Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Caron (2005:768) – Dasein

quarta-feira 19 de abril de 2017

Português

O Dasein   é a condição de possibilidade da intencionalidade, o espaço de jogo onde um sujeito pode estabelecer uma relação a um objeto. Ele é a abertura ao ser, de um ente que está sempre situado de pronto de fora. Ele não é uma relação entre dois entes-subsistentes [Vorhandensein  ], quer dizer uma relação a um objeto que existiria como um fato bruto e uma presença fechada, ele não está do lado do objeto; mas ele não não está também do lado do sujeito que estaria fechado em si mesmo. Logo, no Dasein, nem relação a um objeto fechado contra o qual o eu viria topar e do choque com o qual algo apareceria – pois é preciso para que um choque possa se produzir que a algo seja a princípio dado aparecer; nem relação fechada de um sujeito a si mesmo e em si mesmo. O Dasein, que não é nem sujeito nem objeto, nem mesmo sua relação exterior, é todavia a zona de aclaramento no interior da qual o si como compreensão de ser pode constitutivamente deixar se manifestar enquanto tal algo como um objeto e algo como um sujeito. A estrutura da aparição precede todo o aparecido, a estrutura do si como Dasein, quer dizer como domínio essencial onde o homem e o ser se encontram em uma Mesmidade transcendental   de sorte que os entes possam aparecer, precede toda aparição, pois esta estrutura é a abertura que torna possível toda manifestação. "Sobre que se funda o ter-visto de toda consciência? Sobre a possibilidade radical para o ser humano de atravessar uma abertura para alcançar até as coisas. Este ser-em-uma-abertura, eis o que Ser e Tempo   denomina (desajeitadamente e como pôde): Dasein. Dasein, deve-se entendê-lo como die Lichtungsein: ser a clareira. O Aí, com efeito, é a palavra para a abertura. Vemos aqui claramente que a consciência se enraiza no Dasein, e não o inverso" [1] (p. 768-769)

Original

Le Dasein est la condition de possibilité de l’intentionnalité, l’espace de jeu où un sujet peut établir une relation à un objet. Il est l’ouverture à l’être, d’un étant qui est toujours situé d’emblée au dehors. Il n’est pas une relation entre deux étants-subsistants, c’est-à-dire une relation à un objet qui existerait comme un fait brut et une présence fermée, il n’est pas du côté de l’objet ; mais il n’est pas non plus du côté du sujet qui serait enfermé en soi-même. Donc, dans le Dasein, ni relation à un objet fermé contre lequel le moi viendrait buter et du choc avec lequel quelque chose apparaîtrait - car il faut pour qu’un choc puisse se produire qu’à quelque chose soit d’abord donné d’apparaître ; ni relation fermée d’un sujet à soi-même et en soi-même. Le Dasein, qui n’est ni sujet ni objet, ni même leur relation extérieure, est bien plutôt la zone d’éclairement à l’intérieur de laquelle le soi comme compréhension d’être peut constitutivement laisser se manifester en tant que tel quelque chose comme un objet et quelque chose comme un sujet. La structure de l’apparition précède tout apparu, la structure du soi comme Dasein, c’est-à-dire comme domaine essentiel où l’homme et l’être se rencontrent en une transcendantale Mêmeté de sorte que les étants puissent apparaître, précède toute apparition, car cette structure est l’ouverture qui rend possible toute manifestation. « Sur quoi se fonde l’avoir-vu de toute conscience ? Sur la possibilité radicale pour l’être humain de traverser une ouverture pour parvenir jusqu’aux choses. Cet être-dans-une-ouverture, voilà ce que Être et Temps nomme (maladroitement et comme j’ai pu) : Dasein. Dasein, il faut l’entendre comme die Lichtungsein : être l’éclaircie. Le Là, en effet, est le mot pour l’ouverture. Nous voyons ici clairement que la conscience s’enracine dans le Dasein, et non l’inverse » [2]. (p. 768-769)

[Excerto de CARON  , Maxence. Heidegger. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005, p. 768]

CARON, Maxence. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005.


Ver online : Maxence Caron


[1Questions III et IV, p. 468.

[2Q III et IV, p. 468.