Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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percepção

quarta-feira 13 de dezembro de 2023

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Justamente porque "verdade" tem este sentido e o logos  , é um modo determinado de deixar e fazer ver, o logos não pode ser apontado como o "lugar" primário da verdade. Quando, hoje em dia, se determina a verdade como o que pertence "propriamente" ao juízo e se faz remontar essa tese a Aristóteles  , comete-se um duplo equívoco, pois essa atribuição a Aristóteles não é correta e, principalmente, deturpa-se o conceito grego de verdade. Em sentido grego, o que é "verdadeiro", de modo ainda mais originário do que o logos acima mencionado, é a aisthesis  , a simples PERCEPÇÃO sensível de alguma coisa. Na medida em que uma aisthesis visa sempre aos seus idia, ou seja, o ente que só se torna genuinamente acessível na PERCEPÇÃO e para ela (por exemplo, a visão das cores), é que a PERCEPÇÃO é sempre verdadeira. Isto significa: a visão sempre descobre cores, a audição descobre sempre sons. "Verdadeiro", no sentido mais puro e originário, isto é, no sentido de só poder des-cobrir e nunca poder en-cobrir, é o puro noein  , a PERCEPÇÃO que percebe singelamente as determinações mais simples do ser dos entes como tais. Esse noein nunca poderá en-cobrir, nunca poderá ser falso, o máximo que pode acontecer é não haver PERCEPÇÃO, é permanecer um agnoein, não ser suficiente para um acesso adequado, puro e simples.

O que já não possui a forma de exercício de um puro deixar e fazer ver mas que, para de-monstrar, recorre sempre a uma outra coisa e assim deixa e faz ver cada vez algo como algo, assume, junto com esta estrutura sintética, a possibilidade de en-cobrir. A "verdade do juízo", porém, é somente a contrapartida deste encobrir, isto é, um fenômeno de verdade derivado em muitos aspectos. Tanto o realismo como o idealismo se equivocam no que respeita ao sentido grego de verdade. Somente nesse conceito é que se poderá compreender filosoficamente a possibilidade de uma "teoria das ideias".

E somente porque a função do logos reside num puro deixar e fazer ver, deixar e fazer perceber o ente, é que logos pode significar razão. Porque se usa logos não apenas no sentido de legein mas também no sentido de legomenon, o que se mostra como tal, e porque este nada mais é do que hypokeimenon  , isto é, aquilo que, em toda interpelação e discussão, já está sempre presente como fundo e fundamento, logos, enquanto legomenon significa ratio, fundamento. E, por fim, porque, enquanto legomenon, o logos pode também significar o que pode ser interpelado como algo que se tornou visível em sua relação com outra coisa, em seu "relacionamento", por isso o logos assume a significação de relação e proporção.

Esta interpretação do "discurso apofântico" é suficiente para se esclarecer a função primária do logos. [SZ]