Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

Página inicial > Fenomenologia > Ernest Becker: o que torna a morte aceitável

Ernest Becker: o que torna a morte aceitável

quinta-feira 14 de maio de 2020

nossa tradução

Keen: Como filósofo, você pensou muito mais sobre a morte do qualquer um que eu conheça. E agora, por assim dizer, você está fazendo sua pesquisa empírica.

Becker: Só dói quando eu rio.

Keen: E, de alguma forma, gostaria de perguntar o que você pode adicionar agora que está mais perto de experimentar.

Becker: Entendo o que você quer dizer … O que torna a morte mais fácil é ser capaz de transcender o mundo em algum tipo de dimensão religiosa. Eu diria que a coisa mais importante é saber que, além do absurdo da vida, além do ponto de vista humano, além do que está acontecendo conosco, há o fato das tremendas energias criativas do cosmos que nos usam para alguns propósitos que nós não sabemos. Ser usado para propósitos divinos, por mais que possamos ser mal utilizados, é isso que consola. Penso em [João] Calvino quando ele diz: ’Senhor, tu me machucas, mas já que és Tu, está tudo bem.’ Acho que alguém apenas entrega, ou deveria entregar, a própria vida, o valor dela, o fim dela. Isto tem sido o mais importante para mim. Eu acho que é muito difícil para homens seculares morrerem.

Original

As a philosopher, you have thought as hard about death as anybody I know. And now, as it were, you are doing your empirical research.

Becker: It only hurts when I laugh.

Keen: And somehow, I would like to ask you what you can add now that you are closer to experience.

Becker: I see what you mean…. What makes dying easier is to be able to transcend the world into some kind of religious dimension. I would say that the most important thing is to know that beyond the absurdity of one’s life, beyond the human viewpoint, beyond what is happening to us, there is the fact of the tremendous creative energies of the cosmos that are using us for some purposes we don’t know. To be used for divine purposes, however we may be misused, this is the thing that consoles. I think of [John] Calvin when he says, ‘Lord, thou bruises me, but since it is You, it is all right.’ I think one does, or should try to, just hand   over one’s life, the meaning of it, the value of it, the end of it. This has been the most important to me. I think it is very hard for secular men to die.

[LIETCHY, Daniel. The Ernest Becker Reader. Seatle: University of Washington Press, 2005]


Ver online : The Ernest Becker Reader