Kühlewind Falante

O Falante
Em aprendendo como caminhar, falar e pensar, um sujeito, dotado com a habilidade da fala primordial, entra o ser corpóreo. Este sujeito conecta com o corpo que se torna seu instrumento e ferramenta de expressão. Se a ferramenta é inapropriada, ou se por outras razões a conexão com o sujeito está faltando, então dizemos que lidamos com uma criança «anormal». Posto que o «segundo nascimento», o nascimento da alma, depende da «fala» humana de seu entorno (que significa não só fala audível, realmente falada, mas também todo o contexto ao redor de comportamento), as almas nascem frequentemente perturbadas devido a «fala proposital» imperfeita, e, acima de tudo, sem amor. A criança desenvolve de acordo com a maneira que seu ambiente adulto «fala», ou seja, a maneira que expressa sua humanidade. Aqui só a verdade real opera; a hipocrisia não pode ajudar. A maneira que seu ambiente «fala» tem seu efeito mesmo no adulto, como um texto tem seu efeito se é compreendido ou não.

No princípio aquele que fala não está no corpo, Não se identifica ele mesmo com o corpo. Fala sobre sua aparência corporal, que o mundo adulto geralmente vê como «a criança», na segunda ou terceira pessoa. Quando o que fala identifica ele mesmo com o corpo começa a dizer «eu». Então, mais tarde, a memória (auto-reflexão) tem início. Metaforicamente poderia se dizer: primeiro fala fora do corpo, com a ajuda desta ferramenta, mas agora fala fora dela — o corpo fala fora dele.

Quem quer que fale deve ser alguém.

Quem quer que pode falar não é deste mundo. Este mundo existe para e através do que fala, através do Logos  . Nada é in-dizível; é um Logos-mundo. O que fala ou o que conhece não é como tal um resultado do mundo que conhece. Não pode ser concebido como consistindo desses elementos que ele mesmo discerniu.