Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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GA9:352-354 – Ethik - éthique - ética - ethics

sexta-feira 29 de dezembro de 2017

Carneiro Leão

Se, porém, a humanitas está tão Essencialmente no campo de visão do pensamento do Ser, não terá então a "ontologia" de ser completada pela "ética"? Não será, então, inteiramente Essencial o esforço que o Senhor exprime na frase: "Ce que je cherche à faire, depois longtemps déjà, c’est préciser le rapport de l’ontologie   avec une éthique possible"?

Logo após a publicação de Ser e Tempo  , perguntou-me um jovem amigo: "Quando é que o Senhor vai escrever uma ética?". É que, quando se pensa a Essência do homem de modo tão Essencial — a saber, unicamente a partir da questão sobre a Verdade do Ser —, sem se fazer dele, no entanto, o centro do ente, sente-se também a necessidade de se indicarem preceitos e regras, que digam, como o homem, experimentado a partir da ec-sistência para o Ser, há de viver Historicamente. A exigência de uma ética tanto mais se impõe quanto mais cresce desmedidamente a desorientação (Ratlosigkeit) do homem tanto a oculta como a manifesta. Uma vez que só se pode confiar numa estabilidade do homem da técnica, entregue à massificação (Massenwesen), planejando e organizando em conjunto seus planos e suas atividades, por isso se devem dedicar todos os cuidados e esforços à obrigatoriedade ética.

Quem teria o direito de desconhecer a indigência dessa situação (Notlage) ? Não deveríamos, então, manter (schonen) e garantir as obrigações vigentes, mesmo que elas só conservem reunida em si a essencialização do homem de modo precário e apenas limitado às condições atuais? Sem dúvida! Mas, por outro lado, será que essa indigência dispensa o pensamento de pensar (gedenkt) o que constitui, antes de mais nada (zumal), o que deve ser pensado e, como o Ser, permanece sendo, antes de todo e qualquer ente, o Penhor e a Verdade? Será que o pensamento pode continuar esquivando-se a pensar o Ser, que, depois de se haver retido, encoberto num longo esquecimento, se anuncia agora, no momento atual do mundo, pela comoção geral de todos os entes?

Antes de se tentar determinar, com maior exatidão, as relações entre "a ontologia" e "a ética", faz-se necessário pensar, se o que ambos os títulos evocam, ainda permanece na medida e na proximidade do que se impôs ao pensamento, que, como pensamento, tem de pensar, antes de tudo, a Verdade do Ser! Pois, se, juntamente com todo pensamento segundo disciplinas, "a ontologia" e "a ética" já tivessem caducado e, com isso, nosso pensamento já se houvesse tornado mais disciplinado, o que então, sucederia à questão sobre as relações entre essas duas disciplinas da filosofia?

Com a "lógica" e a "física", a "ética" aparece, pela primeira vez, na Escola de Platão  . Surgiram no tempo, em que o pensamento se tornou "filosofia", a filosofia se fêz episteme   (ciência) e a própria ciência se transformou numa tarefa (Sache  ) de Escolas e de atividades "escolásticas" (Schulbetrieb). Através da filosofia, assim entendida, nasceu a ciência e pereceu o pensamento. Antes desse tempo, os pensadores não conheciam nem "lógica" nem ética" nem "física". Todavia, seu pensamento não era nem ilógico nem imoral. E a physis  , eles a pensaram numa profundidade e envergadura que toda "física" posterior nunca mais conseguiu atingir. Caso seja permitida semelhante comparação, o dizer das tragédias de Sófocles   con-serva e encerra o ethos   mais originariamente do que as preleções de Aristóteles   sobre a "ética". Uma sentença de Heráclito  , que se compõe de três palavras apenas, evoca um vigor tão simples que faz resplandecer diretamente a Essência do Ethos.

Diz a sentença de Heráclito (Fragmento 119) ethos anthropo daimon  . Geralmente se costuma traduzir: —a individualidade é o demônio do homem". Essa tradução pensa de maneira moderna, não de maneira grega. Pois ethos significa estada (Aufenthalt  ), lugar de morada. Evoca o espaço aberto onde mora o homem. É a abertura da estada que faz aparecer o que ad-vém, convenientemente, à Essência do homem e, assim ad-vindo, se mantém em sua proximidade. A estada do homem retém o ad-vento daquilo, ao qual o homem, em sua Essência, pertence. Isso é o Heráclito chama de daimon, o Deus. A sentença diz pois: o homem mora, enquanto homem, na proximidade do Deus. (p. 83-85)

Giachini & Stein

Se a humanitas é levada em consideração de modo tão essencial para o pensar do ser, porém, então não será preciso que a “ontologia” seja complementada com a “ética”? Neste caso, não é totalmente essencial o vosso esforço, um esforço que o senhor expressa na sentença: “Ce que je cherche à faire, depuis longtemps, c’est préciser le rapport de 1’ontologie avec une éthique possible”?

Logo depois que Ser e tempo foi lançado, um jovem amigo me perguntou: “Quando é que o Senhor irá escrever uma ética”? Onde a essência do homem é pensada de modo tão essencial, a saber, unicamente a partir da pergunta acerca da verdade do ser, onde apesar disto o homem não é colocado como o centro do ente, deve despertar o desejo por indicações vinculantes e por regras que rezem qual o modo adequado de viver do homem que, partindo da ek-sistência, se dirige para experimentar o ser. O desejo por uma ética se vê impingido a buscar sua realização com tanto mais ardor, quanto mais aumenta a perplexidade do homem, a manifesta não menos do que a velada, até atingir a desmedida. É preciso dedicar todo cuidado à vinculação por meio da ética, visto que o [366] homem da técnica, exposto às instituições de massa, só poderá ainda ser levado a uma estabilidade confiável por meio de uma reunião e ordenação da totalidade de seus planos e ações que seja correspondente à técnica.

Quem poderia negligenciar e não ver esta situação de penúria? Mão deveríamos conservar e assegurar os vínculos existentes, mesmo quando mantêm o ser humano unido de modo tão pobre e voltado apenas para o mero momento presente? Certamente. Mas será que essa necessidade desincumbe o pensar de ocupar-se com aquilo que por enquanto continua sendo o que deve ser pensado e que, enquanto ser, precedendo todo ente, é a garantia e a verdade? E ademais, o pensar poderá subtrair-se de pensar o ser, depois que este se ocultou em um longo esquecimento, e, agora, nesse momento da atualidade do mundo, se anuncia por meio do abalo de todo ente?

Antes de tentarmos definir com mais precisão a relação entre “a ontologia” e “a ética”, precisamos perguntar o que são “a ontologia” e “a ética” elas mesmas. Será necessário sopesar com vagar se aquilo que pode ser denominado em ambos os títulos continua sendo adequado e próximo à tarefa do pensar que, enquanto pensar, antes de qualquer outra coisa, deve pensar a verdade do ser.

Mas se tanto “a ontologia” quanto a “ética”, juntamente com todo pensar estruturado em disciplinas, devessem se tornar obsoletos, e se, com isto, nosso pensar devesse se tornar mais disciplinado, o que aconteceria, então, com a pergunta sobre a relação entre as duas mencionadas disciplinas da filosofia?

A “ética” surgiu pela primeira vez junto com a “lógica” e a “física” na escola de Platão. Estas disciplinas surgem em uma época em que ao pensar é permitido tornar-se “filosofia” e em que a filosofia, porém, se transforma em ’εττιστημη (ciência) e a própria ciência, em assunto de escola e de atividades escolares. Nesta passagem pelo que se compreende assim como filosofia vem à tona a ciência, perece o pensar. Os pensadores anteriores a essa época não conhecem nenhuma [367] “lógica”, nem “ética” e nem “física”. Mas nem por isto seu pensar é ilógico ou amoral. No entanto, eles pensaram a φύσις em uma profundidade e amplidão nunca mais alcançada por toda a “física” posterior. Caso seja permitido uma tal comparação, em suas sagas, as tragédias de Sófocles guardam o ἦθος de modo mais originário do que as preleções de Aristóteles sobre “ética”. Uma sentença de Heráclito, composta de três palavras apenas, diz algo tão simples, que a partir dela se manifesta a essência do ethos de maneira imediata.

A sentença de Heráclito diz (Fragm. 119): ἦθος άνθρωπω δαίμων. Em geral, costuma-se traduzir essa sentença da seguinte forma: “Para o homem, o seu modo próprio de ser é seu demônio”. Essa tradução pensa de modo moderno, mas não grego, ἦθος significa morada, lugar onde morar. A palavra nomeia o âmbito aberto, no qual mora o homem. O aberto de sua morada permite a manifestação do que advém à essência do homem, ou seja, o que, advindo, se estabelece em sua proximidade. A morada do homem contém e guarda o advento daquilo ao que pertence o homem em sua essência. Segundo as palavras de Heráclito, isto é ο δαίμων, o deus. A sentença diz: o homem, enquanto é homem, mora nas cercanias de deus. [GA9GS:365-367]

Cortés & Leyte

Pero si la humanitas es tan esencial para el pensar del ser, ¿no debe completarse la «ontolo-gía» con la «ética»? ¿No es entonces de todo punto esencial el esfuerzo que usted expresa en la frase: «Ce queje cherche á faire, depuis longtemps déjá, c’est préciser le rapport de l’ontologie avec une éthique possible»?

Poco después de aparecer Ser y tiempo me preguntó un joven amigo: «¿Cuándo escribe usted una ética?». Cuando se piensa la esencia del hombre de modo tan esencial, esto es, únicamente a partir de la pregunta por la verdad del ser, pero al mismo tiempo no se eleva el hombre al centro de lo ente, tiene que despertar necesariamente la demanda de una indicación de tipo vinculante y de reglas que digan cómo debe vivir destinalmente el hombre que experimenta a partir de una ex-sistencia que se dirige al ser. El deseo de una ética se vuelve tanto más apremiante cuanto más aumenta, hasta la desmesura, el desconcierto del hombre, tanto el manifiesto como el que permanece oculto. Hay que dedicarle toda la atención al vínculo ético, ya que el hombre de la técnica, abandonado a la masa, sólo puede procurarle a sus planes y actos una estabilidad suficientemente segura mediante una ordenación acorde con la técnica.

¿Quién podría pasar por alto esta situación de precariedad? ¿No deberíamos preservar y asegurar los vínculos ya existentes aunque su manera de mantener todavía unido al ser humano sea muy pobre y sólo válido para el momento presente? Es verdad. Pero ¿esa necesidad descarga en algún caso al pensar de su responsabilidad de tener presente lo que, de entrada, queda por pensar y que, en cuanto ser, es antes que todo ente la garantía y la verdad? ¿Acaso el pensar puede seguir sustrayéndose a pensar el ser después de que éste, tras haber permanecido oculto en el olvido durante mucho tiempo, se anuncie también manifiestamente en el actual instante del mundo a través de la conmoción de todo lo ente?

Antes de tratar de determinar de modo más preciso la relación entre «la ontología» y «la ética» tenemos que preguntar qué son dichas «ontología» y «ética». Habrá que meditar si lo que puede ser nombrado en ambos rótulos sigue siendo adecuado y está cerca de lo que le ha sido asignado al pensar, el cual, en cuanto pensar, tiene que 354 pensar la verdad del ser antes que ninguna otra cosa.

Claro que si tanto «la ontología» y «la ética» como todo el pensar que procede de disciplinas resultan obsoletos y por lo tanto nuestro pensar tiene que volverse más disciplinado, ¿qué ocurre entonces con la cuestión de la relación entre las dos citadas disciplinas de la filosofía?

La «ética» aparece por vez primera junto a la «lógica» y la «física» en la escuela de Platón. Estas disciplinas surgen en ía época que permite y logra que el pensar se convierta en «filosofía», la filosofía en episteme (ciencia) y la propia ciencia en un asunto de escuela y escolástica. En el paso a través de la filosofía así entendida nace la ciencia y perece el pensar. Los pensadores anteriores a esta época no conocen ni una «lógica» ni una «ética» ni la «física». Y sin embargo su pensar no es ni ilógico ni amoral. En cuanto a la physis, la pensaron con una profundidad y amplitud como ninguna «física» posterior volvió nunca a alcanzar. Si se puede permitir una comparación de esta clase, las tragedias de Sófocles encierran en su decir el ethos de modo más inicial que las lecciones sobre «ética» de Aristóteles. Una sentencia de Heráclito, que sólo tiene tres palabras, dice algo tan simple que en ella se revela inmediatamente la esencia del ethos.

Dicha sentencia de Heráclito reza así (frag. 119): ethos anthropo daimon. Se suele traducir de esta manera: «Su carácter es para el hombre su demonio». Esta traducción piensa en términos modernos, pero no griegos. El término ethos significa estancia, lugar donde se mora. La palabra nombra el ámbito abierto donde mora el hombre. Lo abierto de su estancia deja aparecer lo que le viene reservado a la esencia del hombre y en su venida se detiene en su proximidad. La estancia del hombre contiene y preserva el advenimiento de aquello que le toca al hombre en su esencia. Eso es, según la frase de Heráclito el daimon, el dios. Así pues, la sentencia dice: el hombre, en la medida en que es hombre, mora en la proximidad de dios.

Beaufret

“ Mais si l’humanitas se révèle à ce point essentielle pour la pensée de l’Être, l’“ ontologie ” ne doit-elle pas être “ complétée par l’“ éthique ”? L’effort que vous exprimez dans cette phrase n’est-il pas dès lors tout à fait essentiel:

“ Ce que je cherche à faire, depuis longtemps déjà, c’est préciser le rapport d’une ontologie avec une éthique possible ” ?

Peu après la parution de Sein   und Zeit  , un jeune ami me demanda: “ Quand écrirez-vous une éthique? ” Là où l’essence de l’homme est pensée de façon aussi essentielle, c’est-à-dire à partir uniquement de la question portant sur la vérité de l’Être, mais où pourtant l’homme n’est pas érigé comme centre de l’étant, il faut que s’éveille l’exigence que d’une intimation qui le lie, et de règles disant comment l’homme, expérimenté à partir de l’ek-sistence à l’Être, doit vivre conformément à son destin [Geschicklich]. Le voeu d’une éthique appelle d’autant plus impérieusement sa réalisation que le désarroi évident de l’homme, non moins que son désarroi caché, s’accroissent au-delà de toute mesure. A cet établissement du lien éthique nous devons donner tous nos soins, en un temps où il n’est possible à l’homme de la technique, voué à l’être-collectif, d’atteindre encore à une stabilité assurée qu’en regroupant et ordonnant l’ensemble de ses plans et de son agir conformément à cette technique. ”

Comment ignorer cette détresse? Ne devons-nous pas épargner et consolider les liens existants, même s’ils n’assurent que si pauvrement encore et dans l’immédiat seulement la cohésion de l’essence humaine? Certainement. Mais cette pénurie dispense-t-elle pour autant la pensée de se remémorer ce qui principalement reste à-penser et qui est, en tant qu’Être et avant même tout étant, la garantie et la vérité? La pensée peut-elle s’abstenir encore de penser l’Être, quand celui-ci, après être resté celé dans un long oubli, s’annonce   au moment présent du monde par l’ébranlement de tout étant ? ”

“ Avant d’essayer de déterminer plus exactement la relation entre “ l’ontologie ” et “ l’éthique ”, il faut nous demander ce que sont elles-mêmes “ l’ontologie ” et “ l’éthique ”. Il devient nécessaire de penser si ce que peuvent désigner ces deux termes reste d’accord et en contact avec ce qui est remis à la pensée qui a, comme pensée, à penser avant tout la vérité de l’Être. ”

“ Mais que “ l’ontologie ” aussi bien que “ l’éthique ”, et avec elles toute pensée issue de disciplines, se révèlent caduques, et que par là notre pensée se fasse plus disciplinée, qu’en serait-il alors de la question de la relation entre ces deux disciplines de la philosophie  ?

L’“ ethique ” paraît pour la première fois avec la “ logique ” et la “ physique ” dans l’école de Platon. Ces disciplines prennent naissance à l’époque où la pensée se fait “ philosophie ”, la philosophie episteme (science) et la science elle-même, affaire d’école et d’exercice scolaire. Le processus   ouvert par la philosophie ainsi comprise donne naissance à la science, il est la ruine de la pensée. Avant cette époque, les penseurs ne connaissaient ni “ logique ”, ni “ éthique ”, ni “ physique ”. Leur pensée n’en était pour autant ni illogique, ni immorale. Mais ils pensaient la physis selon une profondeur et avec une amplitude dont aucune “ physique ” postérieure n’a jamais plus été capable. Si l’on peut se permettre ce rapprochement, les tragédies de Sophocle abritent plus originellement l’ethos dans leur dire que les leçons d’Aristote sur l’“ Ethique ”. Une sentence d’Héraclite, qui tient en trois mots, exprime quelque chose de si simple que par elle l’essence de l’éthos s’éclaire immédiatement.

Cette sentence est la suivante (fragment 119): ethos anthropou daimon. Ce qu’on traduit d’ordinaire: “ Le caractère propre d’un homme est son démon.” Cette traduction révèle une façon de penser moderne, non point grecque. ethos signifie séjour, lieu d’habitation. Ce mot désigne la région ouverte où l’homme habite. L’ouvert de son séjour fait apparaître ce qui s’avance vers l’essence de l’homme et dans cet avènement séjourne en sa proximité. Le séjour de l’homme contient et garde la venue de ce à quoi l’homme appartient dans son essence. C’est, suivant le mot d’Héraclite daimon, le dieu. La sentence dit: l’homme habite, pour autant qu’il est homme, dans la proximité du dieu.

Original

Wenn aber die Humanitas so wesenhaft für das Denken   des Seins im Blick steht, muß dann   die »Ontologie« nicht   ergänzt werden   durch die »Ethik  «? Ist dann nicht Ihr Bemühen ganz wesentlich, das Sie in dem Satz   aussprechen  : »Ce que je cherche ä faire, depuis longtemps déjà, c’est preciser le rapport de l’ontologie avec une éthique possible«?

Bald nachdem »S. u. Z.« erschienen war, frug mich ein junger Freund  : »Wann schreiben Sie eine Ethik«? Wo das Wesen   des Menschen so wesentlich, nämlich einzig aus der Frage   nach der Wahrheit   des Seins gedacht wird, wobei aber der Mensch   dennoch nicht zum Zentrum des Seienden   erhoben ist, muß das Verlangen   nach einer verbindlichen Anweisung   erwachen   und nach Regeln, die sagen, wie der aus der Ek-sistenz   zum Sein erfahrene Mensch geschicklich leben   soll. Der Wunsch   nach einer Ethik drängt um so eifriger nach Erfüllung  , als die offenkundige Ratlosigkeit des Menschen nicht weniger als die verhehlte sich ins Unmeßbare steigert. Der Bindung durch die Ethik muß alle Sorge   gewidmet sein, wo der in das Massenwesen ausgelieferte Mensch der Technik   nur durch eine der Technik entsprechende Sammlung   und Ordnung seines Planens und Handelns im ganzen noch zu einer verläßlichen Beständigkeit   gebracht werden kann.

Wer   dürfte diese Notlage übersehen? Sollen   wir nicht die bestehenden Bindungen, auch wenn sie das Menschenwesen noch so notdürftig und im bloß Heutigen Zusammenhalten, schonen und sichern  ? Gewiß. Aber entbindet diese Not   je das Denken davon, daß   es dessen gedenkt, was zumal das Zu-denkende bleibt und als das Sein allem Seienden zuvor die Gewähr und Wahrheit? Kann sich das Denken noch fernerhin dessen entschlagen, das Sein zu   denken, nachdem dieses in langer Vergessenheit   verborgen   gelegen und zugleich im jetzigen Weltaugenblick sich durch die Erschütterung alles Seienden ankündigt?

Bevor wir versuchen, die Beziehung   zwischen   »der Ontologie« und »der Ethik« genauer zu bestimmen, müssen wir fragen, was »die Ontologie« und »die Ethik« selbst   sind. Es wird nötig, zu bedenken, ob das, was in den beiden Titeln genannt sein kann, noch dem gemäß und nahe bleibt, was dem Denken [354] aufgegeben ist, das als Denken allem zuvor die Wahrheit des Seins zu denken hat.

Sollten freilich sowohl »die Ontologie« als auch die »Ethik« samt allem Denken aus Disciplinen hinfällig und dadurch unser Denken disciplinierter werden, wie steht es dann mit der Frage nach der Beziehung zwischen den beiden genannten Disciplinen der Philosophie?

Die »Ethik« kommt mit der »Logik  « und der »Physik  « zum erstenmal in der Schule Platons auf  . Diese Disciplinen entstehen zu der Zeit, die das Denken zur »Philosophie«, die Philosophie aber zur επιστήμη (Wissenschaft  ) und die Wissenschaft selbst zu einer Sache der Schule und des Schulbetriebes werden laßt. Im Durchgang durch die so verstandene Philosophie entsteht die Wissenschaft, vergeht das Denken. Die Denker   vor dieser Zeit kennen weder eine »Logik«, noch eine »Ethik«, noch die »Physik«. Dennoch ist ihr Denken weder unlogisch noch unmoralisch. Die φύσις aber dachten sie in einer Tiefe   und Weite, die alle spätere »Physik« nie mehr zu erreichen vermochte. Die Tragödien des Sophokles bergen, falls überhaupt ein solcher Vergleich erlaubt ist, in ihrem Sagen das ἦθος anfänglicher als die Vorlesungen des Aristoteles über »Ethik«. Ein Spruch des Heraklit, der nur aus drei Wörtern besteht, sagt so Einfaches, daß aus ihm das Wesen des Ethos unmittelbar ans Licht   kommt.

Der Spruch des Heraklit lautet (Frgm. 119): λογος άνθρώπω δαίμων. Man pflegt allgemein   zu übersetzen: »Seine Eigenart ist dem Menschen sein Dämon.« Diese Übersetzung   denkt modern, aber nicht griechisch, ἦθος bedeutet Aufenthalt, Ort   des Wohnens. Das Wort   nennt den offenen Bezirk, worin der Mensch wohnt. Das Offene   seines Aufenthaltes läßt das erscheinen  , was auf das Wesen des Menschen zukommt und also ankommend in seiner Nähe   sich aufhält. Der Aufenthalt des Menschen eüthält und bewahrt die Ankunft dessen, dem der Mensch in seinem Wesen gehört. Das ist nach dem Wort des Heraklit δαίμων, der Gott  . Der Spruch sagt: der Mensch wohnt, insofern er Mensch [355] ist, in der Nähe Gottes. (GA9  :352-354)


Ver online : MARCAS DO CAMINHO [GA9]