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NIETZSCHE I [GA6T1]

GA6T1:62-64 – aquele que quer + o querer + o querido

CAP. II VONTADE DE PODER COMO ARTE

segunda-feira 4 de maio de 2020, por Cardoso de Castro

No sentimento abre-se e mantém-se aberto o estado no qual nos encontramos concomitantemente em relação às coisas, em relação a nós mesmos e em relação aos homens que convivem conosco.

Casanova

[…] “Querer: um sentimento que compele, muito agradável!” Um sentimento é a maneira na qual nos encontramos em nossa ligação com o ente, e, com isso, também ao mesmo tempo em nossa ligação conosco mesmo; a maneira como nos encontramos afinados em relação ao ente que nós mesmos não somos e em relação ao ente que nós mesmos somos. No sentimento abre-se e mantém-se aberto o estado no qual nos encontramos concomitantemente em relação às coisas, em relação a nós mesmos e em relação aos homens que convivem conosco. O sentimento é efetivamente esse estado aberto para si mesmo, no qual nossa existência se agita. O homem não é um ser pensante que também quer e que, além disso, teria sentimentos acrescentados ao pensar e ao querer – e isso com a finalidade de embelezamento ou de embrutecimento. Ao contrário, o estado do sentimento é originário, mas o é de tal modo que a ele compertencem o pensar e o querer. A única coisa importante agora é ver que o sentimento tem o caráter do abrir e do manter aberto, e, por isso, sempre à sua maneira, também o caráter do fechamento.

No entanto, se a vontade é um querer-para-além-de-si, então reside nesse para-além-de-si-mesmo o fato de a vontade não se estender simplesmente para fora de si, mas se inserir concomitantemente no querer. O fato de aquele que quer querer se inserir em sua vontade significa: no querer torna-se manifesto o querer e, juntamente com ele, aquele que quer e aquilo que é querido. Na essência da vontade, na de-cisão, reside o fato de a vontade descerrar a si mesma. [1] Portanto, ela não possui esse caráter apenas por meio de um comportamento que se lhe acrescenta, por meio de uma observação do processo da vontade e de uma reflexão quanto a isso, mas a vontade mesma tem muito mais o caráter do manter aberto que abre. Por mais penetrante que sejam, uma auto-observação e uma auto-análise instauradas arbitrariamente nunca trazem à tona nosso si próprio e o modo como as coisas se encontram em relação a ele. Em contrapartida, trazemos nós mesmos à luz em meio ao querer e, correspondentemente, também em meio ao não-querer; e, em verdade, trazemos nós mesmos a uma luz que é acesa pela primeira vez por meio do próprio querer. Querer é sempre um trazer-se-a-si-mesmo, e, com isso, um encontrar-se em meio ao para-fora-de-si, um manter-se no ímpeto para fora de algo e em direção a algo. Dessa forma, a vontade tem aquele caráter do sentimento, do manter aberto o estado mesmo. Junto ao querer – junto a essa dinâmica para-fora-de-si – , esse estado é um compelir. Com isso, a vontade pode ser tomada como um ‘‘sentimento que compele”. Ela não é apenas o sentimento de algo que compele. Ao contrário, ela mesma é algo que compele, e mesmo algo “muito agradável”. O que se abre na vontade – o querer mesmo como de-cisão – é agradável àquele para o qual ele se abre, é agradável para aquele mesmo que quer. No querer vamos ao encontro de nós mesmos como aqueles que propriamente somos. Somente na própria vontade capturamos a nós mesmos em nossa essência mais própria. Aquele que quer é como tal aquele que-quer-para-além-de-si; no querer sabemos que nós mesmos estamos voltados para fora de nós; nós sentimos de algum modo um ser senhor sobre…; um prazer dá a saber o poder que foi alcançado e que se eleva. Por isso, Nietzsche   fala de uma “consciência da diferença”.

Se aqui o sentimento e a vontade são tomados como uma “consciência”, como um "saber”, então se mostra aí da forma mais incisiva possível aquele momento da abertura de algo no interior da própria vontade. No entanto, a abertura não é nenhuma consideração, mas um sentimento. Isso diz: o querer mesmo é um tipo de estado, ele se encontra aberto para e em si mesmo. Querer é sentimento (um estado como um estar afinado). Na medida em que a vontade mesma tem, contudo, aquela pluralidade de figuras já indicada que é intrínseca ao querer-para-além-de-si; e na medida em que tudo isso se torna manifesto na totalidade, pode-se constatar o seguinte: na vontade esconde-se uma multiplicidade de sentimentos. É o que nos diz Nietzsche   em Para além do bem e do mal:

“em todo querer há, primeiramente, uma multiplicidade de sentimentos: o sentimento de um estado do qual saímos, o sentimento de um estado para o qual tendemos, o sentimento dessa ‘saída’ e dessa ‘tendência’, então ainda um sentimento muscular paralelo que se coloca em jogo por meio de um tipo de hábito, mesmo quando não movemos ‘pernas e braços”’.

(GA6PT  :48-50)

Vermal

[…] «Querer: un sentimiento impulsivo, ¡muy agradable!» Un sentimiento es el modo en el que nos encontramos en nuestra referencia al ente y, con ello, al mismo tiempo en la referencia a nosotros mismos; el modo en que estamos templados tanto respecto del ente que no somos como respecto del ente que somos nosotros mismos. En el sentimiento se abre y se mantiene abierto el estado en el que en cada caso estamos, al mismo tiempo, respecto de las cosas, de nosotros mismos y de los seres humanos que nos rodean. El sentimiento es él mismo ese estado abierto a sí en el que se sostiene nuestra existencia. El hombre no es un ser pensante que además quiere, pensar y querer al que se agregarían por otra parte los sentimientos, ya sea para embellecerlos o para afearlos, sino que el estado del sentimiento es lo originario, aunque de modo tal que de ello también forman parte el pensar y el querer. Lo que ahora es importante es simplemente ver que el sentimiento tiene el carácter de abrir y mantener abierto, y por ello también, según el modo del caso, el de cerrar.

Pero si el querer es querer-más-allá-de-sí, en este más-allá-de-sí la voluntad no se va simplemente fuera de sí, sino que se integra en el querer. Que aquel que quiere quiera adentrarse en su voluntad significa: en el querer se revela el querer mismo y, a una con él, el que quiere y lo querido. En la esencia de la voluntad, en la re-solución, radica que ella se abre a sí misma, es decir, no por medio de un comportamiento que se añada posteriormente, por medio de una observación del proceso volitivo y de una reflexión sobre el mismo, sino que la propia voluntad tiene el carácter del mantener abierto que abre. Una autoobservación y disección arbitraria, por más insistente que sea, jamás nos sacará a la luz a nosotros mismos, a nuestra mismidad y al modo en que se encuentra. En el querer, en cambio, y correspondientemente también en el no querer, nos sacamos a la luz, a una luz que es encendida por el querer mismo. Querer es siempre un llevarse-a-sí mismo y con ello un encontrar-se en el ir-más-allá-de-sí, un tener-se en el impulso desde algo hacia algo. Por eso la voluntad tiene aquel carácter propio del sentimiento, el mantener abierto del estado mismo, [57] estado que aquí, en el querer, en ese ir-más-allá-de-sí, es un impulso. Por ello puede concebirse a la voluntad como un «sentimiento impulsivo». No es sólo el sentimiento de algo impulsivo, sino que es él mismo impulsivo, e incluso «muy agradable». Lo que se abre en la voluntad —el querer mismo como resolución— es grato a aquel que se abre, al que quiere. En el querer nos acogemos a nosotros mismos como lo que propiamente somos. Sólo en la voluntad nos recogemos en la esencia más propia. Quien quiere es, en cuanto tal, alguien que quiere-más-allá-de-sí; en el querer nos sabemos más allá de nosotros mismos; sentimos que de algún modo hemos llegado a ser dueños de…; un placer da a conocer el poder que se ha alcanzado y que se acrecienta. Por ello habla Nietzsche   de una «conciencia diferencial».

Al concebir aquí el sentimiento y la voluntad como una «conciencia», como un «saber», se expresa del modo más agudo ese momento de apertura de algo que radica en la voluntad misma; pero la apertura no es un contemplar, sino un sentimiento. Esto quiere decir: el querer mismo está en un estado, está abierto a y en sí mismo. El querer es sentimiento (un estado en cuanto estar templado). En la medida, pues, en que la voluntad tiene la ya aludida pluralidad de formas del querer-más-allá-de-sí, y que todo ello se revela en su totalidad, puede afirmarse que en el querer se encuentra una pluralidad de sentimientos. En ese sentido dice Nietszche en Más allá del bien y del mal (VII, 28 s.):

«En todo querer hay, en primer lugar, una pluralidad de sentimientos, a saber: el sentimiento del estado del que se sale, el sentimiento del estado hacia el que se va, el sentimiento de ese “salir de” e “ir hacia”, a los que se agrega un sentimiento muscular que los acompaña y que, apenas “queremos”, comienza su juego por una especie de hábito, aunque no pongamos “brazos y piernas” en movimiento.»

(GA6ES  :56-57)

Klossowski

[…] « Vouloir : un sentiment pressant, très agréable! » Un sentiment, c’est la manière dont nous nous retrouvons dans notre rapport à l’étant, et du même coup dans notre rapport à nous-mêmes; la manière dont notre état d’humeur s’établit eu [54] égard à l’étant que nous ne sommes pas, et à l’étant que nous sommes nous-mêmes.

Dans le sentiment s’ouvre et demeure ouvert l’état dans lequel nous nous trouvons à la fois face aux choses, face à nous-mêmes et face aux hommes-avec-nous. Le sentiment est par lui-même cet état ouvert à lui-même, dans lequel oscille notre être-là.

L’homme n’est pas un [être] pensant, qui de surcroît voudrait, en sorte qu’à la pensée et au vouloir dussent s’ajouter des sentiments, soit pour l’embellissement, soit pour l’enlaidissement. C’est au contraire la « disposition » du sentiment qui constitue le fait primitif, de telle sorte cependant que le penser et le vouloir lui appartiennent. Il importe pour le moment de voir que le sentiment a ici le caractère de l’ouvrir et du tenir-ouvert et de ce fait aussi, toujours selon son genre, le caractère du receler.

Mais si la volonté revient à : vouloir-par-delà-soi-même, c’est que dans ce par-delà-soi-même réside le fait que la volonté ne va pas simplement par-delà-elle-même, mais qu’elle s’emporte elle-même dans le vouloir. Que le voulant se veuille à l’intérieur de sa volonté, ceci veut dire : dans le vouloir, le vouloir lui-même et, du même coup, le voulant et le voulu se révèlent à eux-mêmes. Dans l’essence de la volonté, dans la ré-solution, réside le fait qu’elle-même s’ouvre à elle-même, donc non pas à partir d’un comportement qui surviendrait après coup par une observation du processus de la volonté et une réflexion sur ce processus, mais uniquement parce que la volonté elle-même a le caractère de l’ouvrant tenir ouvert; une observation et une décomposition de soi-même si minutieuses, si pénétrantes fussent-elles, ne nous mettraient jamais en plein jour, ni notre soi, ni son état momentané. En revanche dans le vouloir nous nous produisons en pleine lumière et du même coup aussi dans le non-vouloir, et cela dans une lumière qui n’est allumée que par le vouloir même. Vouloir est toujours un venir-à-soi-même et, de la sorte, un se trouver dans le par-delà-soi-même, un se tenir dans le fait d’être poussé loin de quelque chose vers quelque chose. C’est pourquoi la volonté a ce caractère du sentiment, du maintenir ouvert propre à l’état même, lequel état, ici au moment de vouloir — au moment de ce par-delà-soi-même — est une impulsion. De là vient que la volonté puisse être conçue en tant qu’un « sentiment pressant ». Elle n’est pas seulement le sentiment de quelque chose qui nous presse, qui nous pousse, mais, par elle-même, quelque chose de pressant, voire (de) « très agréable ». Ce qui s’ouvre dans la volonté — le vouloir même en tant que ré-solution — agrée à celui [55] auquel le vouloir s’ouvre, au voulant-même. Dans le vouloir nous allons au-devant de nous-mêmes, en tant que ce que nous sommes spécifiquement. Ce n’est que dans la volonté même que nous nous saisissons dans notre essence la plus particulière. Le voulant, en tant que tel, est le voulant par-delà-soi-même; dans le vouloir nous nous savons en tant que par-delà-nous-mêmes; un être maître de… acquis d’une manière quelconque devient sensible; un plaisir nous donne conscience de la puissance acquise et qui va en s’intensifiant. C’est pourquoi Nietzsche   parle d’un état conscient d’une différence, d’une Differenz-Bewusstheit.

Si le sentiment et la volonté sont ici conçus en tant qu’une « conscience » et un « savoir », c’est que s’y montre de la façon la plus aiguë ce moment de l’ouverture de quelque chose dans la volonté même; mais l’ouverture n’est pas une contemplation, c’est un sentiment. Ceci veut dire que le vouloir même est disposition, se tient ouvert à soi-même et en soi-même. Le vouloir est sentiment (état d’humeur déterminé). Dès lors, pour autant que la volonté possède cette pluralité structurelle du vouloir-par-delà-soi-même et que tout ceci se révèle dans la totalité, on peut établir que dans le vouloir réside une pluralité de sentiments. Ainsi Nietzsche   dit dans Par-delà le bien et le mal (VII, 28 sq.) :

« Dans chaque vouloir il y a d’abord une pluralité de sentiments, notamment le sentiment de l’état duquel s’éloigner et le sentiment de l’état vers lequel aller, le sentiment même de cet éloignement et de cette approche, en outre une sensation musculaire concomitante, laquelle, quand même nous ne bougerions pas “bras et jambes”, commence son jeu, par une sorte d’habitude, sitôt que nous “voulons”. »

(GA6T1FR  :53-55)

Farrell Krell

[…] “Willing: a compelling feeling, quite pleasant!” A feeling is the way we find ourselves in relationship to beings, and thereby at the same time to ourselves. It is the way we find ourselves particularly attuned to beings which we are not and to the being we ourselves are. In feeling, a state opens up, and stays open, in which we stand related to things, to ourselves, and to the people around us, always simultaneously. Feeling is the very state, open to itself, in which our Dasein hovers. Man is not a rational creature who also wills, and in addition to thinking and willing is equipped with feelings, whether these make him admirable or despicable; rather, the state of feeling is original, although in such a way that thinking and willing belong together with it. Now the only important matter that remains for us to see is that feeling has the character of opening up and keeping open, and therefore also, depending on the kind of feeling it is, the character of closing off.

But if will is willing out beyond itself, the “out beyond” does not imply that will simply wanders away from itself; rather, will gathers itself together in willing. That the one who wills, wills himself into his will, means that such willing itself, and in unity with it he who wills and what is willed, become manifest in the willing. In the essence of will, in resolute openness, will discloses itself to itself, not merely by means of some further act appended to it, some sort of observation of the willing process and reflection on it; on the contrary, it is will itself that has the character of opening up and keeping open. No self-observation or self-analysis which we might undertake, no matter how penetrating, brings to light our self, and how it is with our self. In contrast, [52] in willing and, correspondingly, in not willing, we bring ourselves to light; it is a light kindled only by willing. Willing always brings the self to itself; it thereby finds itself out beyond itself. It maintains itself within the thrust away from one thing toward something else. Will therefore has the character of feeling, of keeping open our very state of being, a state that in the case of will—being out beyond itself—is a pulsion. Will can thus be grasped as a “compelling feeling." It is not only a feeling of something that prods us, but is itself a prodding, indeed of a sort that is “quite pleasant/’ What opens up in the will— willing itself as resolute openness—is agreeable to the one for whom it is so opened, the one who wills. In willing we come toward ourselves, as the ones we properly are. Only in will do we capture ourselves in our most proper essential being. He who wills is, as such, one who wills out beyond himself; in willing we know ourselves as out beyond ourselves; we sense a mastery over . .., somehow achieved; a thrill of pleasure announces to us the power attained, a power that enhances itself. For that reason Nietzsche   speaks of a “consciousness of difference."

If feeling and will are grasped here as “consciousness" or “knowledge," it is to exhibit most clearly that moment of the opening up of something in will itself. But such opening is not an observing; it is feeling. This suggests that willing is itself a kind of state, that it is open in and to itself. Willing is feeling (state of attunement). Now since the will possesses that manifold character of willing out beyond itself, as we have suggested, and since all this becomes manifest as a whole, we can conclude that a multiplicity of feelings haunts our willing. Thus in Beyond Good and Evil (VII, 28-29) Nietzsche   says:

… in every willing there is in the first place a multiplicity of feelings, namely, the feeling of the state away from which, the feeling of the state toward which, the feeling of this very “away” and “toward”; then there is also an accompanying feeling in the musculature that comes into play by force of habit as soon as we “will,” even if we do not set “arms and legs” in motion.

Original

[…] »Wollen: ein drängendes Gefühl, sehr angenehm!« Ein Gefühl ist die Weise, in der wir uns in unserem Bezug zum Seienden und damit auch zugleich in unserem Bezug zu uns selbst finden; die Weise, wie wir uns zumal zum Seienden, das wir nicht sind, und zum Seienden, das wir selbst sind, gestimmt finden. Im Gefühl eröffnet sich und hält sich der [62] Zustand offen, in dem wir jeweils zugleich zu den Dingen, zu uns selbst und zu den Menschen mit uns stehen. Das Gefühl ist selbst dieser ihm selbst offene Zustand, in dem unser Dasein schwingt. Der Mensch ist nicht ein denkendes Wesen, das auch noch will, wobei dann außerdem zu Denken und Wollen Gefühle hinzukommen, sei es zur Verschönerung oder Verhäßlichung, sondern die Zuständlichkeit des Gefühls ist das Ursprüngliche, aber so, daß zu ihm Denken und Wollen mitgehören. Wichtig ist jetzt nur, zu sehen, daß das Gefühl den Charakter des Eröffnens und des Offenhaltens und deshalb auch je nach seiner Art den des Verschließens hat.

Wenn der Wille aber ist: Über-sich-hinaus-Wollen, so liegt in diesem Über-sich-hinaus, daß der Wille nicht einfach über sich hinweggeht, sondern sich mit in das Wollen hineinnimmt. Daß der Wollende sich in seinen Willen hinein will, das besagt: im Wollen wird das Wollen selbst und in eins damit der Wollende und das Gewollte sich offenbar. Im Wesen des Willens, in der Ent-schlossenheit, liegt, daß er sich selbst sich erschließt, also nicht erst durch ein dazukommendes Verhalten, durch ein Beobachten des Willensvorganges und ein Nachdenken darüber, sondern der Wille selbst hat den Charakter des eröffnenden Offenhaltens. Eine beliebig angesetzte und noch so eindringliche Selbstbeobachtung und Zergliederung bringt uns, unser Selbst und das, wie es mit ihm steht, niemals an den Tag. Im Wollen dagegen bringen wir uns ans Licht und entsprechend auch im Nichtwollen, und zwar an ein Licht, das durch das Wollen selbst erst angesteckt wird. Wollen ist immer ein Sich-zu-sich-selbst-bringen und damit ein Sich-befinden in dem Über-sich-hinweg, ein Sich-halten in dem Drängen von etwas weg   zu etwas hin. Der Wille hat daher jenen Charakter des Gefühls, des Offenhaltens des Zustandes selbst, welcher Zustand hier beim Wollen — diesem Über-sich-hinweg — ein Drängen ist. Der [65] Wille kann daher als ein »drängendes Gefühl« gefaßt werden. Er ist nicht nur ein Gefühl von etwas Drängendem, sondern selbst etwas Drängendes, und sogar ein »sehr angenehmes«. Was im Willen sich eröffnet — das Wollen selbst als Entschlossenheit —, ist demjenigen, dem es sich eröffnet, dem Wollenden selbst, genehm. Im Wollen kommen wir uns selbst entgegen als die, die wir eigentlich sind. Wir fangen uns im Willen selbst erst auf im eigensten Wesen. Der Wollende ist als ein solcher der über-sich-hinaus-Wollende; im Wollen wissen wir uns als über uns hinaus; ein irgendwie erreichtes Herrsein über . . . wird fühlbar; eine Lust gibt die erreichte und sich steigernde Macht zu wissen. Deshalb spricht Nietzsche   von einer »Differenz-Bewußtheit«.

Wenn hier das Gefühl und der Wille als ein »Bewußtsein«, als ein »Wissen« gefaßt werden, so zeigt sich darin am schärfsten jenes Moment der Eröffnung von etwas im Willen selbst; aber die Eröffnung ist kein Betrachten, sondern Gefühl. Dies besagt: das Wollen selbst ist zuständlich, steht offen zu und in sich selbst. Wollen ist Gefühl (Zustand als Gestimmtheit). Sofern nun der Wille jene schon angedeutete Vielgestaltigkeit des Über-sich-hinaus-wollens hat und all dieses im Ganzen offenbar wird, kann man feststellen: im Wollen steckt eine Mehrheit von Gefühlen. So sagt Nietzsche   in »Jenseits von Gut und Böse« (VII, 28 f.):

»in jedem Wollen ist erstens eine Mehrheit von Gefühlen, nämlich das Gefühl des Zustandes von dem weg  , das Gefühl des Zustandes zu dem hin, das Gefühl von diesem „weg  ‟ und „hin‟ selbst, dann noch ein begleitendes Muskelgefühl, welches, auch ohne daß wir „Arme und Beine‟ in Bewegung setzen, durch eine Art Gewohnheit, sobald wir „wollen‟, sein Spiel beginnt.«


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[1Heidegger acentua, nessa passagem, a relação entre dois termos centrais de Ser e tempo: os termos Entschlossenheit e Erschlossenheit, que traduzo respectivamente por decisão e descerramento. O que ele procura frisar com esse acento é justamente o fato de a decisão inerente à vontade não ter nada em comum com uma certa resolução da subjetividade por um certo modo de ação, mas sim com a inserção do que quer e do que é querido no campo de jogo descerrado pela vontade. Cf., quanto a esse ponto, Ser e tempo, § 41. (N.T.)