci et dessiner différents espaces de jeu, parce qu’il est l’é-loignement d’un Da qu’il peut avoir relation à la proximité. Ainsi le Dasein n’est-il pas l’être-là, mais l’être-le-là [2] : l’essence de l’homme est cette ouverture comprise dans le Lài préalable, cette amplitude première, cette dilatation fondamentale propre à l’esprit en tant qu’il est toujours ailleurs et toujours plus que l’endroit occupé ponctuellement par l’individu. Le soi ne se saurait pas comme ce moi-ci, n’aurait rapport à aucun hic et nunc si jamais il n’était pas au plus profond de son ipséité une spatialité fondamentale identique en sa processualité avec la temporalité, un espace de jeu à l’intérieur duquel tout étant peut être accueilli en tant qu’étant.
[Excerto de CARON , Maxence. Heidegger. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005, p. 775-776]
CARON , Maxence. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005.
Ver online : Maxence Caron
[1] Il est rigoureusement impossible de traduire Dasein par être-là, ce qui renverrait à l’existence du Vorhanden.
[2] Cf. « Lettre à Jean Beaufret », in Q III et IV, p. 130.