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Kisiel (1995:21-23) – algo pré-teorético e algo teorético
sábado 8 de fevereiro de 2020
Theodore Kisiel , em seu estudo sobre a gênese de Ser e Tempo (KISIEL, Theodore. The Genesis of Heidegger’s Being and Time. Berkeley: University of California Press, 1995, p. 21-23), afirma que Heidegger deu expressão inicial à "questão do sentido do ser", em um curso dado em 1919. Um esquema feito pelo próprio Heidegger na lousa da sala de aula, e anotado por um aluno junto com outros apontamentos, é o essencial do que restou deste primeiro vislumbre filosófico. O esquema gráfico é o seguinte:
I. Algo pré-teorético [Das vortheoretische Etwas]:
A. algo pré-mundo [Das vorweltliche Etwas] (momento básico da vida como tal [Grunmoment des Lebens überhaupt) –> algo primal [Ur-etwas]
B. algo pleno -de-mundo [Welthaltes Etwas] (momento básico de esferas particulares de experiência [Grundmoment bestimmer Erlebnissphären]) –> mundo-da-vida genuíno [Genuine Erlebniswelt]
II. Algo teorétco [Das theoretische Etwas]:
A. algo objetivamente lógico-formal [Formallogisches gegenständliches Etwas] (motivado em algo primal (motiviert in Ur-etwas])
B. algo tipo-objeto [Objektartiges Etwas] (motivado em um mundo-da-vida genuíno [motiviert in genuiner Erlebniswelt])
O que este esquema parece identificar e distinguir é:
1) a questão ontológica do "isso" que mundifica e assim se apropria a si mesmo, aqui caracterizado como o "algo primal" (Ut-etwas) pré-teorético e pré-mundo. No ano seguinte em outro curso, este "algo primal" será designado tomando por empréstimo a palavra de Kant , "facticidade".
2) a questão metodológica da relação potencialmente frutuosa entre algo primal pré-teorético (I.A) e algo objetivamente lógico-formal (II.A) que é "motivado" no Isso, e assim provê acesso ao Isso. Esta relação crucial para Heidegger será denominada dois semestres após, pela primeira vez, "indicação formal" [Formalanzeige]; expressão que será desde então, até Ser e Tempo muito utilizada.
Para Kisiel, abrem-se questões: porque precisamente a vida fáctica apela por uma abordagem "formalmente indicativa"? O que é esta facticidade que dita a indicação formal?
Ver online : Theodore Kisiel