Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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ciência moderna

quarta-feira 13 de dezembro de 2023

neuzeitlichen Wissenschaft  

Em que consiste a essência da CIÊNCIA MODERNA?

Que concepção do ente e da verdade fundamentam esta essência? Se conseguirmos alcançar o fundamento metafísico que fundamenta a ciência como CIÊNCIA MODERNA, também será possível reconhecer a partir dele a essência da era moderna (v. Idade Moderna) em geral. Na atualidade, quando empregamos a palavra “ciência”, esta significa algo tão essencialmente diferente da doutrina e da scientia da Idade Média como da epistéme   (v. episteme) grega. [DZW  ]


Com as três referidas caracterizações da CIÊNCIA MODERNA — ciência de fatos, ser experimental (v. experiência) e ciência que mede (v. cálculos) – não encontramos o traço fundamental da nova posição do saber. O traço fundamental deve residir naquilo que, fornecendo-lhe a medida, determina completamente, de um modo igualmente originário, o movimento-de-fundo da ciência enquanto tal: trata-se da relação-de-trabalho com as coisas e do projeto metafísico da coisalidade da coisa. De que modo devemos conceber este traço fundamental?

Atribuímos um nome ao caráter-de-fundo, que procuramos, da moderna atitude do saber, ao dizermos que a nova pretensão do saber é matemática. É de Kant   a seguinte afirmação, muitas vezes citada, mas menos vezes compreendida: «Mas eu digo que, em cada teoria particular acerca da natureza, só se pode encontrar uma autêntica ciência, na medida em que se encontrar nela a matemática.» (Prefácio a Primeiros princípios metafísicos da ciência da natureza). [GA41  ]


O caráter distintivo do conhecimento moderno reside na elaboração decisiva de um traço, escondido na essência do saber grego, e de que o grego carece para vir a ser um outro saber.

[41] Quem hoje em dia se aventura, questionando, refletindo e assim já agindo, em corresponder à profundeza de curso do abalo do mundo que sofremos a cada hora, não deve, apenas, levar em conta o domínio do mundo de hoje pela vontade de conhecer, próprio da CIÊNCIA MODERNA. Deve, também e sobretudo, pensar que qualquer meditação sobre o sentido do que hoje é e está sendo só poderá surgir e prosperar num diálogo de pensamento com os pensadores gregos e sua linguagem, capaz de lançar suas raízes no solo de nossa Pre-sença histórica. É um diálogo que ainda está esperando para começar. Trata-se de um diálogo que mal se acha preparado mas que, para nós, se torna uma condição prévia do diálogo inevitável com o mundo do Extremo Oriente.

O diálogo com os pensadores gregos, que também inclui os poetas, não significa, contudo, uma nova renascença da Antiguidade. Também não visa uma curiosidade historiográfica do que já passou e que ainda poderia servir para nos esclarecer alguns traços do mundo moderno, em seu nascimento histórico.

O pensamento e a poesia na aurora da Antiguidade grega atuam ainda hoje e são atuais a ponto de sua essência, encoberta para os próprios gregos, vir e estar por vir, em toda parte, ao nosso encontro. E está por vir sobretudo onde menos esperamos, a saber, no domínio da técnica moderna, tão estranha para a Antiguidade não obstante nela encontre a proveniência de sua essência.

Para percebermos a atualidade da história, temos de nos desvencilhar da representação historiográfica da história, sempre na moda. A representação historiográfica toma a história como um objeto em que algo se passa e ao mesmo tempo vai desaparecendo em sua transitoriedade.

O que cedo se pensou, o que cedo se destinou atua e se faz atual na frase "a ciência é a teoria do real". [GA7  ]