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Husserl – fenomenologia é idealismo transcendental
segunda-feira 18 de novembro de 2024
Realizada de maneira sistemática e concreta, a fenomenologia é idealismo transcendental, se bem que em acepção fundamentalmente nova. Não o é no sentido de um idealismo psicológico que, a partir dos dados sensíveis desprovidos de sentido, pretenda deduzir um mundo cheio de sentido. Não é um idealismo kantiano que julga poder deixar aberta a possibilidade de um mundo de coisas em si, quanto mais não seja a título de conceito-limite. É um idealismo que não é mais que uma explicitação do meu ego enquanto sujeito de conhecimentos possíveis. Uma explicitação consequente, realizada na forma de ciência egológica sistemática, tendo em consideração todos os sentidos existenciais possíveis para mim, como ego. Este idealismo não é formado por um jogo de argumentos e não se opõe numa luta dialéctica a nenhum «realismo». É a explicitação do sentido de todo tipo de ser que eu, o ego, posso imaginar; e, mais especialmente, do sentido da transcendência que a experiência me dá realmente: a da natureza, da cultura, do mundo, em geral; o que quer dizer: desvendar de uma maneira sistemática a própria intencionalidade constituinte. A prova deste idealismo é a fenomenologia mesma.
E. Husserl , Méditations Cartésiennes, trad. de G. Peiffer e E. Lévinas , 1947.
Ver online : Edmund Husserl