Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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GA89:220 – quando alguém diz “eu”…

terça-feira 11 de agosto de 2020

Arnhold & Almeida Prado

Quando alguém diz “eu”, está sempre nomeando aquilo que ele considera o si-mesmo. “Tu” é sempre o nome de quem considero o si-mesmo do meu parceiro. “O si-mesmo” é aquilo que em todo o caminho histórico de meu Dasein   se mantém constantemente como o mesmo, justamente no modo do ser-no-mundo, do poder-ser-no-mundo. O si-mesmo nunca está presente como substância. A constância do si-mesmo é singular no sentido de que o si-mesmo pode sempre voltar para si mesmo e sempre se encontra em sua morada como o mesmo.

A constância de uma substância só consiste no fato de que ela está sempre presente no decorrer do tempo, mas nada tem a ver com o próprio tempo. A constância do si-mesmo é em si “temporal  ”, isto é, se temporaliza. Essa mesmidade do Dasein é somente no modo da temporalização.

“Eu” é sempre o nomear do si-mesmo como meu, a saber, do meu ser-o-si-mesmo no instante do nomear. O si-mesmo, como um todo, nunca pode ser realizado em um instante. Ao mesmo tempo, ao nomear meu si-mesmo como “eu” não preciso representar particularmente minhas próprias possibilidades. Se eu o fizesse, isto é, se representasse particularmente todos os meus modos de poder ser, eu nem poderia existir (cf. Ser e tempo  , § 64, p. 402).

Na representação de ego   da psicologia corrente não há a relação com o mundo. Por isso a representação do ego cogito   é abstrata, enquanto que o “eu-sou-no-mundo” deixa o “eu” ser junto ao mundo, ou seja, ele é ultraconcreto.

Caroline Gros

Quand un être humain dit «je», c’est toujours le qualificatif pour le soi pris à chaque fois en considération par lui. « Tu » est toujours la dénomination pour le soi de mon partenaire pris en considération par moi. « Le soi » est ce qui dans tout le cours historique de mon Dasein se maintient constamment comme le même, celui qui est justement dans la modalité de l’être-au-monde, du pouvoir-être-au-monde. Le soi n’est jamais là-devant comme une substance. La constance du soi est propre à soi au sens où le soi peut toujours revenir à soi-même et qu’il se trouve toujours dans son séjour en tant que le même.

La constance d’une substance consiste seulement en ce qu’elle est toujours là-devant au sein   de l’écoulement du temps, mais elle n’a en rien affaire avec le temps lui-même. La constance du soi est en soi « temporelle », c’est-à-dire qu’elle se tempore, qu’elle vient à temps. Cette mêmeté du Dasein existe seulement dans la modalité de la temporation.

«Je» est toujours la nomination de soi en tant que mien, à savoir de mon ipséité à l’instant de sa nomination. Le soi en entier ne peut jamais être accompli en un instant. Par la nomination de mon soi en tant que je, je n’ai pas besoin de représenter expressément mes possibilités. Si je le faisais, à savoir si je représentais expressément toutes mes modalités de pouvoir-être, [244] je ne pourrais pas exister (comparer avec Être et Temps, p. 318).

Dans la représentation psychologique courante du je, le rapport-au-monde n’est pas là. C’est la raison pour laquelle la représentation de l’ego cogito est abstraite, tandis que le «je-suis-au-monde» laisse grandir ensemble le «je» avec le monde, c’est-à-dire est originairement-concret.

Original

Wenn ein Mensch   »Ich  « sagt, ist dies immer das Neimen für das von ihm jeweils beachtete Selbst  . »Du« ist immer die Benennung für das von mir beachtete Selbst meines Partners. »Das Selbst« ist das, was im ganzen geschichtlichen Gang meines Daseins als dasselbe sich ständig durchhält, das eben in der Weise   des In-der-Welt  -seins ist, des In-der-Welt-sein  -könnens. Das Selbst ist nie vorhanden   als Substanz  . Die Ständigkeit   des Selbst ist eine eigene, in dem Sinne, daß   das Selbst immer auf   sich selbst zurückkommen kann und sich in seinem Aufenthalt   immer als dasselbe findet.

Die Ständigkeit einer Substanz besteht nur darin, daß sie innerhalb   des Zeitverlaufes immer vorhanden ist, hat aber mit der Zeit   selbst gar nichts   zu tun  . Die Ständigkeit des Selbst ist in sich   »zeitlich«, d. h. zeitigt sich. Diese Selbigkeit des Daseins ist nur in der Weise der Zeitigung.

»Ich« ist immer das Nennen des Selbst als meines und zwar meines Selbstseins im Augenblick   des Nennens. Das ganze   Selbst kann ja nie in einem Augenblick vollzogen sein. Dabei, bei   der Nennung meines Selbst als Ich, brauche ich meine Möglichkeiten nicht eigens vorzustellen. Wenn ich dies nämlich täte, nämlich mir alle meine Weisen   des Sein könnens eigens vorstellte, könnte ich gar nicht existieren (vgl. Sein und Zeit, S. 318).

In der üblichen psychologischen Ich-Vorstellung   ist der Weltbezug nicht da. Darum ist die Vorstellung des ego cogito abstrakt, während das »Ich-bin-in-der-Welt« das »Ich« mit der Welt zusammengewachsen sein läßt, d. h. ur-konkret   ist.


Ver online : Zollikoner Seminare [GA89]