Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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GA29-30:223-224 – Entschlossenheit

quarta-feira 16 de janeiro de 2019

Casanova

O tempo é o que lança o ser-aí em banimento neste tédio. Através deste banimento, ele entrega ao ente na totalidade a possibilidade de recusar-se ao ser-aí banido: ele lhe entrega as possibilidades de, por assim dizer, suster sua ação e inação em meio a este ente e em ligação com ele como possibilidades que se encontram a esmo. Este poder de banimento do tempo é, então, o que propriamente recusa. No entanto, segundo o que foi visto antes, ele é simultaneamente o que evoca e clama pelo que é propriamente recusado; isto é, o que é inexorável, se o ser-aí. de acordo com suas possibilidades, deve ser o que e como ele pode ser. O que bane e recusa precisa ser, concomitantemente, o que libera dando-se a conhecer e o que viabiliza no fundo a possibilidade do ser-aí. O que bane dispõe concomitantemente sobre o propriamente possibilitador: este tempo mesmo que bane é ele próprio este ápice que possibilita o ser-aí essencialmente. Desta feita, o tempo que bane o ser-aí anuncia-se enquanto tal no tédio, dá-se [196] simultaneamente a conhecer como o propriamente possibilitador. Mas isto que o que bane enquanto tal, o tempo, dá a conhecer em verdade como justamente recusado; o que ele justamente apresenta como algo quase desaparecido, como um possível e apenas como tal; o que ele dá a saber como algo que é passível de liberação e que propriamente possibilita; o que ele em última instância libera dando a conhecer não é nada menos do que a liberdade do ser-ai enquanto tal. Com efeito, esta liberdade do ser-aí só é em meio ao libertar-se do ser-aí. Contudo, o libertar-se do ser-aí só acontece se ele se decide por si mesmo: se ele se abre para si enquanto ser-aí. Como o ser-aí se encontra, porém, em meio ao ente, a cada vez como este ser-aí com este seu tempo na unidade de sua visada tripla, o ser-aí só pode se decidir por si, se alcançar conjuntamente o ser-aí em um ápice, se se decidir a agir aqui e agora neste aspecto essencial e nesta possibilidade essencial escolhida de seu si próprio. Este decidir-se do ser-aí por si mesmo, por ser sempre e a cada vez o determinado em meio ao ente, por ser o que lhe foi dado ser, este decidir-se é o instante. Por quê? O ser-aí não é efetivamente nada simplesmente dado ao lado de uma série de outras coisas, mas é colocado em meio ao ente através da abertura de todo o horizonte temporal  . Eleja sempre se mantém a cada vez enquanto ser-aí nesta visada tripla. Somente enquanto este que repousa no tempo ele é, então, este que ele pode ser: somente se ele é aí a cada vez para seu tempo, ou seja, na mesma medida, se ele é a cada vez aqui e agora, com relação a este ente aberto justamente deste modo. Isto significa, por sua vez, descobrir-se em sua abertura: decidir-se. Apenas no decidir-se do ser-aí para si mesmo, no instante, ele faz uso do que propriamente o possibilita, a saber, do tempo enquanto o instante mesmo. O instante não é nada além da visualização do caráter de decisão, no qual se abre e se mantém aberta a situação plena de um agir. O que retém, portanto, em si o tempo que bane, e, em meio à retenção em si, o dá concomitantemente a conhecer como algo passível de produzir liberação; o que o anuncia enquanto possibilidade é algo dele mesmo, o possibilitador que ele mesmo e somente ele mesmo pode ser, o instante. O ser-impelido do ser-aí para o interior do ápice do que propriamente possibilita é o ser-impelido através do tempo que bane para o interior dele mesmo, em sua própria essência: para junto do instante enquanto a possibilidade fundamental da existência própria do ser-aí. (p. 196-197)

Daniel Panis

Le temps est cela qui, dans cet ennui, envoûte le Dasein  . Par cet envoûtement, il donne à l’étant en entier la possibilité de se refuser au Dasein envoûté, c’est-à-dire de tenir en friche, en quelque sorte, pour le Dasein les possibilités de ses faits et gestes au milieu   de cet étant et relativement à lui. Cette puissance d’envoûtement du temps est ainsi ce qui véritablement refuse. Mais du même coup cela veut dire, d’après ce qui précède, que c’est ce qui évoque et appelle ce qui est véritablement refusé. Autrement dit, c’est ce qui est incontournable si le Dasein doit être, conformément à ses possibilités, ce qu’il peut être et comme il peut être. Il faut que cela qui envoûte et refuse soit du même coup cela qui libère en annonçant et qui rend au fond possible la possibilité du Dasein. Ce qui envoûte dispose du même coup de ce qui véritablement rend possible. Oui, ce temps qui envoûte est lui-même cette pointe qui rend essentiellement possible le Dasein. Le temps, qui de la sorte envoûte le Dasein, se fait donc connaître dans l’ennui comme élément envoûtant, et du même coup il s’annonce   comme l’élément qui véritablement rend possible. Mais cela que l’élément envoûtant comme tel — le temps — annonce comme ce qui est précisément refusé, présente comme ce qui est cependant quasiment disparu, donne à connaître et rend véritablement possible comme ce qui est possible et seulement comme tel, comme ce qui est libérable, cela donc que l’élément envoûtant libère en l’annonçant n’est rien moins que la liberté du Dasein comme telle. Cette liberté du Dasein, en effet, a lieu seulement si le Dasein se libère. Or se libérer, pour le Dasein, n’a jamais lieu que si ce dernier se résout (entschliesst) à lui-même, c’est-à-dire s’il se découvre (erschliesst) à lui-même en tant qu’être le là. Toutefois, dans la mesure où le Dasein se trouve et se situe au milieu de l’étant, toujours comme tel Dasein avec tel temps à lui dans l’unité de sa vue triple, il ne peut se résoudre que s’il rassemble ce Dasein en une pointe, s’il se décide à agir ici et maintenant dans telle perspective essentielle et dans telle possibilité essentielle, choisie, de lui-même. Or ce fait, pour le Dasein, de se résoudre à lui-même, c’est-à-dire à toujours être, au milieu de l’étant, le Dasein précis qu’il lui est donné pour tâche d’être, c’est cela l’instant. Pourquoi? Le Dasein n’est nullement une chose qui se [226] trouverait être là à côté d’autres choses. Il est au contraire placé au milieu de l’étant par la manifesteté du plein horizon   du temps. Comme Dasein, il se tient toujours déjà dans cette triple vue. Ce n’est qu’en tant que cet élément qui repose dans le temps qu’il est alors celui-là qu’il peut être, s’il est à chaque fois le là envers son temps, c’est-à-dire, du même coup, s’il est à chaque fois le là ici et maintenant, en référence à tel étant précisément manifeste ainsi, autrement dit s’il s’ouvre (aufschliesst) dans sa manifesteté, autrement dit s’il se résout (entschliesst). C’est uniquement dans le fait de se résoudre à lui-même, dans l’instant, que le Dasein fait usage de ce qui véritablement le rend possible, à savoir du temps en tant qu’instant même. L’instant (Augenblick  ) n’est rien d’autre que le coup d’œil de la résolution (Blick der Entschlossenheit  ) en laquelle s’ouvre et reste ouverte la pleine situation   d’un agir. Par conséquent, ce que le temps qui envoûte lie à lui (et dans ce fait de lier à lui, ce qu’il annonce du même coup comme libérable et donne à connaître comme possibilité) est quelque chose de lui-même, c’est l’élément qui rend possible, ce que le temps lui-même et seulement lui peut être — l’instant. Que le Dasein soit poussé à la pointe de ce qui véritablement rend possible n’est autre, pour lui, qu’être poussé par le temps qui envoûte, au temps lui-même, à son essence véritable, c’est-à-dire à l’instant comme possibilité fondamentale de l’existence véritable du Dasein. (p. 225-226)

McNeill

Time is that which, in this boredom, strikes Dasein into time’s entrancement. Through such entrancement it gives beings as a whole the possibility of a telling refusal of themselves to the Dasein that is entranced, i.e., the possibility of holding before Dasein as itwere, as unexploited, the possibilities of its doing and acting in the midst of these beings and with reference to them. This entrancing power of time is thus that which is properly telling in refusal. This means however at the same time, according to what we said earlier, it is that which also calls and tells of what is properly refused, i.e., what is uncircumventable if Dasein, in keeping with its possibilities, is to be what it can be and as it can be. What entrances in telling refusal must at the same time be that which gives [something] to be free in its telling announcing and which fundamentally makes possible the possibility of Dasein. What entrances at the same time disposes over that which properly makes possible, indeed this entrancing time is itself this extremity that essentially makes Dasein possible. The time that thus entrances Dasein, and announces itself as thus entrancing in boredom, simultaneously announces and tells of itself as that which properly makes possible. Yet whatever that which entrances as [GA29-30  :223-24] [149] such, namely time, announces and tells of as something in fact refused; what it precisely holds before us as something that has apparently vanished; what it gives to be known and properly makes possible as something possible and only as this, as something that can be given to be free; what it gives to be free in its telling announcing—is nothing less than the freedom of Dasein as such. For this freedom of Dasein only is in Dasein’sfreeing itself The self-liberation of Dasein, however, only happens in each case if Dasein resolutely discloses [sich entschließt] itself to itself i.e., discloses itself [sich erschließt] for itself as Da-sein  . To the extent, however, that Dasein finds itself disposed in the midst of beings, as in each case this Dasein with this its time in the unity of its threefold perspective, Dasein can resolutely disclose itself only if it brings these beings together into an extremity, only if it resolutely discloses itself for action here and now in this essential respect and in this chosen and essential possibility of its self. This resolute self-disclosure of Dasein to itself, however, namely in each case to be in the midst of beings what it is given to be in its determinateness—this resolute self-disclosure is the moment of vision [Augenblick]. Why? Dasein is not   something present at hand   alongside other things, but is set in the midst of beings through the manifestness of the full temporal horizon. As Dasein it always already maintains itself in this threefold perspective. As that which rests in time it only is what it can be if in each case at its time—and that simultaneously means in each case here and now, with reference to these beings that are precisely thus manifest—it is there [da], that is, opens itself up [sich auf   schließt] in its manifestness, that is, resolutely discloses itself. Only in the resolute self-disclosure of Dasein to itself, in the moment of vision, does it make use of that which properly makes it possible, namely time as the moment of vision itself. The moment of vision is nothing other than the look of resolute disclosedness [Blick der Entschlossenheit] in which the full situation of an action opens itself and keeps itself open. What time as entrancing accordingly keeps to itself, and in keeping it to itself simultaneously announces and tells of as something that can be given to be free, giving it to be known as possibility, is something of that time itself; it is that which makes possible, which that time itself and it alone can be: the moment of vision. Daseins being impelled into the extremity of that which properly makes possible is a being impelled through entrancing time into that time itself into its proper essence, i.e., toward the moment of vision as the fundamental possibility of Dasein’s existence proper. (p. 148-149)

Original

Die Zeit   ist das, was in dieser Langeweile   das Dasein in ihren Bann schlägt. Durch dieses Bannen gibt sie dem Seienden   im Ganzen die Möglichkeit  , sich dem gebannten Dasein zu versagen, d. h. ihm die Möglichkeiten seines Tims und Lassens inmitten dieses Seienden und mit Bezug   auf es als brachliegende gleichsam vorzuhalten. Diese Bannmacht der Zeit ist so das eigentlich   Versagende, d. h. aber zugleich nach Früherem das, was mitsagt und anruft das eigentlich Versagte, d. h. das, was unumgänglich   ist, wenn das Dasein gemäß seinen Möglichkeiten das sein soll, was und wie es sein kann. Das Bannende und Versagende muß zugleich das sein, was ansagend freigibt und die Möglichkeit des Daseins im Grunde ermöglicht. Das Bannende verfügt zugleich über das eigentlich Ermöglichende, ja diese hannende Zeit ist selbst   diese Spitze, die das Dasein wesentlich ermöglicht. Die Zeit, die dergestalt das Dasein bannt, als so Bannendes in der Langeweile sich bekundet, sagt sich zugleich an als das eigentlich Ermöglichende. Was aber das Bannende als solches  , die Zeit, als zwar gerade Versagtes ansagt, als gleichsam Entschwundenes doch gerade vorhält, als Mögliches und nur als das, als Freigebbares zu wissen   gibt und eigentlich ermöglicht, was es ansagend frei   gibt, ist nichts   Geringeres als die Freiheit des Daseins als solche. Denn diese Freiheit des Daseins ist nur im Sichbefreien des Daseins. Das Sichbefreien des Daseins geschieht aber je nur, wenn es sich zu sich selbst entschließt, d. h. für sich als das Da  -sein sich erschließt. Sofern jedoch das Dasein inmitten des Seienden sich befindet, als je dieses Dasein mit dieser seiner Zeit in der Einheit   ihrer dreifachen Sicht  , kann das Dasein sich nur entschließen, wenn es dieses in eine Spitze zusammennimmt, wenn es sich zum Handeln   hier und jetzt in dieser wesentlichen Hinsicht und gewählten wesentlichen [224] Möglichkeit seiner selbst entschließt. Dieses Sichentschließen des Daseins aber zu sich selbst, d. h. dazu, inmitten des Seienden je das Bestimmte zu sein, was zu sein ihm aufgegeben ist, dieses Sichentschließen ist der Augenblick. Warum  ? Das Dasein ist ja kein Vorhandenes neben anderen   Dingen, sondern durdi die Offenbarkeit   des vollen Zeithorizontes inmitten des Seienden gestellt. Es hält sich als Dasein je schon in dieser dreifachen Sicht. Es ist nur als dieses in der Zeit Ruhende dann   dasjenige, was es sein kann, wenn es je zu seiner Zeit, d. h. zugleich je hier und jetzt, mit Bezug auf dieses gerade so offenbare Seiende, da ist, das heißt sich in seiner Offenbarkeit aufschließt, das heißt sich entschließt. Nur im sich Entschließen des Daseins zu sich selbst, im Augenblick, macht   es von dem Gebrauch, was es eigentlich ermöglicht, nämlich der Zeit als dem Augenblick selbst. Der Augenblick ist nichts anderes als der Blick der Entschlossenheit, in der sich die volle Situation eines Handelns öffnet und offenhält. Was demnach die bannende Zeit an sich   hält und im Ansichhalten zugleich als Freigebbares ansagt und als Möglichkeit zu wissen gibt, ist etwas von ihr selbst, das Ermöglichende, das sie selbst und nur sie sein kann, der Augenblick. Die Hingezwungenheit des Daseins in die Spitze des eigentlich Ermöglichenden ist das Hingezwungensein durch die härmende Zeit in sie selbst, in ihr eigentliches Wesen  , d. h. an den Augenblick als die Grundmöglichkeit der eigentlichen Existenz   des Daseins. (p. 223-224)


Ver online : Die Grundbegriffe der Metaphysik. Welt – Endlichkeit – Einsamkeit [GA29-30]