Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

Página inicial > Gesamtausgabe > GA9:320 – humanitas

GA9:320 – humanitas

quinta-feira 25 de outubro de 2018

Carneiro Leão

É ao tempo da República Romana que, pela primeira vez, e expressamente com seu nome próprio, se pensa e aspira a humanitas. O homo humanus se opõe ao homo barbarus. O homo humanus é aqui o romano   que exalta e enobrece a virtus romana, pela “incorporação” da paideia   tomada dos gregos. Os gregos são os gregos do Helenismo, cuja formação se fizera nas escolas filosóficas. Ela se refere à eruditio et institutio in bonas artes. A paideia assim entendida se traduz por humanitas. A romanitas propriamente dita do homo romanos consiste nessa humanitas. É em Roma   que encontramos o primeiro humanismo. Em sua Essência, portanto, o humanismo permanece um fenômeno especificamente romano, que nasce do encontro da romanidade com a cultura do helenismo. A chamada Renascença dos séculos XIV e XV na Itália é uma renascentia romanitatis. Porque o que interessa é a romanitas, trata-se da humanitas e, por conseguinte, da paideia grega. Mas o grego aqui é sempre o grego em sua forma posterior e esta ainda assim, à romana. Também o homo romanus da Renascença está numa oposição ao homo barbarus. Todavia, o in-umano é agora o pretenso barbarismo da escolástica gótica da Idade Média. Por isso, ao humanismo, entendido historicamente, sempre pertence um stadium humanitatis que, num certo e determinado modo, retoma a antiguidade e assim se torna cada vez um reviver da Grécia. É o que se mostra em nosso humanismo do século XVIII, empreendido e sustentado por Winckelmann, Goethe   e Schiller  . Hölderlin  , porém, não pertence ao “humanismo”. E não pertence, porque ele pensa o destino [1] da Essência do homem mais originariamente do que é capaz de fazer esse “humanismo”. (p. 35-36)

Giachini & Stein

Expressamente sob seu nome, a humanitas só vem pensada e postulada pela primeira vez na época da República Romana. O homo humanus se contrapõe ao homo barbarus. O homo humanus, aqui, é o romano, que eleva a virtus romana, enobrecendo-a pela “incorporação” da παιδεία adotada dos gregos. Os gregos são aqueles da grecidade tardia, cuja cultura era ensinada nas escolas de filosofia. Refere-se à eruditio et institutio in bonas artes. A παιδεία assim compreendida é substituída pela “humanitas”. A verdadeira romanidade do homo romanus consiste nessa humanitas. É em Roma que encontramos o primeiro humanismo. Em sua essência, portanto, continua sendo um fenômeno especificamente romano, surgido do encontro da romanidade com a cultura da Grécia tardia. O que nos séculos XIV e XV se chamou na Itália de Renaissance   é uma renascentia romanita-tis. É porque se está às voltas com a romanidade que está em questão a humanidade, e, consequentemente, a παιδεία grega. Mas a grecidade é vista sempre em sua configuração tardia e mesmo essa de modo romano. Também o homo romanus da renaissance se contrapõe ao homo barbarus. Agora, no entanto, o in-humano é a suposta barbárie da escolásti-ca gótica da Idade Média. É por isto que um estudo da humanitas sempre deve fazer parte do humanismo compreendido historicamente. Esse estudo remete-se de um determinado modo à Antiguidade, e, assim, torna-se sempre de novo uma revivescência da grecidade. Isto aparece no humanismo do século XVIII, sustentado por Winckelmann, Goethe e Schiller. Hölderlin, ao contrário, não pertence ao “humanismo”, e talvez porque ele pensa o destino da essência do homem de modo mais originário do que o pode fazer esse “humanismo”. (p. 333)

Cortés & Leyte

La humanitas es pensada por vez primera bajo este nombre expreso y se convierte en una aspiración en la época de la república romana. El homo humanus se opone al homo barbarus. El homo humanus es ahora el romano, que eleva y ennoblece la virtus romana al «incorporarle» la παιδεία tomada en préstamo de los griegos. Estos griegos son los de la Grecia tardía, cuya cultura era enseñada en las escuelas filosóficas y consistía en la eruditio e institutio in bonas artes. La παιδεία así entendida se traduce mediante el término «humanitas». La auténtica romanitas del homo romanus consiste precisamente en semejante humanitas. En Roma nos encontramos con el primer humanismo. Y, por eso, se trata en su esencia de un fenómeno específicamente romano que nace del encuentro de la romanidad con la cultura de la Grecia tardía. El que se conoce como Renacimiento de los siglos XIV y XV en Italia es una renascentia romanítatis. Desde el momento en que lo que le importa es la romanitas, de lo que trata es de la humanitas y, por ende  , de la παιδεία griega. Y es que lo griego siempre se contempla bajo su forma tardía, y ésta, a su vez, bajo el prisma romano. También el homo romanus del Renacimiento se contrapone al homo barbarus. Pero lo in-humano es ahora la supuesta barbarie de la Escolástica gótica del Medievo. De esta suerte, al humanismo históricamente entendido siempre le corresponde un studium humanitatis que remite de un modo determinado a la Antigüedad y a su vez se convierte también de esta manera en una revivificación de lo griego. Es lo que se muestra en nuestro humanismo del siglo XVIII, representado por Winckelmann, Goethe y Schiller. Por contra, Hölderlin no forma parte de este «humanismo» por la sencilla razón de que piensa el destino de la esencia del hombre de modo mucho más inicial de lo que pudiera hacerlo dicho «humanismo». (p. 263)

Munier

C’est au temps de la République romaine que pour la première fois l’humanitas est considérée et poursuivie expressément sous ce nom. L’homo humanus s’oppose à l’homo barbarus. L’homo humanus est alors le Romain qui élève et ennoblit la virtus romaine par l’ « incorporation » [76] de ce que les Grecs avaient entrepris sous le nom de παιδεία. Les Grecs sont ici ceux de l’hellénisme tardif dont la culture est enseignée dans les écoles philosophiques. Cette culture concerne l’eruditio et institutio in bonas artes. On traduit par « humanitas » la παιδεία ainsi comprise. C’est en une telle humanitas que consiste proprement la romanitas de l’homo romanus; et c’est à Rome que nous rencontrons le premier humanisme. Aussi celui-ci reste-t-il dans son essence une manifestation spécifiquement romaine, résultant d’une rencontre de la romanité avec la culture de l’hellénisme tardif. Ce qu’on appelle la Renaissance des XIVe et XVe siècles en Italie est une renascentia rômanitatis. Puisqu’il s’agit de la romanitas, il y est question de l’humanitas et par suite de la παιδεία grecque. Mais l’hellénisme est toujours considéré sous sa forme tardive et plus précisément romaine. L’homo romanus de la Renaissance s’oppose, lui aussi, à l’homo barbarus. Mais ce qu’on entend alors par non humain est la prétendue barbarie de la scolastique gothique du moyen âge. C’est pourquoi l’humanisme, dans ses manifestations historiques, comporte toujours un studium humanitatis qui renoue expressément avec l’antiquité, et se donne à chaque fois de la sorte comme une reviviscence de l’hellénisme. C’est ce que révèle chez nous l’humanisme du XVIIIe siècle, tel que l’ont illustré Winckelmann, Goethe et Schiller. Hölderlin, par contre, n’appartient pas à l’« humanisme » pour la bonne raison qu’il pense le destin de l’essence de l’homme plus originellement que cet « humanisme » ne peut le faire. (p. 75-76)

Capuzzi

Humanitas, explicidy so called, was first considered and striven for in the age of the Roman Republic. Homo humanus was opposed to homo barbarus. Homo humanus here means the Romans, who exalted and honored Roman virtus through the “embodiment” of the παιδεία (education) taken over from the Greeks. These were the Greeks of the Hellenistic age, whose culture was acquired in the schools of philosophy. It was concerned with eruditio et institutio in bonas artes [scholarship and training in good conduct]. Παιδεία thus understood was translated as humanitas. The genuine romanitas of homo romanus consisted in such humanitas. We encounter the first humanism in Rome: it therefore remains in essence a specifically Roman phenomenon, which emerges from the encounter of Roman civilization with the culture of late Greek civilization. The so-called Renaissance of the fourteenth and fifteenth centuries in Italy is a renascentia romanitatis. Because romanitas is what matters, it is concerned with humanitas and therefore with Greek παιδεία. But Greek civilization is always seen in its later form and this itself is seen from a Roman point of view. The homo romanus of the Renaissance also stands in opposition to homo barbarus. But now the in-humane is the supposed barbarism of Gothic Scholasticism in the Middle Ages. Therefore a studium humanitatis, which in a certain way reaches back to the ancients and thus also becomes a revival of Greek civilization, always adheres to historically understood humanism. For Germans this is apparent in the humanism of the eighteenth century supported by Winckelmann, Goethe, and Schiller. On the other hand  , Hölderlin does not   belong to “humanism,” precisely because he thought the destiny of the essence of the human being in a more original way than “humanism” could. (p. 244)

Original

Ausdrücklich   unter ihrem Namen wird die Humanitas zum erstenmal bedacht und erstrebt in der Zeit   der römischen Republik. Der homo humanus setzt sich dem homo barbarus entgegen. Der homo humanus ist hier der Römer, der die römische virtus erhöht und sie veredelt durch die »Einverleibung« der von den Griechen übernommenen παιδεία. Die Griechen sind die Griechen des Spätgriechentums, deren Bildung   in den Philosophenschulen gelehrt wurde. Sie betrifft die eruditio et insti-tutio in bonas artes. Die so verstandene παιδεία wird durch »humanitas« übersetzt. Die eigentliche romanitas des homo romanus besteht in solcher humanitas. In Rom begegnen   wir dem ersten Humanismus  . Er bleibt daher im Wesen   eine spezifisch römische Erscheinung  , die aus der Begegnung des Römertums mit der Bildung des späten Griechentums entspringt. Die sogenannte Renaissance des 14. und 15. Jahrhunderts in Italien ist eine renascentia romanitatis. Weil es auf   die romanitas ankommt, geht es um die humanitas und deshalb um die griechische παιδεία. Das Griechentum wird aber stets in seiner späten Gestalt und diese selbst   römisch gesehen. Auch der homo romanus der Renaissance steht in einem Gegensatz zum homo barbarus. Aber das In-humane ist jetzt die vermeintliche Barbarei der gotischen Scholastik des Mittelalters. Zum historisch   verstandenen Humanismus gehört deshalb stets ein Studium humanitatis, das in einer bestimmten Weise   auf das Altertum zurückgreift und so jeweils auch zu einer Wiederbelebung des Griechentums wird. Das zeigt sich im Humanismus des 18. Jahrhunderts bei   uns, der durch Winckelmann, Goethe und Schiller getragen ist. Hölderlin dagegen gehört nicht   in den »Humanismus«, und zwar deshalb, weil er das Geschick   des Wesens des Menschen anfänglicher denkt, als dieser »Humanismus« es vermag. (p. 320)


Ver online : WEGMARKEN [GA9]


[1DESTINO= GESCHICK: É um conceito importante na interpretação heideggeriana da História. A tradução só é fiel, se se tomar “destino” em seu sentido etimológico. Pois o verbo, “schicken”, donde se forma “Geschick”, significa “enviar”, “mandar”, “destinar”. Heidegger concebe a necessidade vigente na história, como uma missão !encaminhada pela vicissitude da herdade. É o que designa a expressão: “Geschick des Seins” = destino do Ser. (Carneiro Leão, nota à tr. de Introdução à Metafísica)