Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Caron (2005:76) – o si-mesmo e o mim-mesmo desde o "mesmo" (fundo?)

quarta-feira 16 de fevereiro de 2022

tradução

A questão do caráter fundamental do si ou do "ente" tendo relação ao ser "é essencialmente distinta da questão do ser de um sob-a-mão [Vorhandenheit   = subsistente, tr. Castilho]" [SZ  :181]. O objetivo é de manifestar, em o eu = eu, a estrutura fundamental-ontológica do mim mesmo, quer dizer, do ser-aberto-a (algo, alguém ou si mesmo). Mas a possibilidade de uma estrutura aberta e uma démarche aberta de estruturação constantemente escapa, e por boas razões, da ontologia tradicional, que não se deixa conduzir senão pela medida do ente-presente. Para Heidegger, o pensamento filosófico tradicional é vítima de uma tendência metodicamente não refreada de fazer com que tudo e qualquer coisa provenha de um simples "fundamento original" [SZ:131]. A falta não consiste em fazer com que tudo venha de um fundo (Heidegger reconhece a exigência de unidade de todo ato de pensamento e fala ele mesmo do (Ab)Grund   donde procede todas as coisas), mas conferir a este fundo um modo inadequado de identidade, uma simplicidade simplista, aí onde, pelo contrário, é preciso liberar para um pensamento o desdobramento essencial da Mesmidade capaz, em seu ser, de fazer surgir não somente algo como o idem, mas também algo como o ipse e sobretudo capaz de fazê-lo surgir tout court – Mesmidade assim irredutível a qualquer idem ou a qualquer ipse e todavia tornando-os possíveis. O único método possível é deixar se desdobrar este fundo não-ôntico que deixa ser algo como uma subjetividade.

Original

La question du caractère fondamental du soi ou de l’« étant » ayant rapport à l’être, « est essentiellement distincte de la question de l’être d’un sous-la-main » [SZ:181]. Le but est de manifester, dans le moi = moi, la structure fondamentale-ontologique du moi-même, c’est-à-dire de l’être-ouvert-à (quelque chose, quelqu’un, ou soi-même). Mais la possibilité d’une structure ouverte et d’une démarche ouverte de structuration échappe constamment, et pour cause, à l’ontologie   traditionnelle qui ne se laisse porter que par la mesure de l’étant-présent. La pensée philosophique traditionnelle est pour Heidegger victime « d’une tendance méthodiquement non réfrénée à faire provenir tout et n’importe quoi d’un « fondement originel » simple » [SZ:131]. Le défaut ne consiste pas à tout faire provenir d’un fond (Heidegger reconnaît l’exigence d’unité de tout acte de pensée et parle lui-même de l’(Ab)Grund d’où procède toutes choses), mais de conférer à ce fond un mode inadéquat d’identité, une simplicité simpliste, là où il faut au contraire libérer pour une pensée le déploiement essentiel de la Mêmeté capable, en son être, de faire surgir non seulement quelque chose comme de l’idem mais également quelque chose comme de l’ipse, et surtout capable de faire surgir tout court — Mêmeté ainsi irréductible à tout idem ou à tout ipse et néanmoins les rendant possibles. La seule méthode possible est de laisser se déployer ce fond non ontique qui laisse être quelque chose comme une subjectivité.

[Excerto de CARON  , Maxence. Heidegger. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005, p. 76]

CARON, Maxence. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005.


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