Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Fernandes (1995:25-26) – a ilusão do dever-ser

sexta-feira 4 de maio de 2018

A ideia do "dever ser" é, na cultura humana, a marca do desastre, a chaga aberta na Consciência pela inconsciência, o sintoma do desequilíbrio, da desarmonia e do conflito, o lugar hipersensível da dor e do sofrimento, a principal estrutura de sujeição, a rede   obscurecedora da atenção, o sulco por onde nossas melhores energias são drenadas, o primeiro de todos os pontos de identificação, o resultado mesmo dessa condição humana, o ponto de vista. Trata-se, pois, do próprio inferno.

O dever ser não é, mas, relativa ou absolutamente, "deveria" ser. Ele "não é" o que é. E "é" o que não é. Mas a estrutura dessa ilusão é tal, que, sem juízos de valor, não haveria fenômeno, não haveria um "mundo". Trata-se de algo análogo à própria linguagem: o symbolon   é o que está no lugar de outra coisa; é o que faz as vezes de outra coisa. Sob esse aspecto, é "o falso" por excelência. E outra vez: a estrutura dessa ilusão é tal, que, sem linguagem, não haveria um mundo.

(FERNANDES, Sérgio L. de C.. Filosofia e Consciência. uma investigação ontológica da Consciência. Rio de Janeiro: Areté Editora, 1995, p. 25-26)

VIDE: Milet (2000:49) – Pretensão ontológica da matemática


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