Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Marques Cabral (2008:2021) – Ocidente

quinta-feira 13 de julho de 2017

Vimos falando do Ocidente, homem ocidental, pensamento ocidental, ética ocidental. Mas que é isto, o Ocidente? Será que o Ocidente é um espaço geográfico que possui uma história comum, como querem geógrafos e historiadores? Será que o Ocidente é o espaço onde, por oposição ou antítese ao Oriente, a ética está em crise, sugerindo-nos uma fuga ao leste do globo terrestre como solução para a referida crise? Por Ocidente, nos termos aqui manifestos, não se compreende um espaço geográfico. Nas palavras de Heidegger: “Ocidente não é pensado regionalmente em oposição ao Oriente. Não é pensado simplesmente como Europa   e sim, dentro da História do mundo, pela proximidade à origem” (ver Heidegger, 1967, p. 62; Vattimo  , 1992, p. 47). Adiantando os resultados da nossa análise sobre o que significa mundo e história segundo o pensamento heideggeriano, podemos entendê-los na citação como desdobramento da destinação (História) de um horizonte de sentido o (mundo) norteador de todo modo possível de existência do ente que somos. Neste sentido, deve-se reconhecer que é no Ocidente que se dá um modo singular de instauração da relação homem-real. É dentro deste modo singular que isto que chamamos cultura ocidental aparece, se dá. Mas que singularidade é esta? Que horizonte de sentido é este? Resposta: a racionalidade.

Ocidente é o lugar produzido pelo homem norteado pela força da racionalidade. Neste sentido, tomando emprestado a máxima de Hegel  , deve-se reconhecer que o Ocidente é o lugar onde “todo real é racional”. É desde a razão que o real aparece no Ocidente. Por isso, o Ocidente é o lugar onde a [20] razão é o “carro-chefe” ou o “coração” do ente que somos, isto é, o lugar onde a razão é o agente norteador ou o elemento que irriga e vitaliza todo o desenvolvimento dos possíveis modos de ser do homem.

(MARQUES CABRAL  , Alexandre. Heidegger e a destruição da ética. Rio de Janeiro: Mauad, 2008, p. 20-21)


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