Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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GA29-30:239-240 – o que é mundo?

sexta-feira 8 de novembro de 2024

O caminho para a elaboração da pergunta “o que é mundo?” deve ser uma consideração comparativa. No entanto, esta pergunta mesma não é desprovida de raízes. A tonalidade afetiva fundamental [Grundstimmung] é o lugar constante da pergunta e temos de nos lembrar sempre uma vez mais disto. Através de uma discussão comparativa das três teses: a pedra é sem mundo, o animal é pobre de mundo e o homem é formador de mundo, queremos circunscrever provisoriamente o que temos de entender em geral sobre o termo mundo e em que direção temos de olhar em meio a esta compreensão. Nós perguntamos: o que é mundo? Nós perguntamos deste modo não para conquistarmos uma resposta qualquer, mesmo na forma de uma definição, mas para desdobrarmos uma questão metafísica. Na pergunta corretamente desdobrada reside a compreensão propriamente metafísica. Dito de outro modo: as perguntas metafísicas permanecem sem resposta – no sentido da comunicação de um estado de coisas conhecido. As perguntas metafísicas não permanecem sem resposta porque não se pode alcançar esta resposta, porque a metafísica seria algo impossível. Ao contrário, elas ficam sem resposta porque um tal responder, no sentido da comunicação de um estado de coisas constatado, não é suficiente para estas perguntas. Além disto, ele não é apenas insuficiente para elas, mas as degrada e sufoca.

Contudo, para podermos realmente desdobrar agora a pergunta “o que é mundo?” precisamos conquistar uma primeira compreensão do que temos em vista com o termo “mundo”, disto para que reservamos este termo. Para levarmos a cabo esta primeira compreensão, empreenderemos a chamada consideração comparativa: a pedra é sem mundo; o animal é pobre de mundo; o homem é formador de mundo – uma consideração comparativa entre a pedra, o animal e o homem. O [240] ponto de vista da comparação, isto em relação ao que estabelecemos a comparação, é a respectiva ligação destes três entes supracitados com o mundo. As diferenças nesta ligação (ou não-ligação) realçam o que denominamos mundo. Ao que parece, uma tal consideração comparativa procede inicialmente de maneira totalmente ingênua, como se os três termos fossem três coisas coordenadas, como se eles estivessem em um mesmo nível. Nós começamos a caracterização comparativa à medida que partimos do meio, da pergunta pelo que significa a sentença: o animal é pobre de mundo; e, assim, como que olhamos constantemente para os dois lados: para a ausência de mundo da pedra e para a formação de mundo do homem. A partir destes dois lados consideramos o animal e sua pobreza de mundo. Com esta posição no interior do procedimento comparativo, inicialmente não está nada decidido quanto à hierarquia metafísica. [GA29-30PT  :]


Ver online : Die Grundbegriffe der Metaphysik. Welt – Endlichkeit – Einsamkeit [GA29-30]