Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Jonas: órgão - ferramenta

quinta-feira 20 de julho de 2017

Nessa semelhança entre membros, ou seja, entre órgãos motores externos e ferramentas, encontramos o motivo de os primeiros — e, por extensão, de todas as estruturas funcionais auxiliares do corpo, as internas não menos que as externas, as sensórias e químicas não menos que as motoras serem chamados de "órgãos”, o que significa exatamente “ferramentas”: algo que executa uma obra, ou algo com o que uma obra é executada. Em uma célebre definição de ser vivo, Aristóteles definia o corpo vivente exatamente como “orgânico” (soma organikon), isto é, como dotado de ferramentas ou composto por ferramentas; com boa razão, chamou a mão humana de “ferramenta das ferramentas”, tanto porque ela própria é em certa medida a ferramenta modelar, como também porque as ferramentas artificiais são criadas e manipuladas por ela, como sua extensão (Beaufret (1992:22-24) – subjetividade (Subjektivität)). Assim, no falarmos de “organismo”, conforme o significado original da palavra, já estaríamos falando de uma estrutura de fins, pois o conceito de ferramenta não pode ser pensado sem o conceito de fim. Mas o sentido claro de uma expressão não nos aporta nenhuma prova a respeito da questão que permanece aberta — sobre se já encontramos a finalidade da ferramenta artificial, e também da natural, na sua origem e existência, independentemente de sua utilização. Examinaremos essa questão, cuja importância veremos mais tarde, ao abordarmos o último grupo de exemplos (representado pelo “sistema digestivo”, no qual existência e função são igualmente subtraídas ao arbítrio e coincidem na maior parte das vezes; ali, portanto, se torna impossível recorrer à atribuição subjetiva de fins para determinar o caráter de finalidade). (p. 119)


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