Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Merleau-Ponty (1964:231) – existenciais pelos quais compreendemos as "pessoas"

terça-feira 13 de junho de 2023

Gianotti & Mora d’Oliveira

Fala-se sempre do problema do “outro”, de “intersubjetividade” etc…

Na realidade, o que se deve compreender é, além das “pessoas”, os existenciais segundo os quais nós as compreendemos e que são o sentido sedimentado de todas as nossas experiências voluntárias e involuntárias. Este inconsciente a ser procurado, não no fundo de nós mesmos, atrás das costas de nossa “consciência”, mas diante de nós como articulações de nosso campo. É “inconsciente” porquanto não é objeto, sendo aquilo por que os objetos são possíveis, é a constelação onde se lê nosso futuro — Está entre eles como o intervalo das árvores entre as árvores, ou como seu nível comum. É a Urgemeinschaftung de nossa vida intencional, o Ineinander dos outros em nós e de nós neles.

São esses existenciais que constituem o sentido (substituível) daquilo que dizemos e ouvimos. São eles a armadura deste “mundo invisível” que, com a fala, começa a impregnar todas as coisas que vemos, — como o “outro” espaço nos esquizofrênicos toma posse do espaço sensorial e visível — Não que, por sua vez, ele o venha a ser: nunca há no visível senão ruínas do espírito, o mundo sempre se assemelhará ao Forum, pelo menos aos olhos do filósofo, que não mora nele inteiramente. . . [Merleau-Ponty  , O Visível e o invisível, p. 174]

Original

On parle toujours du problème d’« autrui », de l’« intersubjectivité » etc.

En réalité, ce qui est à comprendre, c’est, par-delà les « personnes », les existentiaux selon lesquels nous les comprenons, et qui sont le sens sédimenté de toutes nos expériences volontaires et involontaires. Cet inconscient à chercher, non pas au fond de nous, derrière le dos de notre « conscience », mais devant nous, comme articulations de notre champ. Il est « inconscient » par ce qu’il n’est pas objet, mais il est ce par quoi des objets sont possibles, c’est la constellation où se lit notre avenir – Il est entre eux comme l’intervalle des arbres entre les arbres, ou comme leur commun niveau. Il est la Urgemeinschaftung de notre vie intentionnelle, l’Ineinander des autres en nous et de nous en eux.

Ces existentiaux, ce sont eux qui font le sens (substituable) de ce que nous disons et de ce que nous entendons. Ils sont l’armature de ce « monde invisible » qui, avec la parole, commence d’imprégner toutes les choses que nous voyons, – comme l’« autre » espace, chez le schizophrène, prend possession de l’espace sensoriel et visible – Non qu’il le devienne à son tour : il n’y a jamais, dans le visible, que des ruines de l’esprit, le monde ressemblera toujours au Forum, du moins au regard du philosophe, qui ne l’habite pas tout à fait –


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