Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Sloterdijk (CRC:371-372) – responsabilidade por nosso corpo

terça-feira 20 de outubro de 2020

Tradução do inglês

[…] apenas a incorporação consciente de nossa fragilidade, nosso estar doente, nossa mortalidade, pode ajudar contra a medicina dividindo a responsabilidade por nossa própria existência corporal. Nem preciso dizer o quanto isso é difícil, pois o medo, quando se torna grande, nos torna ainda mais inclinados a reprimir nossa responsabilidade pela vida e a morte do nosso próprio corpo ou a delegá-la aos médicos, sem levar em consideração que mesmo o mais perfeito remédio de conservação, no final das contas, nos devolve toda a responsabilidade e a dor insuportável em nosso momento mais desamparado. Aqueles que reconhecem que o círculo de alienação e fuga deve sempre finalmente se fechar na própria morte, também devem estar cientes de que seria melhor reverter em direção à vida do que à sedação, em direção ao risco em vez da segurança, em direção à incorporação em vez da separação. [Excerto traduzido de SLOTERDIJK  , Peter. Critique of Cynical Reason. Tr. Michael Eldred. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2001, p. 275]

Casanova et alii

[…] a medicina pode produzir uma cisão da responsabilidade pela nossa existência singular. Nesse caso, em última instância a única coisa que protege dessa cisão é a encarnação consciente de nossa fragilidade corporal, de nosso ser doente, de nossa mortalidade. Não preciso dizer aqui como isso é difícil, pois o medo, quando se torna grande demais, faz todos nós nos vermos por demais inclinados a reprimir nossa livre responsabilidade pela vida e pela morte do próprio corpo ou a procurar os médicos — isso sem levar em conta que até mesmo a mais perfeita medicina de conservação, de qualquer modo, acaba por nos devolver a nós mesmos toda responsabilidade e a dor indivisível em nosso instante mais desesperançado. Quem reconhece como o círculo da alienação e da maldição sempre precisa se fechar por fim na própria morte precisa ter clareza quanto ao fato de que o círculo se completaria melhor na outra direção, na direção da vida ao invés de na direção da anestesia, na direção do risco ao invés de na direção do asseguramento, na direção da encarnação mais do que na da divisão. [p. 371-372]

Eldred

[…] only the conscious embodying of our fragility, our being sick, our mortality, can help against the medical splitting off of responsibility for our own bodily existence. I do not   have to say how difficult that is, for the fear, when it becomes great, makes us all the more inclined to repress our responsibility for the life and death of our own body or to delegate it to doctors, not considering that even the most perfect conservation medicine, in the end, hands back to us the entire responsibility and unsharable pain in our most helpless moment. Those who recognize that the circle of alienation and flight must always finally close in one’s own death must also be aware that it would be better to reverse toward life rather than anesthetization, toward risk rather than security, toward embodiment rather than splitting. [p. 275]

Original

Gegen die medizinische Abspaltung von der Zuständigkeit für das eigene körperliche Dasein   hilft letztlich nur die bewußte Verkörperung unserer körperlichen Zerbrechlichkeit, unseres Krankseins, unserer Sterblichkeit. Wie schwer   das ist, brauche ich   nicht   zu sagen  , denn die Angst  , wenn sie groß wird, macht   uns alle nur allzusehr geneigt, unsere Zuständigkeit für Leben   und Tod   des eigenen   Körpers zu verdrängen oder an Ärzte abzutreten - nicht bedenkend, daß   sogar die perfekteste Konservierungsmedizin am Ende   doch die ganze   Verantwortung und den unteilbaren Schmerz   in unserem hilflosesten Augenblick   an uns selbst   zurückgibt. Wer   erkennt, wie der Kreis   der Entfremdung   und der Flucht   sich am Ende immer im eigenen Tod schließen muß, dem muß klarwerden, daß man den Kreis besser in die andere   Richtung   schlüge, ins Leben statt in die Betäubung, ins Risiko statt in die Absicherung, in die Verkörperung statt in die Spaltung. [p. 505]


Ver online : Critique of Cynical Reason