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Die Grundprobleme der Phänomenologie (Sommersemester 1927) [GA24]

GA24:178-182 – o "Eu"

PERSONALITAS TRANSCENDENTALIS

sábado 27 de maio de 2023, por Cardoso de Castro

Kant   interpreta, em suma, o eu como a “unidade originária sintética da apercepção”. O que isso significa? O eu é o fundamento originário da unidade da multiplicidade de suas determinações, de tal modo que eu as tenho todas juntas enquanto eu com vistas a mim mesmo, que eu as mantenho desde o princípio juntas, isto é, que eu as ligo: síntese.

Casanova

O conceito de sujeito no sentido da subjetividade, da egoidade, depende ontologicamente da maneira mais íntima possível da categoria apofântico-formal   do subjectum, do hypokeimenon  , no qual não reside a princípio absolutamente nada relativo à egoidade. Ao contrário, ο hypokeimenon é o presente à vista, o disponível. Uma vez que, por mais que já se encontre prelineado em Descartes   e sobretudo em Leibniz  , só em Kant   se torna pela primeira vez explícito o fato de o eu ser propriamente subjectum, dito em termos gregos, a substância propriamente dita, Hegel   pode dizer: a substância propriamente dita é o sujeito, ou o sentido propriamente dito da substancialidade é a subjetividade. Esse princípio da filosofia hegeliana se acha na linha direta do desenvolvimento do modo de questionamento moderno.

No que consiste a mais universal estrutura do eu ou o que constitui a egoidade? Resposta: a autoconsciência. Todo [187] pensar é eu-penso. O eu não é simplesmente um ponto qualquer isolado, mas ele é eu-penso. Ele não se percebe, contudo, como um ente que ainda teria outras determinações diversas dessa: do fato de que pensa. O eu se sabe inversamente como o fundamento de suas determinações, isto é, de suas posturas comportamentais, como o fundamento de sua própria unidade na multiplicidade dessas posturas comportamentais, como fundamento da ipseidade de seu si mesmo. Todas as determinações e posturas comportamentais do eu estão fundadas no eu. Eu percebo, eu julgo, eu ajo. O eu-penso, diz Kant, precisa poder acompanhar todas as minhas representações, isto é, todo cogitare dos cogitata. Esse princípio, porém, não pode ser considerado de um modo tal, como se em todo comportamento, em todo pensamento no sentido mais amplo possível, também já estivesse presente a cada vez a representação do eu. Ao contrário, eu sou consciente da articulação de todas as representações com o meu eu, ou seja, sou consciente delas em sua multiplicidade como minha unidade, que tem seu fundamento em minha egoidade (como subiectum) enquanto tal. Somente com base no eu-penso, algo múltiplo me pode ser dado. Kant interpreta, em suma, o eu como a “unidade originária sintética da apercepção”. O que isso significa? O eu é o fundamento originário da unidade da multiplicidade de suas determinações, de tal modo que eu as tenho todas juntas enquanto eu com vistas a mim mesmo, que eu as mantenho desde o princípio juntas, isto é, que eu as ligo: síntese. O fundamento originário da unidade é o que ele é, ele é o fundamento como fundamento unificador, sintético. O ligar a multiplicidade das representações e aquilo que é representado nessa multiplicidade precisa ser sempre copensado. O ligar é de tal modo que, pensando, eu-penso concomitantemente a mim mesmo, isto é, eu não apreendo simplesmente o pensado e representado, eu não o percebo pura e simplesmente, mas em todo pensamento eu me penso. Eu não percebo, mas apercebo o eu. A unidade sintética originária da apercepção é a caracterização ontológica do sujeito insigne.

A partir do que foi dito fica claro o seguinte: com esse conceito da egoidade, conquista-se a estrutura formal da [188] pessoalidade, ou, como Kant diz, a personalitas   transcendentalis. O que significa essa expressão “transcendental  ”? Kant diz: “Eu denomino transcendental todo conhecimento que não se ocupa em geral tanto com os objetos, mas muito mais com nosso modo de conhecimento de objetos, na medida em que esse modo de conhecimento deve ser possível a priori   [1]. Conhecimento transcendental não se refere a objetos, ou seja, a um ente, mas aos conceitos, que determinam o ser do ente. “um sistema de tais conceitos chamar-se-ia filosofia transcendental” [2]. Filosofia transcendental não significa outra coisa senão ontologia. O fato de essa interpretação não se basear em nenhum ato de violência é algo que nos mostra a seguinte sentença que Kant escreveu mais ou menos dez anos depois da segunda edição da Crítica da razão pura no ensaio editado imediatamente depois de sua morte, Sobre a questão proposta como concurso pela Real Academia de Ciências de Berlim para o ano de 1791: quais são os progressos efetivamente realizados pela metafísica na Alemanha desde Leibniz e Wolff? “A ontologia é aquela ciência (como parte da metafísica) que constitui um sistema de todos os conceitos do entendimento e de todos os princípios, mas apenas na medida em que eles dizem respeito a objetos, que podem ser dados aos sentidos e, portanto, atestados pela experiência” [3]. A ontologia é denominada filosofia transcendental porque ela contém as condições e os elementos primeiros de todo o nosso conhecimento” [4]. Kant sempre acentua aqui que a ontologia como filosofia transcendental tem algo em comum com o conhecimento dos objetos. Isso não significa que, tal como o neokantismo o interpretou, ela seria o mesmo que teoria do conhecimento. Ao contrário, uma vez que a ontologia trata do ser do ente, e, como nós sabemos, segundo a convicção de Kant, ser, realidade efetiva, é o mesmo que ser percebido, [189] ser conhecido, a ontologia como a ciência do ser precisa se mostrar para ele como a ciência do ser conhecido dos objetos e de sua possibilidade. Por isso, a ontologia é filosofia transcendental. A interpretação da Crítica da razão pura como teoria do conhecimento perde de vista completamente o seu sentido propriamente dito.

A partir do que vimos anteriormente, sabemos o seguinte: segundo Kant, ser é o mesmo que ser percebido. As condições fundamentais do ser do ente, isto é, do ser percebido, são, por isso, as condições fundamentais para que a coisa seja conhecida. Condição fundamental, porém, para o conhecer como conhecer é o eu como eu-penso. Por isso, Kant sempre acentua uma vez mais: o eu não é nenhuma representação, isto é, nenhum objeto representado, nenhum ente no sentido dos objetos, mas antes o fundamento da possibilidade de todo representar, de todo perceber, isto é, de todo ser percebido do ente, ou seja, o fundamento de todo ser. O eu como unidade sintética originária da apercepção é a condição ontológica fundamental para todo ser. As condições fundamentais do ser do ente são as categorias. O eu não é uma entre as categorias do ente, mas a condição de possibilidade das categorias em geral. Por isso, não é próprio ao eu estar ele mesmo entre os conceitos fundamentais do entendimento, tal como Kant denomina as categorias, mas o eu é, segundo o uso terminológico kantiano, “o veículo de todos os conceitos do entendimento”. É ele que possibilita pela primeira vez os conceitos fundamentais ontológicos a priori. Pois o eu não é algo destacado, um ponto qualquer, mas ele é sempre eu-penso, ou seja, eu-ligo. Kant interpreta as categorias, contudo, como aquilo que já é visto desde o princípio no ligar intrínseco ao entendimento e que é compreendido como o que entrega a cada vez à ligação a ser levada a termo a unidade correspondente do ligado. As categorias são as formas possíveis da unidade dos modos possíveis do eu-ligo pensante. A possibilidade de ligação e, de maneira correspondente, também a forma dessa ligação mesma, isto é, a sua respectiva unidade, se fundam no eu-ligo. Assim, o eu é a condição ontológica fundamental, ou seja, o transcendental, aquilo que [190] se acha à base de todo a priori particular. Compreendemos agora: o eu como eu-penso é a estrutura formal da pessoalidade como personalitas transcendentalis. (p. 185-190)

Norro

El concepto de sujeto en el sentido de la subjetividad, la yoidad, depende ontológicamente de un modo muy íntimo de la categoría apofántico-formal del subjectum, de lo ὑποκείμενον, en la que, en principio  , nada hay de la yoidad. Por el contrario, lo ὑποκείμενον es lo subsistente, lo disponible. Es porque el yo, por primera vez de forma explícita con Kant, aunque ya prefigurado en Descartes y en Leibniz, es el subjectum propiamente dicho, o hablando como los griegos, la verdadera substancia, lo ὑποκείμενον, por lo que Hegel pudo decir que la verdadera substancia es el sujeto o que el sentido auténtico de la substancialidad es la subjetividad. Este principio fundamental de la filosofía hegeliana se encuentra en la línea directa de desarrollo del moderno planteamiento de la cuestión.

¿En qué estriba la estructura más general del yo? O ¿qué constituye la yoidad? Respuesta: la autoconciencia. Todo pensamiento es «yo pienso». El yo no es un simple punto aislado, sino que es «yo pienso». Sin embargo, no se percibe a sí mismo como un ente que tuviera otras determinaciones aparte de ésta: que piensa. Más bien, el yo se conoce a sí mismo como el fundamento de sus determinaciones, es decir, de sus comportamientos, como el fundamento de su propia unidad en la multiplicidad de estos comportamientos, como el fundamento de la mismidad consigo mismo. Todas las determinaciones y comportamientos del yo están fundados en el yo. Yo percibo, yo juzgo, yo actúo. El «yo pienso», dice Kant, debe poder acompañar a todas mis representaciones, esto es, a todo [164] cogitare los cogitata. Esta afirmación no ha de ser tomada, sin embargo, como si el pensamiento de la idea   del yo estuviera siempre presente en todo comportamiento, en todo pensar, en el más amplio sentido, sino que yo soy consciente del vínculo de todos mis comportamientos con mi yo; esto es, soy consciente de ellos en su multiplicidad tanto como de mi unidad, que tiene su fundamento en mi yoidad (como subjectum) como tal. Es sólo sobre el fundamento del «yo pienso» que puede dárseme cualquier multiplicidad. De un modo resumido: Kant interpreta el yo como la «unidad sintética original de la apercepción [Apperzeption  ]». ¿Qué significa esto? El yo es el fundamento originario de la unidad de la multiplicidad de sus determinaciones en el sentido de que, en tanto que un yo, yo las tengo todas juntas en relación conmigo mismo, las mantengo juntas, las uno, síntesis. El fundamento originario de la unidad es lo que es, es este fundamento como unificante, como sintético. La unión de la multiplicidad de las representaciones y de aquello que es representado en ellas tiene siempre que ser pensado junto a ellas. La unión es de tal suerte que, al pensar, yo también me pienso a mí mismo, o sea, no aprehendo simplemente lo pensado y lo representado, no sólo lo percibo, sino que en todo pensamiento me pienso a mí mismo con ello. No percibo el yo, sino que lo apercibo. La unidad sintética original de la apercepción es la característica ontológica del sujeto señalado.

A partir de lo dicho, se pone en claro que, con el concepto de yoidad, se ha alcanzado la estructura formal de la personalidad o, como Kant dice, la personalitas transcendentalis. ¿Qué significa el término transcendental? Dice Kant: «llamo transcendental a todo conocimiento que se ocupa no tanto de objetos como de nuestro modo de conocer objetos en tanto en cuanto se supone que éste es posible a priori» [5]. El conocimiento transcendental no se refiere a objetos, esto es, al ente, sino a los conceptos que determinan el ser del ente. «A un sistema de semejantes conceptos se le debe denominar filosofía transcendental» [6]. Filosofía transcendental no quiere decir sino ontología. Que esta interpretación no hace violencia a Kant se pone de relieve mediante un texto escrito unos diez años después de la segunda edición de la Crítica de la razón pura, y publicado inmediatamente después de su muerte, Sobre la cuestión propuesta como concurso por la Real Academia de Ciencias de Berlín para el año 1791: éCuáles son los progresos efectivamente realizados por la metafísica en Alemania desde Leibniz y Wolff? [165] «La ontología (como parte de la metafísica) es la ciencia que constituye un sistema de todos los conceptos del entendimiento y principios, pero sólo en la medida en que están dirigidos a objetos que se pueden dar a los sentidos y, por tanto, pueden ser justificados por la experiencia [7]]. A la ontología «se la llama filosofía transcendental porque contiene las condiciones y los primeros elementos de todo nuestro conocimiento a priori» [8]. Kant siempre pone de relieve en este punto que la ontología, en tanto que filosofía transcendental, tiene que ver con el conocimiento de objetos. Esto no quiere decir, como lo han interpretado los neokantianos, epistemología. Sino que, dado que la ontología trata del ser de los entes y que, como sabemos, la convicción de Kant es que el ser, la efectividad, equivale a ser percibido, al carácter de ser conocido [Erkanntheit], se sigue que la ontología como ciencia del ser ha de ser la ciencia del carácter de ser conocido de los objetos y de su posibilidad. Es por esta razón por lo que la ontología es filosofía transcendental. La interpretación de la Crítica de la razón pura de Kant como epistemología trastoca completamente su sentido.

A partir de lo anterior, sabemos que, para Kant, ser equivale a ser percibido. Las condiciones fundamentales del ser del ente, es decir, del ser percibido, son, por tanto, las condiciones fundamentales del carácter de conocidas de las cosas. Sin embargo, la condición fundamental del conocimiento, en tanto que conocimiento, es el yo en tanto que «yo pienso». Por ello, una y otra vez Kant pone de relieve que el yo no es una representación, es decir, un objeto representado, no es un ente en el sentido de objeto, sino el fundamento de la posibilidad de todo representar, de todo percibir, o sea, de todo ser percibido del ente y, por tanto, el fundamento de todo ser. Como unidad sintética original de la apercepción, el yo es la condición ontológica fundamental de todo ser. Las determinaciones fundamentales del ser del ente son las categorías. El yo no es una más entre las categorías del ente, sino la condición de la posibilidad de las categorías en general. Por tanto, el yo no pertenece en sí mismo a los conceptos radicales del entendimiento, que es como Kant denomina a las categorías; sino que el yo es, tal es la expresión kantiana, «el vehículo de todos los conceptos del entendimiento». Ante todo, hace posible los conceptos ontológicos fundamentales a priori. Pues el yo no es algo separado, no es un mero punto, sino siempre un «yo pienso», esto es, «yo uno». Kant [166] interpreta las categorías como lo que, en toda unión hecha por el entendimiento, ya ha sido visto y entendido de antemano, como aquello que proporciona la unidad correspondiente de lo unido para cada unión realizada. Las categorías son las formas posibles de unidad de los modos posibles del «yo uno» pensante. La capacidad de unirse y, correspondientemente a ella, su propia forma, su respectiva unidad, están fundadas en el «yo uno». Por tanto, el yo es la condición ontológica fundamental, es decir, lo transcendental, que yace en la base de todo a priori particular. Comprendemos ahora que el yo, como yo-pienso, es la estructura formal de la personalidad como personalitas transcendentalis.

Courtine

Le concept de sujet au sens de subjectivité, d’égoïté, est lié ontologiquement, de la manière la plus stricte, à la catégorie apophantique formelle de subjectum, d’ὑποκείμενον, même si de prime abord celle ci n’enveloppe rien qui ait trait à l’égoïté. Au contraire, l’ὑποκείμενον est le présent là devant, le disponible. C’est parce que l’Ego   devient pour la première fois avec Kant et de manière explicite, même si le phénomène était déjà préfiguré chez Descartes, et surtout chez Leibniz le subjectum véritable, la substance proprement dite (en grec ὑποκείμενον), que Hegel peut déclarer: la substance véritable est le sujet. Autrement dit, le véritable sens de la substantialité est la subjectivité. Cette proposition fondamentale dans la philosophie   de Hegel se situe dans la droite ligne du développement de la problématique moderne.

En quoi consiste la structure la plus générale de l’Ego? Qu’est ce qui constitue l’égoïté? Réponse: la conscience de soi. Tout penser est un « Je-pense ». L’Ego n’est pas seulement un point isolé, mais il est « Je-pense ». II ne se perçoit pas lui même comme un étant qui recevrait encore d’autres déterminations en dehors de celle ci, à savoir que précisément il pense. Au contraire, l’Ego se sait à titre de [160] fondement de ses déterminations, c’est-à-dire de ses attitudes; il est fondement de son unité propre à travers la multiplicité de ces attitudes, fondement de son identité à soi même. Toutes les déterminations, tous les comportements de l’Ego sont égoïquement fondés. Je perçois, je juge, j’agis. Le « Je-pense » dit Kant doit pouvoir accompagner toutes mes représentations, autrement dit tout cogitare des cogitate. Cette proposition ne doit pas cependant être entendue au sens où la représentation « Ego » viendrait à chaque fois se surajouter à chaque comportement, à chaque pensée, dans l’acception la plus générale du terme. Cette proposition signifie que je suis conscient de la liaison de tous mes comportements avec mon Ego. Je suis conscient de ces comportements, dans leur diversité, en tant qu’appartenant à mon unité, elle même fondée dans mon égoïté (à titre de subjectum) comme telle. C’est seulement sur la base du « Je pense » que du multiple peut m’être donné. Pour récapituler, Kant interprète l’Ego comme « unité originellement synthétique de l’aperception ». Qu’est ce que cela signifie? l’Ego est le fondement originaire de l’unité de la multiplicité de ses déterminations en ce sens que, à titre d’Ego, je les tom prends toutes par rapport à moi même, que d’emblée je les tiens ensemble, je les relie en une synthèse. Le fondement originaire de l’unité est ce qu’il est; il est fondement dans la mesure où il unifie, où il est synthétique. La liaison de la multiplicité des représentations et de ce qui est représenté en elles doit toujours être co-pensée. La liaison est ainsi constituée qu’en pensant, je me pense aussi, autrement dit, je n’appréhende pas simplement ce qui est pensé ou représenté, je ne le perçois pas purement et simplement, mais je me pense aussi de surcroît en tout penser, je ne perçois pas, mais j’ad perçois l’Ego. L’unité originairement synthétique de l’aperception constitue le caractère ontologique du sujet, au sens insigne du terme.

Il ressort de tout cela qu’avec le concept d’égoïté on obtient la structure formelle de la personnalité, ou, comme le dit Kant, la personalitas transcendentalis. Que signifie l’expression « transcendental »? Kant écrit: « J’appelle transcendantale toute connaissance qui en général s’occupe non pas tant des objets que de notre mode de connaissance des objets en tant qu’il est possible a priori » [9]. La connaissance transcendantale ne se rapporte pas à des objets, autrement dit non pas à l’étant, mais aux concepts qui déterminent l’être de l’étant. « Un système de concepts dç ce genre s’appellerait philosophie transcendantale » [10]. Philosophie transcendantale ne signifie donc rien d’autre qu’ontologie  . Cette interprétation ne fait pas [161] violence à Kant, comme le montre cette proposition, écrite dix ans après la seconde édition de la Critique de la raison pure, et qui figure dens l’opuscule publié immédiatement après la mort de Kant (Sur la question mise au contours par l’Académie des Sciences de Berlin: Quels sont les progrès réellement accomplis par la métaphysique en Allemagne depuis Leibniz et Wolff): « l’ontologie est cette science (formant une partie de la métaphysique) qui constitue un système de tous les concepts d’entendement et des principes, mais seulement dens la mesure où ils se rapportent à des objets qui peuvent être donnés aux sens et par conséquent justifiés par l’expérience » [11]. L’ontologie « est nommée philosophie transcendantale parce qu’elle contient les conditions et les premiers éléments de toute notre connaissance a priori » [12]. Kant souligne ici encore que l’ontologie, en tant que philosophie transcendantale, a affaire à la connaissance des objets. Ce qui ne signifie pas, comme le veut l’interprétation néokantienne, théorie de la connaissance; mais parce que l’ontologie traite de l’être de l’étant et que comme nous le savons Kant est convaincu de l’identité de l’être, de l’effectivité et de la perceptité, de l’être connu, l’ontologie, en tant que science de l’être, doit nécessairement être pour lui la science de l’être connu, de la cognoscibilité des objets et de leur possibilité. C’est pourquoi l’ontologie est philosophie transcendantale. L’interprétation en termes de théorie de la connaissance de la Critique de la raison pure passe entièrement à côté de son véritable sens.

Comme nous l’avons vu dens ce qui précède, pour Kant, être égale perceptité. Les conditions fondamentales de l’être de l’étant, c’est-à-dire de la perceptité, sont donc les conditions fondamentales do la cognoscibilité des choses. Or la condition fondamentale pour le connaître en tant que tel, c’est l’Ego au sens du Je-pense. C’est pourquoi Kant insiste toujours à nouveau sur ce point: l’Ego nest pas une représentation, il n’est pas un objet représenté, un étant au lens de l’objectum, mais le fondement de la possibilité de tout représenter, de tout percevoir, c’est-à-dire de toute perceptité de l’étant, autrement dit le fondement de tout être. L’Ego en tant qu’unité origiuairement synthétique de l’aperception est la condition ontologique fondamentale de tout être. Les déterminations fondamentales de fêtre de l’étant sont les catégories. L’Ego nest pas l’une des catétories de l’étant parmi d’autres, mais la condition de possibilité des oatégories en général. C’est pour cette raison que l’Ego ne fait pas lui même partie des concepts souches de l’entendement, ainsi que [162] Kant appelle les catégories [13], mais l’Ego est, selon son expression, « le véhicule de tous les concepts de l’entendement » [14]. C’est lui qui rend principalement possibles les concepts ontologiques fondamentaux a priori. Car l’Ego n’est pas quelque chose de séparé, de ponctuel, mais il est toujours « Je-pense », c’est-à-dire, « Je lie ». Kant interprète les catégories comme ce qui est déjà d’emblée vu et compris dans toute liaison de l’entendement, comme ce qui fournit à la liaison devant à chaque fois être effectuée l’unité correspondante des termes ainsi reliés. Les catégories sont les formes possibles que prend l’unité des modalités possibles du Je-pense en tant que « Je-lie ». La possibilité de la liaison et par conséquent aussi la forme de cette liaison, c’est-à-dire ce qui constitue à chaque fois son unité, se fondent sur le « Je lie ». Ainsi l’Ego est la condition ontologique fondamentale, c’est-à-dire le transcendental, ce qui gît au fond de tout a priori particulier. Nous comprenons à présent que l’Ego en tant que Je-pense est la structure formelle de is personnalité comme personalitas transcendentalis.

Original

Der Subjekt  -Begriff   im Sinne der Subjektivität, der Ichheit  , hängt ontologisch auf   das innigste zusammen   mit der formal-apophantischen Kategorie des subjectum, des ὑποκείμενον, worin zunächst   gar nichts   von Ichheit liegt. Im Gegenteil, das ὑποκείμενον ist das Vorhandene, das Verfügbare. Weil bei   Kant zum ersten Male explizit, wenn auch schon bei Descartes und vor allem bei Leibniz vorgebildet, das Ich das eigentliche [179] subjectum ist, griechisch gesprochen die eigentliche Substanz  , ὑποκείμενον, kann Hegel dann   sagen  : Die eigentliche Substanz ist das Subjekt, oder der eigentliche Sinn   der Substanzialität ist die Subjektivität. Dieser Grundsatz   der Hegelschen Philosophie liegt in der direkten Linie der Entwicklung der neuzeitlichen Fragestellung  .

Worin liegt die allgemeinste Struktur   des Ich, oder: Was macht   die Ichheit aus? Antwort: das Selbstbewußtsein  . Alles Denken   ist »Ich denke«. Das Ich ist nicht einfach irgendein isolierter Punkt  , sondern es ist »Ich-denket. Es nimmt sich aber selbst   nicht wahr als ein Seiendes  , das noch andere   Bestimmungen hätte außer denen, daß   es eben denkt. Vielmehr weiß sich das Ich als der Grund seiner Bestimmungen, d. h. seiner Verhaltungen, als der Grund seiner eigenen   Einheit   in der Mannigfaltigkeit   dieser Verhaltungen, als Grund der Selbigkeit seiner selbst. Alle Bestimmungen und Verhaltungen des Ich sind ich-gegründet. Ich nehme wahr, Ich urteile  , Ich handele. Das »Ich-denke«, sagt Kant, muß alle meine Vorstellungen, d. h. alles cogitare der cogitata, begleiten können. Dieser Satz   ist aber nicht so zu fassen, als sei bei jedem Verhalten  , bei jedem Denken im weitesten Sinne jeweils auch die Ich-Vorstellung   dabei, sondern Ich bin mir der Verknüpfung aller Verhaltungen mit meinem Ich bewußt, d. h. Ich bin mir ihrer bewußt in ihrer Mannigfaltigkeit als meiner Einheit, die in meiner Ichheit (als subjectum) als solcher ihren Grund hat. Erst auf dem Grunde des »Ich-denke« kann mir Mannigfaltiges gegeben   sein  . Kant interpretiert zusammenfassend das Ich als die »ursprüngliche synthetische Einheit der Apperzeption«. Was heißt das? Das Ich ist der ursprüngliche Grund der Einheit der Mannigfaltigkeit seiner Bestimmungen in der Weise  , daß ich als Ich sie alle rücksichtlich meiner selbst zusammen habe, im vorhinein zusammen halte, d. h. verbinde, Synthesis  . Der ursprüngliche Grund der Einheit ist, was er ist, er ist dieser Grund als einigender, als synthetischer. Das Verbinden der Mannigfaltigkeit der Vorstellungen und des in ihnen [180] Vorgestellten muß immer mitgedacht werden  . Das Verbinden ist derart, daß Ich denkend midi mitdenke, d. h. Ich erfasse nicht einfach das Gedachte und Vorgestellte, Ich perzipiere dasselbe nicht schlechthin, sondern in allem Denken denke Ich mich mit dazu  , Ich perzipiere nicht, sondern apperzipiere das Ich. Die ursprüngliche synthetische Einheit der Apperzeption ist die ontologische Charakteristik des ausgezeichneten Subjekts.

Aus dem Gesagten wird deutlich: Mit diesem Begriff der Ichheit ist die formale Struktur der Personalität gewonnen, oder wie Kant sagt, die personalitas transcendentalis. Was bedeutet dieser Ausdruck   »transzendental«? Kant sagt: »Ich nenne alle Erkenntnis   transzendental, die sich nicht sowohl mit Gegenständen, sondern mit unserer Erkenntnisart von Gegenständen, insofern diese apriori möglich sein soll, überhaupt beschäftigt.« [15] Transzendentale Erkenntnis bezieht sich nicht auf Gegenstände, d. h. nicht auf Seiendes, sondern auf die Begriffe, die das Sein des Seienden bestimmen. »Ein System   solcher Begriffe würde Transzendental-Philosophie heißen.« [16] Transzendental-Philosophie besagt nichts anderes als Ontologie. Daß diese Interpretation   keine Gewaltsamkeit ist, besagt folgender Satz, den Kant ungefähr ein Jahrzehnt nach der zweiten Auflage der »Kritik   der reinen Vernunft  « geschrieben hat in der Abhandlung, die unmittelbar nach seinem Tode herausgegeben wurde, »Über die von der Königlichen Akademie der Wissenschaften zu Berlin für das Jahr 1791 ausgesetzte Preisfrage: Welches sind die wirklichen Fortschritte, die die Metaphysik   seit Leibnizens und Wolffs Zeiten in Deutschland gemacht hat?«: »Die Ontologie ist diejenige Wissenschaft   (als Teil der Metaphysik), welche ein System aller Verstandesbegriffe und Grundsätze, aber nur sofern sie auf Gegenstände gehen, welche den Sinnen gegeben und also durch Erfahrung   belegt werden können, ausmacht.« [17] Die Ontologie »wird [181] Transzendental-Philosophie genannt, weil sie die Bedingungen und ersten Elemente aller unserer Erkenntnis apriori enthält.« [18] Kant betont hier immer, daß die Ontologie als Transzendental-Philosophie mit der Erkenntnis der Gegenstände zu tun   hat. Das heißt nicht, wie der Neukantianismus   interpretierte, Erkenntnistheorie, sondern weil die Ontologie vom Sein des Seienden handelt, wie wir aber wissen, nach Kants Überzeugung   Sein, Wirklichkeit   gleich   Wahrgenommenheit, Erkanntheit ist, muß für ihn die Ontologie als Wissenschaft vom Sein die Wissenschaft von der Erkanntheit der Gegenstände und ihrer Möglichkeit   sein. Deshalb ist die Ontologie Transzendental-Philosophie. Die Interpretation von Kants »Kritik der reinen Vernunft« als Erkenntnistheorie verfehlt vollständig den eigentlichen Sinn.

Wir wissen aus Früherem: Sein ist nach Kant gleich Wahrgenommenheit. Die Grundbedingungen des Seins des Seienden, d. h. der Wahrgenommenheit, sind deshalb die Grundbedingungen der Erkanntheit der Dinge. Grundbedingung aber für das Erkennen als Erkennen ist das Ich als »Ich-denke«. Daher schärft Kant immer wieder ein: Das Ich ist keine Vorstellung, d. h. kein vorgestellter Gegenstand, kein Seiendes im Sinne der Objekte, sondern der Grund der Möglichkeit alles Vorstellens, alles Wahmehmens, d. h. aller Wahrgenommenheit des Seienden, d. h. der Grund alles Seins. Das Ich als ursprüngliche synthetische Einheit der Apperzeption ist die ontologische Grundbedingung für alles Sein. Die Grundbestimmungen des Seins des Seienden sind die Kategorien  . Das Ich ist nicht eine unter den Kategorien des Seienden, sondern die Bedingung der Möglichkeit der Kategorien überhaupt. Daher gehört das Ich nicht selbst unter die Stammbegriffe des Verstandes, wie Kant die Kategorien nennt, sondern das Ich ist nach seiner Ausdrucksweise »das Vehikel aller Verstandesbegriffe«. Es ermöglicht allererst die apriorischen ontologischen [182] Grundbegriffe. Denn das Ich ist nicht etwas Abgelöstes, irgendein Punkt, sondern ist immer »Ich-denke«, d. h. »Ich-verbinde«. Die Kategorien aber interpretiert Kant als dasjenige, was in jedem Verbinden des Verstandes im vorhinein schon gesehen und verstanden ist als das, was der jeweils zu vollziehenden Verbindung die entsprechende Einheit der Verbundenen vorgibt. Die Kategorien sind die möglichen Formen der Einheit der möglichen Weisen   des denkenden »Ich verbinden Verbindbarkeit und dementsprechend auch die Form ihrer selbst, d. h. die jeweilige Einheit ihrer gründet im »Ich verbinde«. So ist das Ich die ontologische Grundbedingung, d. h. das Transzendentale, was allem besonderen Apriori zugrunde liegt. Wir verstehen   jetzt  : Das Ich als Ich-denke ist die formale Struktur der Personalität als personalitas transcendentalis.


Ver online : Die Grundprobleme der Phänomenologie [GA24]


[1KANT. Crítica da razão pura, B25.

[2Ibid.

[3KANT. WW (Cassirer). Vol. 8, p. 238.

[4Ibid.

[5I. Kant, Crítica de la razón pura, B 25.

[6Ibid.

[7I. Kant, Werke 8, ed. de E. Cassirer, p. 238 [Existe traducción española de F. Duque, Los progresos de la metafísica desde Leibniz y Wolff Tecnos, Madrid, 1987, p. 9. (N. del T.)

[8Ibid.

[9Kr V, B 25 Itrad. fr. T. et P., p. 461.

[10Ibid.

[11Kant, WW., éd. Cassirer, t. VIII, p. 238 (Ak. Ausg. XX, 7, p. 260; trad. fr. Guillermit, p. 101.

[12Ibid.

[13Kr V, B 107 (trad. fr. T. et P., p. 95). (N.d.T.)

[14Kr V., B 406 (trad. fr. T. et P., p. 282). (N.d.T.)

[15Kant, Kr. d. r. V. B 25.

[16Ebd.

[17Kant, WW (Cassirer) Bd. 8, p. 238.

[18Ebd.