Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

Página inicial > Fenomenologia > Greisch: Sorge - Besorgen - Fürsorge (237-238)

Greisch: Sorge - Besorgen - Fürsorge (237-238)

domingo 7 de maio de 2017

Português

Heidegger quer fazer reconhecer a cura como uma "estrutura apriorico-existencial" (SZ   193) que precede toda distinção do teórico e do prático e toda psicologia das faculdades. A "teoria" da cura não deve sobretudo ser posta a reboque de uma teoria da vontade, das pulsões ou do desejo! Com efeito, todos estes campos psíquicos "estão enraizados por uma necessidade ontológica no Dasein   como cura, que, ele, é ontologicamente anterior a todos estes fenômenos" (SZ 194). Se se quer precisar a significação existencial deste auto-desenvolvimento, se dirá todavia que a todo momento o Dasein corre atrás do que não possui ainda e do que busca alcançar, de sorte que a facticidade existencial se manifesta tanto como "indigência" (Darben, Darbung), como falta e privação (Entbehrung) e necessidade (Bedürfen) (GA20  , 407). Mas estaremos errados de pensar que o Dasein, se faz de cura porque está em necessidade, pois só um ente cujo ser é a cura pode experienciar a falta, a privação e a necessidade.

[…]

Heidegger ele mesmo esboça a princípio rapidamente algumas linhas possíveis de desenvolvimento:

  •  a linha de uma filosofia da vontade. Longe de ser derivada do querer (ver da "vontade de poder"), a crua decide da constituição ontológica deste [querer], do qual é a condição de possibilidade: "no fen6omeno do querer atravessa a totalidade subjacente da cura" (SZ 194);
  •  a linha de uma filosofia do aspirar (Wünschen  ) ou do desejo. Ontologicamente falando, a "cura" está concernida por "possibilidades". O ser do Dasein é um ser para o "poder-ser", um "ser para as possibilidades" (Sein   zu den Möglichkeiten, SZ 195). Ora, posso seja me velar os olhos diante destas possibilidades, devir "cego ao possível", em me submetendo a um real factual que faz a lei; seja me evadir no mundo imaginário de meus sonhos e de meus fantasmas, para aí me construir um mundo imaginário (Wünschwelt) que não é senão o reflexo de meus desejos. Em um e outro caso esquece-se que "o aspirar pressupõe ontologicamente a cura" (SZ 195);
  •  a linha de uma "filosofia da vida" que se deixa guiar pelos fenômenos da "impulsão" (Drang  ) e do "pendor" (Hang  ), duas noções que, desde 1920, fizeram sua aparição na hermenêutica da facticidade.
  • Original

    Heidegger veut faire reconnaître le souci comme une « structure apriorico-existentiale » (SZ 193) qui précède toute distinction du théorique et du pratique et toute psychologie   des facultés. La « théorie » du souci ne doit surtout pas être mise à la remorque d’une théorie de la volonté, des pulsions, ou du désir! En effet, tous ces acres psychiques « sont enracinés par une nécessité ontologique dans le Dasein comme souci, qui, lui, est ontologiquement antérieur à tous ces phénomènes » (SZ 194). Si l’on veut préciser la signification existentiale de cet auto-devancement, on dira plutôt qu’à tout moment le Dasein court après ce qu’il ne possède pas encore et ce qu’il cherche à se procurer, de sorte que la facticité existentiale se manifeste aussi bien comme « indigence » (Darben, Darbung), comme manque et privation (Entbehrung) et besoin (Bedürfen) (GA20, 407). Mais on aurait tort de penser que le Dasein se fait du souci parce qu’il est dans le besoin, car seul un étant dont l’être est le souci peut éprouver le manque, la privation et le besoin.

    […]

    Heidegger lui-même esquisse d’ailleurs rapidement quelques lignes possibles de développement :

  •  la ligne d’une philosophie   de la volonté. Loin d’être dérivé du vouloir (voir de la « volonté de puissance »), le souci décide de la constitution ontologique de celui-ci, dont il est la condition de possibilité : « dans le phénomène du vouloir perce la totalité sous-jacente du souci » (SZ 194) ;
  •  la ligne d’une philosophie du souhait (Wünschen) ou du désir. Ontologiquement parlant, le « souci » est concerné par des « possibilités ». L’être du Dasein est un être pour le « pouvoir-être », un « être pour les possibilités » (Sein zu   den Möglichkeiten, SZ 195). Or, je peux soit me voiler les yeux devant ces possibilités, devenir « aveugle au possible » (möglichkeitsblind), en me soumettant à un réel factuel qui fait la loi ; soit m’évader dans le monde imaginaire de mes rêves et de mes fantasmes, pour m’y construire un monde imaginaire (Wünschwelt) qui n’est que le reflet de mes désirs. Dans l’un et l’autre cas on oublie que « le souhait présuppose ontologiquement le souci » (SZ 195) ;
  •  la ligne d’une « philosophie de la vie » qui se laisse guider par les phénomènes de l’ « impulsion » (Drang) et du « penchant » (Hang), deux notions qui, dès 1920, avaient fait leur apparition dans l’herméneutique de la facticité. (p. 237-238)

  • Ver online : ONTOLOGIE ET TEMPORALITÉ