Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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destino

quarta-feira 13 de dezembro de 2023

Schicksal, Geschick  , schicken, geschehen  

Destino de-vém o Ser, quando Ele, o Ser, se dá. Isso, porém, pensado consoante o DESTINO, quer dizer: Ele se dá e se recusa simultaneamente. [CartaH, Carneiro Leão  ; GA9  ]


Sem poder e nem tampouco tolerar saber, a vontade de querer impede o DESTINO, aqui entendido como a consignação de uma abertura manifestativa do ser dos entes. A vontade de querer tudo enrijece numa ausência de DESTINO. [GA7CFS 69]
A essência da técnica moderna põe o homem a caminho do de-sencobrimento que sempre conduz o real, de maneira mais ou menos perceptível, à dis-ponibilidade. Pôr a caminho significa: destinar. Por isso, denominamos de DESTINO a força de reunião encaminhadora, que põe o homem a caminho de um desencobrimento. É pelo DESTINO que se determina a essência de toda história. A história não é um mero objeto da historiografia nem somente o exercício da atividade humana. A ação humana só se torna histórica quando enviada por um DESTINO [NT: Cf. Vom Wesen   der Wahrheit  , 1930, na primeira edição de 1943, p. 16s.]. E somente o que já se DESTINOu a uma representação objetivaste torna acessível, como objeto, o histórico da historiografia, isto é, de uma ciência. É daí que provém a confusão corrente entre o histórico e o historiográfico.

No desafio da dis-posição, a com-posição remete a um modo de desencobrimento. Como modo de desencobrimento, a com-posição é um envio do DESTINO. Destino, neste sentido, é também a produção da poiesis  .
O desencobrimento do que é e está sendo segue sempre um caminho de desencobrimento. O DESTINO do desencobrimento sempre rege o homem em todo o seu ser mas nunca é a fatalidade de uma coação. Pois o homem só se torna livre num envio, fazendo-se ouvinte e não escravo do DESTINO. [GA7CFS, 27]


[…] A liberdade é o reino do DESTINO que põe o desencobrimento em seu próprio caminho. A essência da técnica moderna repousa na com-posição. A com-posição pertence ao DESTINO do desencobrimento. […] Quando pensamos, porém, a essência da técnica, fazemos a experiência da com-posição, como DESTINO de um desencobrimento. Assim já nos mantemos no espaço livre do DESTINO. […]

A essência da técnica repousa na com-posição. Sua regência é parte do DESTINO. Posto pelo DESTINO num caminho de desencobrimento, o homem, sempre a caminho, caminha continuamente à beira de uma possibilidade: a possibilidade de seguir e favorecer apenas o que se des-emcobre na dis-posição e de tirar daí todos os seus parâmetros e todas as suas medidas. Assim, tranca-se uma outra possibilidade: a possibilidade de o homem empenhar-se, antes de tudo e sempre mais e num modo cada vez mais originário, pela essência do que se des-encobre e seu desencobrimento, com a finalidade de assumir, como sua própria essência, a pertença encarecida ao desencobrimento. [GA7CFS, 28]


Entre essas duas possibilidades, o homem fica ex-posto a um perigo que provém do próprio DESTINO. Por isso, o DESTINO do desencobrimento é o perigo em todos e em cada um de seus modos e, por conseguinte, é sempre e necessariamente perigo.

Em qualquer modo, em que o DESTINO do desencobrimento exerça seu vigor, o desencobrimento, em que tudo é e mostra-se cada vez traz sempre consigo o perigo de o homem equivocar-se com o desencobrimento e o interpretar mal. […]

O DESTINO do desencobrimento não é, em si mesmo, um perigo qualquer, mas o perigo.

Se, porém, o DESTINO impera segundo o modo da com-posição, ele se torna o maior perigo, o perigo que se anuncia em duas frentes. Quando o des-coberto já não atinge o homem, como objeto, mas exclusivamente, como disponibilidade, quando, no domínio do não-objeto, o homem se reduz apenas a dis-por da dis-ponibilidade - então é que chegou à última beira do precipício, lá onde ele mesmo só se toma por dis-ponibilidade. [GA7CFS, 29]


[…]Como DESTINO, a com-posição remete ao desencobrimento do tipo da disposição. […]

A com-posição de-põe a fulguração e a regência da verdade. O DESTINO enviado na dis-posição é, pois, o perigo extremo. A técnica não é perigosa, não há uma demonia da técnica. O que há é o mistério de sua essência. Sendo um envio de desencobrimento, a essência da técnica é o perigo. Talvez a alteração de significado do termo "com-posição" torne-se agora mais familiar, quando pensado no sentido de DESTINO e perigo. [GA7CFS, 30]


[…] Neste caso, uma percepção profunda o bastante do que é a com-posição, enquanto DESTINO do desencobrimento, não poderia fazer brilhar o poder salvador em sua emergência? [GA7CFS, 31]
O descobrimento é o DESTINO que, cada vez, de chofre e inexplicável para o pensamento, se parte, ora num des-encobrir-se pro-dutor ora num des-encobrir-se ex-plorador e, assim, se reparte ao homem. O de-sencobrimento ex-plorador tem a proveniência de seu envio no des-cobrimento pro-dutor, ao mesmo tempo em que a com-posição de-põe num envio do DESTINO a Poiesis. Assim, a com-posição se torna a essência da técnica, por ser DESTINO de um desencobrimento, nunca, porém, por ser essência, no sentido de gênero e essentia  . [GA7CFS, 33]
Na condição de DESTINO, a vigência da técnica im-põe ao homem entrar no que ele mesmo não pode por si mesmo nem inventar e nem fazer; é que não há algo assim, como um homem, que, exclusivamente por si mesmo, fosse tão homem.

Todavia, se o DESTINO (o envio) da com-posição é realmente o perigo extremo, não só para a essência do homem mas também para todo desencobrimento, como tal, será que ainda se pode chamar de concessão um envio assim? Sem dúvida e sobretudo, caso, no envio, tenha de medrar e crescer o que salva. Todo DESTINO de um envio acontece, em sua propriedade, a partir de um conceder e como um conceder. [GA7CFS, 34]


Questionando, porém, o modo em que a instrumentalidade vigora numa espécie de causalidade, faremos a experiência do que vige na técnica, como DESTINO de um desencobrimento. [GA7CFS, 35]