Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

Página inicial > Fenomenologia > van Hooff (2002:xv) – a ideia de matar-a-si

van Hooff (2002:xv) – a ideia de matar-a-si

sábado 4 de janeiro de 2020

Extrato traduzido da VAN HOOFF, Anton. From Autothanasia to Suicide - Self-killing in Classical Antiquity. London: Routledge, 2002, p. xv.

nossa tradução

[…] o desenvolvimento da ideia de matar-a-si como um ato de assassinato não pode ser rastreado de volta a nenhuma realidade - demográfica -. Nesse sentido, os fenômenos não são a ’subestrutura’ determinante. O tabu cristão sobre o auto-assassinato, que obtém sua formulação clássica de Santo Agostinho  , surge apenas na antiguidade tardia. O conceito de suicídio, que deveria ter um impacto tão formidável na mentalidade quanto na realidade na Europa   cristã, é um exemplo de uma ideia que desce do alto nível dos discursos até as camadas da mentalidade e da realidade.

Antes de adquirir o status de uma ideologia, o matar-a-si na antiguidade encontrava atitudes muito diversas. No início, o conceito grego era ’assassino do seu próprio’, ou seja, assassino de seu próprio povo (família, clã). Num sentido estrito, um authentes pode se tornar o assassino de dele mesmo (autothanatos). À parte os extremos de completa indiferença e respeito sincero, sempre existiram horror, dúvida e condenação. A desaprovação só ganha vantagem na antiguidade tardia, quando a ideia de auto-assassinato toma forma. A ideia de suicídio se origina 1250 anos antes de a palavra surgir.

Original

[…] the development of the idea   of self-killing as an act of murder cannot be traced back to any—demographic—reality. In this sense phenomena are not   the all-determining ‘substructure’. The Christian taboo on self-murder, which gets its classical formulation by St Augustine, emerges only in late antiquity. The concept of suicidium, which was to have such a formidable impact on mentality as well as reality in Christian Europe, is an instance of an idea which descends from the high level of the discours to the layers of mentality and reality.

Before acquiring the status of an ideology, self-killing in antiquity met with very diverse attitudes. At first the Greek concept was ‘killer of his own’, i.e. killer of his own people (family, clan). In a narrow sense an authentes could become the killer of himself (autothanatos). Apart from the extremes of complete indifference and outspoken respect there always existed horror, doubt and condemnation. Disapproval gets the upper hand   only in late antiquity when the idea of self-murder takes shape The idea of suicidium originates 1250 years before the word comes into being.


Ver online : From Autothanasia to Suicide - Self-killing in Classical Antiquity.