Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Caron (2005:327-328) – subjectum

sábado 6 de maio de 2017

Português

O ego cogito  , o Eu, a razão, o espírito, a pessoa: "estas regiões, em conformidade à omissão completa do ser, permanecem não questionadas quanto ao ser e à estrutura de seu ser" [1]. Esta nota de Heidegger põe em evidência a contemporaneidade existente entre o esquecimento da estrutura do si mesmo e a omissão de uma interrogação sobre o ser. Não pensando nem mais no sentido da palavra "ser", nos dispensamos de pronto da tarefa de pensar esse mesmo que pensa o ser. Assim aparece isto que uma longa tradição chamou o "sujeito", o subjectum, quer dizer o espírito menos a compreensão de ser ou a tecedura-de-relação que lhe é própria. O "sujeito" da metafísica, é portanto o homem que passa sob silêncio seu próprio ser-relacional e recusa considerar este ser-relacional como dando a medida. Este ser-em-relação tentará e como pode, de transparecer através da estrutura substancial da subjetividade doravante colocada e de fazer valer seus direitos (como é possível ver em Kant   ou no "idealismo alemão"); mas Heidegger sublinhará em muitas ocasiões que as múltiplas tentativas de abrir a esfera sempre já fechada da subjetividade metafísica não serão senão a manifestação de uma tendência repetida a entender a influência do sujeito a sempre mais objetos a fim de submeter em última instância a totalidade do ente à normatividade do ego  . De Descartes   a Nietzsche  , passa-se do sujeito "mestre e possuidor da natureza" ao sujeito "mestre e senhor da Terra"; não se faz, dito de outro modo, senão se conduzir do mesmo ao mesmo com pouca diferença de efetividade. Mas mostremos então as fontes ocultas desta metafísica da subjetividade.

Original

L’ego cogito, le Moi, la raison, l’esprit, la personne : « ces régions, conformément à l’omission complète de l’être, demeurent non questionnées quant à l’être et la structure de leur être » [2]. Cette remarque de Heidegger met en évidence la contemporanéité existant entre l’oubli de la structure du soi et l’omission d’une interrogation sur l’être. Ne pensant pas ou plus au sens du mot « être », nous nous dispensons du même coup de la tâche de penser celui-là même qui pense l’être. Ainsi apparaît ce qu’une longue tradition   a appelé le «sujet», le subjectum, c’est-à-dire l’esprit moins la compréhension d’être ou la tenue-de-rapport qui lui est propre. Le « sujet » de la métaphysique, c’est donc l’homme qui passe sous silence son propre être-relationnel et refuse de considérer cet être-relationnel comme donnant la mesure. Cet être-en-relation tentera toutefois et comme il peut, de transparaître à travers la structure substantielle de la subjectivité désormais posée et de faire valoir ses droits (comme on peut le voir chez Kant ou dans l’« idéalisme allemand ») ; mais Heidegger soulignera à maintes reprises que les multiples tentatives d’ouvrir la sphère toujours déjà forclose de la subjectivité métaphysique ne seront que la manifestation d’une tendance répétée à étendre l’influence du sujet à toujours plus d’objets afin de soumettre en dernière instance la totalité de l’étant à la normativité de l’ego. De Descartes à Nietzsche, on passe du sujet « maître et possesseur de la nature » au sujet « maître et seigneur de la Terre » ; on ne fait, autrement dit, que se porter du même au même à la différence d’effectivité près. Mais montrons d’abord les sources cachées de cette métaphysique de la subjectivité. (p. 327-328)

[Excerto de CARON  , Maxence. Heidegger. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005, p. 327-328]

CARON, Maxence. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005.


Ver online : Maxence Caron


[1SuZ, p. 22. Nós sublinhamos

[2SuZ, p. 22. Nous soulignons.