Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

Página inicial > Gesamtausgabe > GA9:216-218 – paideia

GA9:216-218 – paideia

sexta-feira 16 de junho de 2017

Giachini & Stein

E como o olho corporal deve readaptar-se devagar e sempre de novo, seja na claridade, seja no escuro, também a alma, com paciência e com os passos sequenciais adequados, deve acostumar-se ao âmbito do ente ao qual está exposta. Mas esse acostumar-se requer, antes de tudo, que a alma se volte inteiramente para a direção fundamental de sua busca, assim como o olho também só consegue enxergar direito e em todas as direções quando o corpo na totalidade tiver ocupado seu lugar correspondente.

Mas por que é que em cada âmbito a adaptação deve ser constante e lenta? Porque a transformação concerne ao ser homem e, por isto, se realiza no fundo de sua essência. Isto significa: a postura, que serve de medida e que deve surgir por meio de uma guinada, precisa ser desenvolvida a partir de um empuxo que já sustenta a essência do homem até atingir um comportamento firme. Esta mudança de hábito e este movimento de se reacostumar da essência do homem com o âmbito que lhe é indicado a cada vez é a essência do que Platão   chama de παιδεία  . Não há como traduzir esta palavra. Em Platão, de acordo com a determinação de sua essência, παιδεία significa a περιαγωγη όλης της ψυχή  ς, a guia que conduz para a transformação de todo o homem em sua essência. É por isto que a παιδεία é essencialmente uma transição, e, em verdade, da άπαιδευσία para a παιδεία. De acordo [229] como o caráter dessa transição, a παιδεία permanece referida constantemente à άπαιδευσία. Embora não de modo pleno  , à palavra παιδεία corresponde o melhor possível a palavra alemã “Bildung  ” (formação). Todavia, precisamos devolver a essa palavra a sua força original de nomeação, esquecendo a falsa interpretação na qual ela decaiu ao final do século XIX. “Bildung” (formação) significa duas coisas: “Bildung” (formação) é, por um lado, bilden (formar), no sentido de uma cunhagem que se vai desenvolvendo. Esse “bilden” (formar), porém, bildet (forma) (cunha) de imediato a partir de uma conformação prévia a uma visão normatizadora, que se chama justo por isto de paradigma. “Bildung” (formação) é ao mesmo tempo cunhagem e guia por meio de uma imagem. A essência oposta à παιδεία é a άπαιδευσία, a Bildungslosigkeit (falta de formação). Nela, nem se despertou o desenvolvimento da postura fundamental, nem se propôs o paradigma normatizador.

A força interpretativa da “alegoria da caverna” concentra-se em tornar visível e cognoscível a essência da παιδεία na plasticidade da história narrada. Em forma de rechaço, Platão quer mostrar também que a παιδεία não tem a sua essência em entulhar a alma despreparada com meros conhecimentos, como se faz com um recipiente vazio, que se apresenta arbitrariamente. Contrariamente a isto, a verdadeira formação apanha e transforma a própria alma na totalidade, alocando o homem antes de tudo em seu lugar essencial e com ele acostumando-o. O fato de, na “alegoria da caverna”, a παιδεία precisar ser apresentada em imagens, isto é algo que já vem expresso de modo suficientemente claro na frase exposta por Platão no começo do livro VII, que introduz a narrativa: […] “Depois disto, portanto, cria para ti a partir da experiência (apresentada a seguir) uma visão (da essência) da ‘formação’ tanto quanto da falta de formação, o que (por certo copertinente) diz respeito ao nosso ser humano em seu fundamento”. (p. 228-229)

Cortés & Leyte

Y del mismo modo que el ojo de carne y sangre tiene que acomodarse muy lentamente ya sea a la claridad, ya sea a la oscuridad, del mismo modo el alma tiene que acomodarse con paciencia y en adecuada progresión al ámbito de lo ente al que se ve expuesta. Sin embargo, y antes que nada, dicha acomodación exige que el alma en su conjunto se vea orientada hacia la dirección fundamental de su tendencia, del mismo modo que el ojo sólo puede ver bien y hacia todos los lados cuando previamente el cuerpo en su conjunto ha adoptado la correspondiente postura.

Pero ¿por qué la acomodación tiene que ser lenta y constante en cada respectivo ámbito? Porque el cambio de dirección concierne al ser hombre y por ende   se consuma en el fondo de su esencia. Esto quiere decir que la posición que servirá de norma y que debe surgir gracias a un cambio de dirección tiene que desarrollarse y convertirse en una conducta fija a partir de una relación [GA9  :217] que ya soporta el ser del hombre. Ese cambio y acomodación de la esencia del hombre al ámbito que se le asigna en cada ocasión es la esencia de lo que Platón llama la παιδεία. Dicha palabra no se puede traducir. Para Platón, y de acuerdo con su definición de la esencia, παιδεία significa la περίαγωγή ολης τής ψυχής, lo que conduce a un cambio de dirección de todo el hombre en su esencia. Por eso, la παιδεία es esencialmente un tránsito, concretamente de la άπαιδευσία a la παιδεία. De acuerdo con este carácter de tránsito, la παιδεία siempre queda referida a la άπαιδευσία. La palabra que mejor responde al nombre παιδεία, aunque no del todo, es el término alemán «Bildung» (formación) [1]. Lógicamente tenemos que devolverle a la palabra toda su fuerza significativa originaria y olvidar la incorrecta interpretación que adoptó a finales del siglo XIX. «Bildung» significa dos cosas: por un lado, es un formar en el sentido de ir desarrollando un carácter. Pero este «formar» también «forma» (imprime carácter) conformándose anticipadamente de acuerdo con una visión que da la medida y que por eso se llama pre-forma o modelo. «Formación» es por lo tanto imprimir carácter y dejarse guiar por una imagen. La esencia contraria a la παιδεία es la άπαιδευσία, la falta de formación. En ella ni se despierta el desarrollo de la posición fundamental ni se dispone ningún modelo normalizador.

La fuerza esclarecedora del «símil de la caverna» se concentra en el esfuerzo por tratar de hacer visible y cognoscible la esencia de la παιδεία por medio de la plasticidad de la historia narrada. Al mismo tiempo, Platón también quiere poner sobre aviso y mostrar que la παιδεία no tiene su esencia en el hecho de verter meros conocimientos en un alma sin preparación como en un recipiente vacío cualquiera que estuviese ahí delante. Por contra, la auténtica formación [182] afecta y transforma al alma en su totalidad desde el momento en que empieza por trasladar al hombre a su lugar esencial y luego le hace adaptarse a él. El hecho de que en el «símil de la caverna» la esencia de la παιδεία tenga que ponerse en imágenes es algo claramente dicho en una frase al principio   del libro VII, con la que Platón introduce el relato: […] «Después, trata de obtener una visión (de la esencia) de la “formación” que sea del tipo de esa experiencia (descrita en lo que sigue), así como de la ausencia de formación, que (íntimamente relacionadas) atañen a nuestro ser humano en su fundamento.» (p. 181-182)

Sheehan

And just as the physical eye must accustom itself, slowly and steadily at first, either to the light or to the dark, so likewise the soul, patiently and through an appropriate series of steps, has to accustom itself to the region of beings to which it is erased. But this process of getting accustomed requires that before all else the soul in its entirety be turned around as regards the fundamental direction of its striving, in the same way as the eye look comfortably in whatever direction only when the whole body has first ass^ed the appropriate position.

But why does this process of getting accustomed to each region have to be slow and steady? The reason is that the turning around has to do with one’s being and thus takes place in the very ground of one’s essence. This means that the normative bearing that is to result from this turning around must unfold from a relation that already sustains our essence and develop into a stable compo^ment. This process whereby the human essence is reoriented and accustomed to the region assigned to it at each point is the essence of what Plato [123] calls παιδεία. The word does not   lend itself to being translated. As Plato defines its essence, παιδεία means the περιαγωγή δλης τής ψυχής, leading the whole human being in the turning around of his or her essence. Hence παιδεία is essentially a movement of passage, namely, from άπαιδευσία into παιδεία. In keeping with its character as a movement of passage, παιδεία remains always related to άπαιδευσία. The German word Bildung [“education,” literally “formation”] comes closest to capturing the word παιδεία, but not entirely. In this case, of course, we need to restore to Bildung its original power as a word, and we have to forget the misinterpretation to which it fell victim in the late nineteenth century. Bildung [“formation”] means two things. On the one hand   formation means forming someone in the sense of impressing on him a character that unfolds. But at the same time this “forming” of someone “forms” (or impresses a character on) someone by antecedently taking measure in terms of some paradigmatic image, which for that reason is called the proto-type [V-bild]. Thus at one and the same time “formation” means impressing a [166] character on someone and guiding someone by a paradigm. The contrary of παιδεία is άπαιδευσία, lack of formation, where no fundamental bearing is awakened and unfolded, and where no normative prototype is put forth.

The “allegory of the cave” concentrates its explanatory power on making us able to see and know the essence of παιδεία by means of the concrete images recounted in the story. At the same time Plato seeks to avoid false interpretations; he wants to show that the essence of παιδεία does not consist in merely pouring knowledge into the unprepared soul as if it were some container held   out empty and waiting. On the contrary real education lays hold of the soul itself and transforms it in its entirety by first of all leading us to the place of our essential being and accustoming us to it. That the “allegory of the cave” is meant to illustrate the essence of παιδεία is stated clearly enough in the very sentence with which Plato introduces the story at the beginning of Book Seven: […] “And after that, try to conjure up for yourself from the kind of experience (to be presented in the following story) a view (of the essence) both of ‘education’ and of the lack of education, [124] both of which (as belonging together) concern the very foundation of our being as humans.” (p. 165-166)

Original

Und wie das leibliche Auge   sich erst langsam und Stetig umgewöhnen muß, sei es an die Helle, sei es an das Dunkel, so muß auch die Seele   sich mit Langmut und in sachgemäßer Schrittfolge eingewöhnen in den Bereich des Seienden  , dem sie ausgesetzt ist. Solche Eingewöhnung jedoch verlangt, daß   allem voraus die Seele im Ganzen auf   die Grundrichtung ihres Strebens umgewendet wird, wie ja auch das Auge nur dann   recht und überallhin zu blicken vermag, wenn zuvor der Leib   im Ganzen den entsprechenden Standort bezogen hat.

Warum   aber muß die Eingewöhnung in den jeweiligen Bezirk stetig und langsam sein  ? Weil die Umwendung das Menschsein   angeht und daher sich im Grunde seines Wesens vollzieht. Das bedeutet: Die maßgebende Haltung, die durch eine Umwendung entspringen   soll, muß aus einem das Menschenwesen schon tragenden Bezug   in ein festes Verhalten   entfaltet werden  . [217] Diese Um- und Eingewöhnung des Menschenwesens in den ihm jeweils zugewiesenen Bereich ist das Wesen   dessen, was Platon die παιδεία nennt. Das Wort   läßt sich nicht   übersetzen, παιδεία bedeutet nach Platons Wesensbestimmung   die περιαγωγή όλης τής ψυχής, das Geleit zur Umwendung des ganzen Menschen in seinem Wesen. Die παιδεία ist deshalb wesentlich ein Übergang  , und zwar aus der άπαιδευσία in die παιδεία. Gemäß diesem Übergangscharakter bleibt die παιδεία stets auf die άπαιδευσία bezogen. Am ehesten noch, wenngleich nie völlig, genügt dem Namen παιδεία das deutsche Wort »Bildung«. Wir müssen dabei freilich diesem Wort seine ursprüngliche Nennkraft zurückgeben und die Mißdeutung vergessen  , der es im späteren. Jahrhundert anheimfiel. »Bildung« sagt ein Zwiefaches: Bildung ist einmal ein Bilden im Sinne der entfaltenden Prägung. Dieses »Bilden« aber »bildet« (prägt) zugleich aus der vorgreif enden Anmessung   an einen maßgebenden Anblick, der deshalb das Vor-bild heißt. »Bildung« ist Prägung zumal und Geleit durch ein Bild. Das Gegenwesen zur παιδεία ist die άπαιδευσία, die Bildungslosigkeit. In ihr ist weder die Entfaltung der Grundhaltung geweckt, noch wird das maßgebende Vor-bild auf gestellt.

Die deutende Kraft   des »Höhlengleichnisses« sammelt sich darauf, im Anschaulichen der erzählten Geschichte   das Wesen der παιδεία sichtbar und wißbar zu machen. Abwehrend will Platon zugleich zeigen  , daß die παιδεία nicht darin ihr Wesen hat, bloße Kenntnisse in die unbereite Seele wie in einen leeren, beliebig vorgehaltenen Behälter hineinzuschütten. Die echte Bildung ergreift und verwandelt dem entgegen die Seele selbst   und im Ganzen, indem sie den Menschen zuvor an seinen Wesensort versetzt und auf diesen eingewöhnt. Daß im »Höhlengleichnis  « das Wesen der παιδεία ins Bild gebracht werden soll, das sagt schon der Satz   deutlich genug, mit dem Platon am Beginn   des VII. Buches die Erzählung   einleitet: […] »Hernach also verschaffe dir aus der Art [218] der (im folgenden dargestellten) Erfahmis einen Anblick (des Wesens) der »Bildung« sowohl als auch der Bildungslosigkeit, [124] welches (Zusammengehörige ja) unser menschliches Sein in seinem Grunde angeht.« (p. 216-218)


Ver online : WEGMARKEN [GA9]


[1N. de los T.: la traducción corriente del alemán «Bildung» es ‘formación, ‘educación’, pero hay que tener en cuenta que incluye en su raíz la palabra «Bild», que significa ‘imagen, ‘modelo’, etc.