Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Loreau (1989:292-293) – antecipação [vorlaufen]

sexta-feira 27 de setembro de 2024

A questão volta a ser esta: o que significa o fato de que, ao compreender e ver, o ser é antecipado? Como podemos pensar sobre essa antecipação? Essa é a questão levantada pela fenomenologia. Seu significado é duplo, na medida em que aponta em duas direções.

1) Cabe à fenomenologia tornar explícita essa antecipação original do ser, redescobrindo-o como um fenômeno. Mas será que ela consegue? O ponto de partida obrigatório da fenomenologia é o ser, e qualquer pergunta sobre o ser emana dele. Portanto, ela não pode fazer outra coisa senão entender a antecipação do ser com base no ser, e até mesmo do ser como ele primeiro chega até nós: ser-simplesmente-dado (vorhanden). Assim, a marcha em direção à antecipação original do ser deve ser realizada pela redução do ser, pela desconfiança em relação a ele. Faz parte da compreensão fenomenológica do fenômeno da antecipação do ser que o ser é não-ente. De fato, o ser do Dasein, o ser, é constantemente abordado em relação ao ente simplesmente-dado. A negação deste último é inicialmente parte de seu ser. E, dessa forma, o simplesmente-dado é lhes essencial: é parte do ser. Esse é um efeito da fenomenologia.

2) Além disso, o que há na antecipação que permite que o logos esteja em sintonia com a visão? Ela contém uma forma original de logos — como um pré-logos? Como o ser se manifesta ou é aí predestinado (vorzeichnen, 154)? Existe na visão original do ser e, portanto, no ser, um logos primordial que permite que o logos da explicitação — isto é, o logos fenomenológico — se ajuste ao ser e o domine? É isso que a explicitação deve nos permitir descobrir, uma vez que é a liberação expressa de um implícito compreendido na compreensão.

Uma coisa deve ficar clara desde o início: a explicitação pressupõe que o que ela traz à luz já é sempre compreendido de antemão. O explícito é a revelação e a elaboração do implícito. “Na explicitação, a compreensão não se torna outra coisa, mas ela mesma” (148; trans. 122). O papel da linguagem na explicitação é revelar o antecipado. Ela não desempenha nenhum papel na formação do revelado, o modo de ser do ente. A compreensão é “uma visão do ser como tal” (146), e o logos se limita a trazê-lo à luz, a abrigá-lo dentro de si mesmo. Sendo esse o caso, o que é explicitação?


Ver online : Max Loreau