Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

Página inicial > Hermenêutica > Greisch (OT:186) – Fürchten selbst - o ter-medo ele mesmo

Greisch (OT:186) – Fürchten selbst - o ter-medo ele mesmo

domingo 16 de abril de 2017

nossa tradução

O "ter medo" ele mesmo. Ele corresponde, de certo modo, ao polo "sujeito" da experiência intencional. Contrariamente a toda uma tradição racionalista, Heidegger evita falar em imaginação ou fantasia. De fato, essa terminologia leva quase necessariamente a uma depreciação ontológica do afeto em questão. O medo distorce a realidade, daí a necessidade de "manter a cabeça fria" em todas as circunstâncias. Se seguirmos Heidegger, devemos conceder ao medo um poder heurístico de descoberta que lhe é próprio. O medo está a serviço da circunspecção [Umsicht  ]. Podemos ilustrar isso pela tese de Hans Jonas  , que atribui ao medo um "poder heurístico" específico. Longe de nos apresentar uma visão caricaturada da realidade futura (o que obviamente acontece se for um medo "patológico"), pode nos ensinar a ver o futuro mais corretamente, quer dizer, a vê-lo como é "objetivamente", um futuro "formidável" em muitos aspectos.

Original

L’avoir-peur lui-même. Il correspond, d’une certaine façon, au pôle « sujet » du vécu intentionnel, Contrairement à toute une tradition   rationaliste, Heidegger évite de parler d’imagination   ou de fantasme. En effet, cette terminologie entraîne presque nécessairement une dépréciation ontologique de l’affect en question. La peur déforme la réalité, d’où la nécessité de « garder la tête froide » dans toutes les circonstances. Si l’on suit Heidegger, on doit au contraire accorder à la peur un pouvoir heuristique de découverte qui lui est propre. La peur est au service de la circonspection. Nous pourrions illustrer cela par la thèse de Hans Jonas qui attribue à la peur un « pouvoir heuristique » spécifique [1]. Loin de nous présenter une vision caricaturale de la réalité future (ce qu’elle fait évidemment s’il s’agit d’une peur « pathologique ») elle peut nous apprendre à voir l’avenir plus correctement, c’est-à-dire à le voir tel qu’il est « objectivement », un avenir « redoutable » à bien des égards. (p. 186)


Ver online : ONTOLOGIE ET TEMPORALITÉ (OT)


[1Cf. Hans Jonas, Le principe responsabilité. Une éthique pour la civilisation technologique, trad. J. Greisch, Paris, Ed. du Cerf, 1990, p. 300-302.