Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Schuback (2006:564-565) – Sorge - Besorgen - Fürsorge

terça-feira 18 de abril de 2017

Não sendo uma substância, a presença [Dasein  ] sempre se dá num exercício. Exercício indica e cumpre um centro irradiador de relações. Os dois planos em que, predominantemente, se desenvolve o exercício da presença [Dasein] promovem relações com dois modos de ser da existência: relações com o modo de ser dos entes simplesmente dados e relações com os entes dotados do modo de ser da presença [Dasein]. Da perspectiva de seu centro irradiador, ambos os planos se caracterizam pela dinâmica própria de presença [Dasein]. Ser e tempo   decidiu-se pelo étimo Sorge   = lat cura (cf. J. Grimm, Deutsches Wörterbuch  , Dtv, vol. 16, p. 1755) para acompanhar o movimento e as relações da presença [Dasein]. Os dois planos exprimem-se com derivados de Sorge (cura): Besorgen (ocupar-se) e Fürsorge (preocupar-se). A tradução decidiu utilizar o radical latino cura para Sorge, ocupação para Besorgen e [564] preocupação para Fürsorge. Os motivos dessa decisão atêm-se ao fato de o próprio Ser e tempo ter remetido à fábula latina de Higino sobre a Cura e à inexistência em português de derivados de cura na acepção de um relacionamento específico da presença [Dasein] com os seres simplesmente dados e com os seres existentes. O termo latino occupare provém da combinação do verbo capere e da preposição ob. Capere dá a ideia de tomar, pegar e prender. A preposição ob acrescenta a determinação de que se trata de um tomar e prender que preenche toda a envergadura das realizações do que se toma: ocupar. Quando a ocupação [Besorgen] respeita e considera a originalidade do que se toma, trata-se de uma relação de preocupação [Fürsorge]. (2006, p. 564-565)


SORGE: Quando se pretende remeter para o nível de estruturação da presença [Dasein] em qualquer relação, usa-se sempre o termo latino cura, pois indica a constituição ontológica. Quando porém se quer acentuar as realizações concretas do exercício da presença [Dasein], ou seja, a sua dimensão ôntica utiliza-se a palavra cuidado e seus derivados. (2006, p. 565)
[Notas, in HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Tr. Marcia Schuback  . Petrópolis: Vozes, 2006]

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