Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Beaufret (1998:371) – Sein und Zeit

quinta-feira 3 de outubro de 2024

Sein und Zeit   é um livro cujo conteúdo é impossível de explicar, pois tem menos conteúdo do que a criação de uma linguagem cujas palavras nos dizem o que já sabíamos. O homem não tem nada atrás de si, a não ser mais e mais de si mesmo, e nada à sua frente, a não ser o nada de sua própria morte, da qual ele se refugia em tudo o que o mundo pode lhe oferecer na forma de “preocupações circunstanciais” que ele mesmo cria para si mesmo. Mas, sob a ocupação que ele adquire dessa forma, cujo sucesso ou fracasso preenche seu horizonte, persiste algo mais, que raramente se rompe para tornar insignificante todo o seu sistema de fugas. Essa é a desorientação radical da angústia que, dos limites mais distantes de seu próprio déjà vu, o coloca frente a frente com o nada onde ele pensava estar lutando com algo. Da provação de tal desorientação, no entanto, ele retorna a si mesmo, não mais pobre, mas mais experiente, não porque seja mais hábil no uso de seu tempo, mas porque está mais aberto à sua própria tarefa, que se torna ainda mais séria porque é mais “liberada dos ídolos que todos carregam dentro de si e para os quais nunca deixam de escapar furtivamente” [GA9  :O que é metafísica?].

[BEAUFRET  , Jean. Leçons de Philosophie. Paris: Seuil, 1998]


Ver online : Jean Beaufret