Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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aventura

quarta-feira 13 de dezembro de 2023

É aqui que se deve auscultar a terceira pergunta de sua carta: "comment sauver l’élément d’aventure que comporte toute recherche sans faire de la philosophie   une simples aventurière?" Só de passagem, evoquemos a poesia. Ela se aclara diante da mesma questão do mesmo modo que o pensamento. Ainda são sempre válidas as palavras tão pouco pensadas da Poética de Aristóteles. segundo as quais poetizar é mais verdadeiro do que investigar o ente.

Todavia, não é só por procurar e perguntar pelo não-pensado que o pensamento é une aventure. Em sua Essência como pensamento do Ser, o pensamento é requisitado pelo próprio Ser. O pensamento se acha referido e dependente do Ser como o que está ad-vindo (l’avenant) . O pensamento está preso ao ad-vento do Ser, ao Ser como ad-vento. O Ser já se destinou sempre ao pensamento. O Ser é como o destino do pensamento. O destino, porém, é em si mesmo Histórico. Sua História já chegou, no dizer dos pensadores, à linguagem.

Transformar em linguagem cada vez esse ad-vento permanente do Ser que, em sua permanência, espera pelo homem, é a única causa (Sache  ) do pensamento. É por isso que os pensadores Essenciais dizem sempre o mesmo (das Selbe  ) ; isso, no entanto, não significa que digam sempre coisas iguais (das Gleiche). Sem dúvida, eles só o dizem a quem se empenha em re-pensá-los. Enquanto o pensamento, re-memorando Historicamente, preza o destino do Ser, ele já se prendeu ao destinado (das Schickliche), que se acorda com o destino. Todavia, o elemento de AVENTURA (das Abenteuerliche) continua sendo o perigo constante do pensamento. Por que então o simples — a que se referiu acima — não haveria de permanecer, não em si mesmo mas para o homem, o mais perigoso? Pensemos sempre nas palavras de Hölderlin   sobre a linguagem, no fragmento, "Aber in Hütten wohnet der Mensch  " ("Mas é em choças que habita o homem). O Poeta chama a linguagem "o mais perigoso dos bens". [CartaH]