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GA5:93-94 – humanismo
quinta-feira 25 de outubro de 2018
Borges-Duarte
O entrelaçamento, decisivo para a essência da modernidade, dos dois processos – que o mundo se torna imagem e o homem se torna sujeito – lança, ao mesmo tempo, uma luz sobre o processo fundamental, à primeira vista quase contraditório, da história moderna. Quanto mais abrangente e inexoravelmente o mundo estiver à disposição como conquistado, quanto mais objectivamente aparecer o objecto, tanto mais subjectivamente, isto é, tanto mais manifestamente se erguerá o subjectum, tanto mais irresistivelmente a consideração do mundo e a doutrina do mundo se transformará numa doutrina acerca do homem, em antropologia. Não é de admirar que só onde o mundo se torna imagem surja o humanismo. Mas se não era possível, no grande tempo do mundo grego, qualquer coisa como uma imagem do mundo, então também não podia vigorar um humanismo. Daí que o humanismo, num sentido historiográfico mais estreito, não seja outra coisa que uma antropologia moral-estética. Este nome não designa aqui uma qualquer investigação científico-natural do homem. Também não designa a doutrina, estabelecida dentro da teologia cristã, do homem criado, caído e salvo. O que assinala é aquela interpretação filosófica do homem que explica e avalia, a partir do homem e para o homem, o ente na totalidade.
O cada vez mais exclusivo enraizamento da interpretação do mundo na antropologia, que surge desde o final do século XVIII, encontra a sua expressão em a atitude fundamental do homem em relação ao ente na totalidade se determinar como mundividência. É desde esse tempo que esta palavra entra no vocabulário corrente. Logo que o mundo se torna imagem, a posição do homem concebe-se como mundividência. É certo que a palavra mundividência sugere o equívoco de como se aí se tratasse apenas de um contemplar passivo do mundo. Daí que se tenha acentuado com razão, já no século XIX, que mundividência significa também, e até antes de mais, intuição da vida. Que mesmo assim a palavra mundividência se afirme como nome para a posição do homem no meio do ente, tal fornece a prova de quão decisivamente o mundo se tornou imagem, assim que o homem trouxe a sua vida, enquanto subjectum, para a primazia de centro de referência. Tal significa que o ente só vale como algo que é, enquanto e na medida em que está envolvido e remetido para esta vida, ou seja, na medida em que é vivenciado [er-lebt] e se torna vivência [Erlebnis]. Por mais inadequado ao mundo grego que o humanismo tivesse de ter sido, tanto mais impossível teria sido uma mundividência medieval e seria contraditória uma mundividência católica. Por mais necessária e legitimamente que, para o homem moderno, tudo se tenha de converter em vivência, tanto mais acelerado será o seu passo para a [GA5 :87] configuração da sua essência, e tanto mais certo será que os gregos, durante os festejos olímpicos, jamais tiveram vivências. [GA5IBD:116-117]
Original
Die für das Wesen der Neuzeit entscheidende Verschränkung der beiden Vorgänge, daß die Welt zum Bild und der Mensch zum Subjectum wird, wirft zugleich ein Licht auf den im ersten Anschein fast widersinnigen Grundvorgang der neuzeitlichen Geschichte. Je umfassender nämlich und durchgreifender die Welt als eroberte zur Verfügung steht, je objektiver das Objekt erscheint, um so subjektiver, d. h. vordringlicher erhebt sich das Subjectum, um so unaufhaltsamer wandelt sich die 86 Welt-Betrachtung und Welt-Lehre zu einer Lehre vom Menschen, zur Anthropologie. Kein Wunder ist, daß erst dort, wo die Welt zum Bild wird, der Humanismus heraufkommt. Aber sowenig in der großen Zeit des Griechentums dergleichen wie ein Weltbild möglich war, sowenig konnte sich damals ein Humanismus zur Geltung bringen. Der Humanismus im engeren historischen Sinne ist daher nichts anderes als eine moralisch-ästhetische Anthropologie. Dieser Name meint hier nicht irgendeine naturwissenschaftliche Erforschung des Menschen.
Er meint auch nicht die innerhalb der christlichen Theologie festgelegte Lehre vom geschaffenen, gefallenen und erlösten Menschen. Er bezeichnet jene philosophische Deutung des Menschen, die vom Menschen aus und auf den Menschen zu das Seiende im Ganzen erklärt und abschätzt.
Die immer ausschließlichere Verwurzelung der Weltauslegung in der Anthropologie, die seit dem Ende des 18. Jahrhunderts einsetzt, findet ihren Ausdruck darin, daß sich die Grundhaltung des Menschen zum Seienden im Ganzen als Weltanschauung bestimmt. Seit jener Zeit gelangt dieses Wort in den Sprachgebrauch. Sobald die Welt zum Bilde wird, begreift sich die Stellung des Menschen als Weltanschauung. Zwar legt das Wort Weltanschauung das Mißverständnis nahe, als handle es sich da nur um ein untätiges Betrachten der Welt. Man hat deshalb schon im. Jahrhundert mit Recht betont, Weltanschauung bedeute auch und sogar vor allem Lebensanschauung. Daß gleichwohl das Wort Weltanschauung als Name für die Stellung des Menschen inmitten des Seienden sich behauptet, gibt den Beleg dafür, wie entschieden die Welt zum Bild geworden ist, sobald der Mensch sein Leben als das Subjectum in den Vorrang der Bezugsmitte gebracht hat. Dies bedeutet: Das Seiende gilt erst als seiend, sofern es und soweit es in dieses Leben ein- und zurückbezogen, d. h. er-lebt und Er-lebnis wird. So ungemäß dem Griechentum jeder Humanismus bleiben mußte, so unmöglich war eine mittelalterliche, so widersinnig ist eine katholische Weltanschauung. So notwendig und rechtmäßig dem neuzeitlichen Menschen alles zum Erlebnis werden muß, je uneingeschränkter er in die Gestaltung seines Wesens ausgreift, so gewiß konnten die Griechen bei der Festfeier in Olympia niemals Erlebnisse haben. [GA5 :93-94]
[Excerto de HEIDEGGER, Martin. Caminhos de Floresta. Coordenação Científica da Edição e Tradução Irene Borges-Duarte . Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002, p. 116-117]
Ver online : CAMINHOS DE FLORESTA