Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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região

quarta-feira 13 de dezembro de 2023

Region, Gegend

Ser” não delimita a REGIÃO [Region] suprema do ente, pois esse se articula conceitualmente segundo gênero e espécie: oute to on genos. STMSC: §1

A elaboração do âmbito em suas estruturas fundamentais já foi, de certo modo, efetuada pela experiência e interpretação pré-científicas do setor de ser que delimita a própria REGIÃO de objetos. STMSC: §3

Como teoria das condições de acesso à própria natureza, a teoria da relatividade procura preservar a imutabilidade das leis do movimento através de uma determinação de toda a relatividade, colocando-se com isso diante da questão da estrutura da REGIÃO de objetos por ela pressuposta, isto é, do problema da matéria. STMSC: §3

Até que ponto, na caracterização do manual, já nos deparamos com a sua espacialidade? Já falamos do que numa primeira aproximação se apresenta como manual. Isto não indica apenas o ente que vem ao encontro em primeiro lugar, aludindo igualmente ao ente que se acha na “proximidade”. O manual do modo de lidar cotidiano possui o caráter de proximidade. Examinando-se com precisão, esta proximidade do instrumento já se acha indicada no próprio termo que exprime seu ser, na “manualidade”. O ente “à mão” sempre possui uma proximidade diferente que não se estipula medindo-se distâncias. Essa proximidade regula-se a partir do uso e manuseio “a se levar em conta” na circunvisão. A circunvisão da ocupação fixa o que, desse modo, está próximo também quanto à direção em que o instrumento é, cada vez, acessível. A proximidade direcionada do instrumento significa que ele não ocupa uma posição no espaço, meramente localizada em algum lugar, mas que, como instrumento, ele se acha, essencialmente, instalado, disposto, instituído e alojado. O instrumento tem seu lugar ou então “está por aí” [»da«], o que se deve distinguir fundamentalmente de uma simples ocorrência numa posição arbitrária do espaço. Cada lugar se determina como lugar deste instrumento para…, a partir de um todo de lugares reciprocamente direcionados do conjunto instrumental, “à mão” no mundo circundante. O lugar e a multiplicidade de lugares não devem ser interpretados como o onde de qualquer ser simplesmente dado de coisas. O lugar é sempre o “aqui” e “lá” determinados, a que pertence um instrumento. Essa pertinência corresponde ao caráter de instrumento do manual, isto é, ao pertencer a um todo instrumental segundo uma conjuntura. A condição de possibilidade da pertinência localizável de um todo instrumental reside no para onde a que se remete a totalidade dos lugares de um contexto instrumental. Chamamos de REGIÃO este para onde da possível pertinência instrumental, previamente visualizado no modo de lidar da ocupação dotada de uma circunvisão. STMSC: §22

“Na REGIÃO de” diz não apenas “na direção de”, mas também na periferia do que está nesta direção. O lugar constituído pela direção e distância – a proximidade é apenas um modo de distância – já opera uma orientação para e dentro de uma REGIÃO. Para que a indicação e o encontro de lugares dentro de uma totalidade instrumental disponível à circunvisão sejam possíveis, é preciso que já se tenha descoberto previamente uma REGIÃO. Esta orientação regional da multiplicidade de lugares do que está à mão constitui o circundante, isto é, o estar em torno de nós dos entes que de imediato vêm ao encontro no mundo circundante. Numa primeira aproximação, nunca nos é dado uma multiplicidade tridimensional de possíveis posições preenchidas por coisas simplesmente dadas. STMSC: §22

Regiões não se formam a partir de coisas simplesmente dadas em conjunto, mas estão sempre à mão nos vários lugares específicos. Os próprios lugares dependem dos entes que se acham à mão na circunvisão da ocupação ou que, como tais, são encontrados. O que constantemente está à mão não tem um lugar, pois é previamente levado em conta pelo ser-no-mundo da circunvisão. O onde de sua manualidade é levado em conta na ocupação e se orienta para os demais entes à mão. Assim, por exemplo, o sol cuja luz e calor são usados cotidianamente possui seus lugares marcados e descobertos pela circunvisão, a partir da possibilidade de emprego variável daquilo que ele propicia: o nascente, o meio-dia, o poente, a meia-noite. Os lugares deste manual em contínua mudança, e não obstante uniforme, tornam-se “indicações” privilegiadas de suas regiões. Esses pontos cardeais, que ainda não precisam ter um sentido geográfico, proporcionam previamente o para onde de todo delineamento ulterior de qualquer REGIÃO que possa vir a ser ocupada por lugares. A casa tem o seu lado do sol e o seu lado da ventilação; por ele se orienta a distribuição dos “cômodos” e nestes, novamente, a “instalação” de acordo com o seu caráter instrumental. Igrejas e sepulturas, por exemplo, são situadas segundo o nascente e o poente, regiões da vida e da morte, a partir das quais a própria presença [Dasein  ] se determina no tocante às suas possibilidades mais próprias de ser-no-mundo. A ocupação da presença [Dasein] que, sendo, está em jogo seu próprio ser, descobre previamente as regiões em que, cada vez, está em jogo uma conjuntura decisiva. A descoberta prévia das regiões também se determina pela totalidade conjuntural em que se libera o manual enquanto aquilo que vem ao encontro. STMSC: §22

A manualidade prévia de cada REGIÃO possui um sentido ainda mais originário do que o ser do manual, a saber, o caráter de familiaridade que não causa surpresa. Ela mesma só se torna visível no modo da surpresa, numa descoberta do que está à mão, guiada pela circunvisão segundo os modos deficientes de ocupação. A REGIÃO do lugar, muitas vezes, torna-se explicitamente acessível como tal pela primeira vez quando alguma coisa não se encontra em seu lugar. O espaço que, no ser-no-mundo da circunvisão, descobre-se como espacialidade do todo instrumental, pertence sempre ao próprio ente como o seu lugar. O mero espaço ainda se acha velado. O espaço está fragmentado CH: não, justamente uma unidade dos locais, especial e não fragmentada em lugares. Essa espacialidade, no entanto, dispõe de sua própria unidade através da totalidade conjuntural mundana do que está à mão no espaço. O “mundo circundante” não se orienta num espaço previamente dado, mas a sua manualidade específica articula, na significância, o contexto conjuntural de uma totalidade específica de lugares referidos à circunvisão. Cada mundo sempre descobre a espacialidade do espaço que lhe pertence. Do ponto de vista ôntico, a possibilidade de encontro com um manual em seu espaço circundante só é possível porque a própria presença [Dasein] é “espacial”, no tocante a seu ser-no-mundo. STMSC: §22

Quando, em suas ocupações, a presença [Dasein] aproxima de si alguma coisa, isto não significa que a tenha fixado numa posição do espaço que possua o menor intervalo de algum ponto do seu corpo. Aproximar significa: na periferia do que está imediatamente à mão numa circunvisão. A aproximação não se orienta pela coisa-eu dotada de corpo, mas pelo ser-no-mundo da ocupação, isto é, pelo que sempre vem ao encontro imediatamente no ser-no-mundo. A espacialidade da presença [Dasein] também não se determina, indicando-se a posição em que uma coisa corpórea é simplesmente dada. Sem dúvida, também dizemos que a presença [Dasein] sempre ocupa um lugar. Este “ocupar”, no entanto, deve ser em princípio distinto do estar à mão num lugar, dentro de uma REGIÃO. Ocupar um lugar deve ser concebido como distanciar o manual do mundo circundante dentro de uma REGIÃO previamente descoberta numa circunvisão. A presença [Dasein] compreende o aqui a partir de um lá do mundo circundante. O aqui não indica o onde de algo simplesmente dado, mas o estar junto de um ser que produz simultaneamente com esse dis-tanciamento. De acordo com sua espacialidade, a presença [Dasein], numa primeira aproximada, nunca esta aqui, mas sempre lá, de onde retorna para aqui. Todavia, tudo isso apenas se dá no modo em que a presença [Dasein] interpreta o seu ser-para… das ocupações a partir do que lá está a mão. É o que se torna totalmente claro pela particularidade fenomenal inerente a estrutura do dis-tanciamento, própria do ser-em. STMSC: §23

Enquanto ser-no-mundo, a presença [Dasein] já descobriu a cada passo um “mundo”. Caracterizou-se esse descobrir, fundado na mundanidade do mundo, como liberação dos entes numa totalidade conjuntural. A ação liberadora de deixar e fazer em conjunto se perfaz no modo da referência, guiada pela circunvisão e fundada numa compreensão prévia da significância. Mostra-se assim que, dentro de uma circunvisão, o ser-no-mundo é espacial. E somente porque a presença [Dasein] é espacial, tanto no modo de dis-tanciamento quanto no modo de direcionamento, o que se acha à mão no mundo circundante pode vir ao encontro em sua espacialidade. A liberação de uma totalidade conjuntural é, de maneira igualmente originária, um deixar e fazer em conjunto que, numa REGIÃO, dis-tancia e direciona, ou seja, libera a pertinência espacial do que está à mão. Na significância, familiar à presença [Dasein] nas ocupações de seu ser-em, reside também a abertura essencial do espaço. STMSC: §24

O espaço assim aberto com a mundanidade do mundo ainda não tem nada a ver com o puro conjunto das três dimensões. Neste abrir-se mais imediato, o espaço enquanto puro continente de uma ordem métrica de posições e de uma determinação métrica de postos ainda permanece velado. Com o fenômeno de REGIÃO, indicamos a perspectiva em que o espaço se descobre previamente na presença [Dasein]. Entendemos REGIÃO como o para onde a que possivelmente pertence o conjunto instrumental à mão, que poderá vir ao encontro segundo direções e distanciamentos, isto é, em um lugar. A pertinência determina-se a partir da significância constitutiva do mundo e articula, num possível para onde, o para aqui e o para lá. O para onde (Wohin  ) em geral acha-se prelineado pela totalidade referencial estabelecida num para onde da ocupação, em cujo seio a ação liberadora de deixar e fazer em conjunto instaura referências. Numa REGIÃO sempre se estabelece uma conjuntura com o que vem ao encontro enquanto manual. A conjuntura regional do espaço pertence à totalidade conjuntural que constitui o ser do que está à mão no mundo circundante. Com base nesta totalidade conjuntural do espaço é que se pode encontrar e determinar a forma e a direção do que está à mão. De acordo com a possível transparência da circunvisão ocupacional, distancia-se e direciona-se o manual intramundano junto ao ser fático da presença [Dasein]. STMSC: §24

O deixar e fazer vir ao encontro, constitutivo do ser-no-mundo dos entes intramundanos, é um “dar-espaço”. Esse “dar-espaço”, que também denominamos de arrumar, consiste na liberação do que está à mão para a sua espacialidade. É este arrumar como doação preliminar que descobre um conjunto possível de lugares determinados pela conjuntura e que possibilita a orientação fática de cada passo. Enquanto ocupação com o mundo numa circunvisão, a presença [Dasein] pode tanto “arrumar” como desarrumar e mudar a arrumação, e isso porque o arrumar, entendido como existencial, pertence a seu ser-no-mundo. Contudo, nem a REGIÃO previamente descoberta a cada vez e nem mesmo a espacialidade de cada passo são explicitamente visíveis. Em si mesma, ela está presente à circunvisão na não surpresa do manual a cuja ocupação se entrega a circunvisão. Com o ser-no-mundo, o espaço se descobre, de início, nessa espacialidade. Com base na espacialidade assim descoberta, o espaço em si torna-se acessível ao conhecimento. STMSC: §24

O espaço nem está no sujeito nem o mundo está no espaço. Ao contrário, o espaço está no mundo à medida que o ser-no-mundo constitutivo da presença [Dasein] já sempre descobriu um espaço. O espaço não se encontra no sujeito nem o sujeito considera o mundo “como se” estivesse num espaço. É o “sujeito”, entendido ontologicamente, a presença [Dasein], que é espacial em sentido originário. Porque a presença [Dasein] é nesse sentido espacial, o espaço se apresenta como a priori  . Este termo não indica a pertinência prévia a um sujeito que de saída seria destituído de mundo e projetaria de si um espaço. Aprioridade significa aqui precedência do encontro com o espaço (como REGIÃO) em cada encontro do que está à mão no mundo circundante. STMSC: §24

A própria REGIÃO e o “estranho” que dela provem são conhecidos. STMSC: §30

A interpretação do medo como disposição mostrou: aquilo de que se tem medo é sempre um ente intramundano que, advindo de determinada REGIÃO, torna-se, de maneira ameaçadora, cada vez mais próximo. STMSC: §40

Justamente aí situa-se a REGIÃO, a abertura do mundo em geral para o ser-em essencialmente espacial. STMSC: §40

Mas, pela compreensão agora dominante no sentido de ser simplesmente dado, a abolição de limites se transforma, ao mesmo tempo, em demarcação da “REGIÃO” do ser simplesmente dado. STMSC: §69

Quanto mais adequadamente se compreende o ser daquele ente a ser pesquisado a partir da compreensão de ser e quanto mais se articula, em suas determinações fundamentais, a totalidade de um ente enquanto possível REGIÃO de objetos de uma ciência, tanto mais se poderá assegurar cada perspectiva da questão metodológica. STMSC: §69

A descoberta de uma REGIÃO que dá direções pertence à arrumação de espaço, própria da presença [Dasein]. STMSC: §70

Por REGIÃO, indicamos, de início, o para onde a que possivelmente pertence um instrumento à mão no mundo circundante e, portanto, passível de localização. STMSC: §70

Em todo deparar-se, ter à mão, deslocar e descartar um instrumento, já se descobriu uma REGIÃO. STMSC: §70

Da mesma forma, somente o seu caráter de horizonte é que possibilita o horizonte específico do para onde a que pertence na REGIÃO. STMSC: §70

A descoberta de uma REGIÃO direcionadora funda-se num aguardar que retém ekstaticamente o possível para-lá e para-aqui. STMSC: §70

Enquanto aguardar que se direciona à REGIÃO, arrumar-se é, de modo igualmente originário, aproximar (dis-tanciar) do que está à mão e do que é simplesmente dado. STMSC: §70

A partir da REGIÃO previamente descoberta, a ocupação em se dis-tanciando volta ao que está próximo. STMSC: §70

Nesse caso, história não significa tanto o acontecer enquanto modo de ser, mas a REGIÃO daquele ente que se distingue da natureza, no que respeita à determinação essencial da existência do homem como “espírito” e “cultura”, embora a natureza, de certo modo, pertença à história assim entendida. STMSC: §73

Sem dúvida ela não o é quando falamos de “história da natureza” e sim como paisagem, REGIÃO de exploração e ocupação, como campo de batalha e lugar de culto. STMSC: §75

Com esse projeto, delimita-se a REGIÃO de um ente, as suas vias de acesso adquirem “direção” metodológica e a estrutura de conceitualização da interpretação ganha um prelineamento. STMSC: §76

Mas isso só é possível caso se perceba que: 1) a questão da historicidade é uma questão ontológica sobre a constituição do ser dos entes históricos; 2) a questão do ôntico é a questão ontológica sobre a constituição do ser dos entes não dotados do caráter de presença [Dasein], isto é, do ser simplesmente dado, no sentido mais amplo; 3) o ôntico é apenas uma REGIÃO dos entes. STMSC: §77

De há muito que o “tempo” funciona como critério ontológico, ou melhor, ôntico, para uma distinção ingênua das diversas REGIÕES dos entes. STMSC: §5

Persiste o fato de, na acepção de ser e estar no tempo, o tempo servir como critério para distinguir as REGIÕES de ser. STMSC: §5

Porque, no curso dessa história, focalizam-se certas REGIÕES privilegiadas de ser que passam então a guiar, de maneira primordial, toda a problemática (o ego cogito   de Descartes  , o sujeito, o eu, a razão, o espírito, a pessoa), essas REGIÕES permanecem inquestionadas quanto ao ser e à estrutura de seu ser, de acordo com o constante descaso da questão do ser. STMSC: §6

Todos estes termos designam REGIÕES de fenômenos, bem determinadas e passíveis de “ulterior formação”, embora o seu uso ocorra sempre junto a uma curiosa indiferença frente à necessidade de se questionar o ser dos entes assim denominados. STMSC: §10

Corpo, alma, espírito podem designar, por sua vez, REGIÕES de fenômenos que se poderão distinguir tematicamente entre si, com vistas a investigações determinadas. STMSC: §10

Os lugares deste manual em contínua mudança, e não obstante uniforme, tornam-se “indicações” privilegiadas de suas REGIÕES. STMSC: §22

Igrejas e sepulturas, por exemplo, são situadas segundo o nascente e o poente, REGIÕES da vida e da morte, a partir das quais a própria presença [Dasein] se determina no tocante às suas possibilidades mais próprias de ser-no-mundo. STMSC: §22

A ocupação da presença [Dasein] que, sendo, está em jogo seu próprio ser, descobre previamente as REGIÕES em que, cada vez, está em jogo uma conjuntura decisiva. STMSC: §22

A descoberta prévia das REGIÕES também se determina pela totalidade conjuntural em que se libera o manual enquanto aquilo que vem ao encontro. STMSC: §22

É ele que mantém expressamente abertas as REGIÕES utilizadas na circunvisão, cada destino do pertencer, do encaminhar-se, do ir buscar e levar. STMSC: §23

A descoberta do espaço puramente abstrato, destituído de circunvisão, neutraliza as REGIÕES do mundo circundante, transformando-as em puras dimensões. STMSC: §24

A recusa de tais conceitos deve, por fim, indicar positivamente as suas REGIÕES específicas. STMSC: §48

REGIÕES não se formam a partir de coisas simplesmente dadas em conjunto, mas estão sempre à mão nos vários lugares específicos. STMSC: §22