Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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LDMH: Angst / Angoisse / Angústia / Anxiety

domingo 26 de novembro de 2017

L’angoisse n’est pas un «sentiment», vécu à l’intérieur d’un sujet et projeté sur l’extérieur du monde, mais comme une tonalité (Stimmung  ) que le concept de «disposibilité» (Befindlichkeit  ) permet de penser comme phénomène préalable à l’ouverture d’un «là». (LDMH  )

Nossa tradução

O que faz da angústia uma tonalidade única — e justamente a este respeito que ela é introduzida em Ser e Tempo   —, é que ela oferece uma visão cativante, direta e completa, da existência, descobrindo ao mesmo tempo seu ser como "cura". Porque com efeito estou premido na angústia? Diante do que o coração me fecha? "O ser-no-mundo enquanto tal", a estranheza inerente à existência, cotidianamente, recoberta pelo "hábito", que funda sua "tranquila familiaridade" sobre o solo de um originário "não-em-casa". A angústia põe a nu esta situação de estranheza, descobrindo por aí o "mundo como mundo". Nela, o tecido de significações cujos motivos repetidos fazem a familiaridade do mundo se rasga: o ente não "diz" mais nada, nenhuma coisa do mundo se presta mais ao jogo certificante do sentido mas, além delas, o mundo ele mesmo inflige seu ferimento. Pois, dissimulado aquém do ente, está o nada, como "nada de ente", que se impõe através da angústia. O ente, então, vacila por inteiro e recuando, se desmorona: esta desmoronamento me apreende, vem sobre mim, me oprime. O nada "nadifica" com barulho — e não mais silenciosamente, como no cotidiano. O ser do ente, o "há" algo (ao invés de nada) aparece: a "angústia concede uma prova do ser enquanto o outro de todo ente"; a "voz do ser" se faz ouvir na tonalidade da angústia (Postface a O que é a metafísica, GA9  , 306-307). E é como uma iniciação à metafísica que a conferência de 1929 analisa a angústia: esta é menos o "tema" da conferência que uma prova, aquela de um moderno thaumazein  , que se trata de suscitar (GA66  , 376). Convém insistir sobre esta respiração mais profunda à qual o sufoco da angústia, enquanto "angústia original", dispõe o peito. Na angústia com efeito, o ser para a morte aparece de maneira arrebatadora, mas o face-à-face com o "nada da possível impossibilidade" abre a existência a ela mesma: se se angustiar já é morrer, quer dizer que a angústia atravessa as telas de que o "a gente" — quer dizer a princípio: o "eu" — me separa de mim mesmo. Ela libera o Si mesmo o fazendo aceder a sua própria e única possibilidade: "Sem a manifestação original do nada, não haveria nem ipseidade, nem liberdade" (O que é a metafísica? , GA9, 115). É neste sentido que a angústia tem parte afim com a criação, que supõe uma abertura original do mundo: "A angústia do audacioso […] mantém uma secreta aliança com a alegria e a doçura do desejo criador" (GA9, 118). A "resolução" que conduz a existência a seus "instantes" de vida mais ricos se alimenta assim da angústia, que lhe faz deixar amadurecer nela (ÊT, §68).

Original

Ce qui fait de l’angoisse une tonalité unique – et c’est bien à ce titre qu’elle est introduite dans Être et temps –, c’est qu’elle offre un aperçu saisissant, direct et complet, sur l’existence, découvrant du même coup son être comme « souci ». Par quoi en effet suis-je étreint dans l’angoisse ? Devant quoi le cœur me serre-t-il ? « L’être-au-monde en tant que tel », l’étrangeté inhérente à l’existence, quotidiennement recouverte par l’« habitude », qui fonde sa « tranquille familiarité » sur le sol d’un originaire « pas-chez-soi ». L’angoisse met à nu cette situation   d’étrangeté, découvrant par là le « monde comme monde ». En elle, le tissu de significations dont les motifs répétés font la familiarité du monde se déchire : l’étant ne « dit » plus rien, aucune chose du monde ne se prête plus au jeu rassurant du sens mais, au-delà d’elles, le monde lui-même inflige sa blessure. Car, tapi en deçà de l’étant, c’est le néant, comme « rien d’étant », qui s’impose à travers l’angoisse. L’étant, alors, vacille en entier et reculant, s’effondre : cet effondrement me saisit, vient sur moi, m’oppresse. Le néant « néantit » avec éclat – et non plus sourdement, comme au quotidien. L’être de l’étant, l’« il y a » quelque chose (plutôt que rien) apparaît : l’« angoisse accorde une épreuve de l’être en tant que l’autre de tout étant » ; la « voix de l’être » se fait entendre dans la tonalité de l’angoisse (Postface à Qu’est-ce que la métaphysique ?, GA 9, 306-307). Et c’est bien comme une initiation à la métaphysique que la conférence de 1929 analyse l’angoisse : celle-ci est moins le « thème » de la conférence qu’une épreuve, celle d’un moderne thaumazein, qu’il s’agit de susciter (GA 66, 376). Il convient d’insister sur cette respiration plus profonde à laquelle la suffocation de l’angoisse, en tant qu’« angoisse originelle », dispose la poitrine. Dans l’angoisse en effet, l’être vers la mort apparaît de façon saisissante, mais le face-à-face avec le « rien de la possible impossibilité » ouvre l’existence à elle-même : si s’angoisser c’est déjà mourir, c’est dire que l’angoisse perce les écrans dont « on » – c’est-à-dire d’abord : « je » – me sépare de moi-même. Elle libère le Soi en le faisant accéder à sa propre et unique possibilité : « Sans la manifestation originelle du néant, il n’y aurait ni ipséité, ni liberté » (Qu’est-ce que la métaphysique ?, GA 9, 115). C’est en ce sens que l’angoisse a partie liée avec la création, qui suppose une ouverture originale du monde : « L’angoisse de l’audacieux […] entretient une secrète alliance avec l’allégresse et la douceur du désir créateur » (GA 9, 118). La « résolution » qui conduit l’existence à ses « instants » de vie les plus riches se nourrit ainsi de l’angoisse, qu’il lui faut laisser mûrir en elle (ÊT, § 68).


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