Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Fink (1994b:199-200) – o ente revestido de linguagem

terça-feira 9 de janeiro de 2024

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Até aqui, tratamos tacitamente a relação do homem com as coisas que lhe aparecem como pura contemplação, como contemplatio. Do lado do homem estava o fato de experimentar e conceber, do lado das coisas, a pura emergência (Aufgehen  ) do ente, a exteriorização da essência. O ponto de partida do problema muda um pouco, quando partimos da explicitação prévia em linguagem de todas as coisas situadas no quotidiano humano. Então, já não se trata de saber como o ente que se apresenta deve, de forma correta, ser apreendido nas suas determinações pelas palavras e como deve ser levado ao conceito; porque as coisas são sempre apreendidas já com a sua roupagem linguística, o ente torna-se temático como ON LEGOMENON. Esta é a grande superioridade da posição aristotélica sobre o problema. Aqui a questão já não é como as coisas se tornam inteligíveis na cognição humana; elas tornam-se inteligíveis na medida em que são encontradas antes de mais no espaço da linguagem. Aqui não se trata de trazer o logos   para os fenômenos, mas de questionar com base nesses fenômenos, sendo os fenômenos sempre (para Aristóteles  ) já determinados pelo logos.

Kessler

Jusqu’ici nous avons traité, d’une manière tacite, la relation de l’homme aux choses qui lui apparaissent comme pure contemplation, comme contemplatio. Du côté de l’homme se trouvait le fait d’expérimenter et de concevoir, du côté des choses, la pure émergence (Aufgehen) de l’étant, l’extériorisation de l’essence. Le problème reçoit un point de départ quelque peu modifié, lorsque l’on part de la pré-explicitation langagière de toute les choses situées dans le jour humain. Alors il ne s’agit plus de la question de savoir comment l’étant se présentant doit, de la bonne manière, être saisi dans ses déterminations par les mots et comment il doit être porté au concept ; car les choses sont toujours déjà appréhendées avec leur vêtement langagier, l’étant devient thématique comme ON LEGOMENON. Ceci est la grande supériorité de la position aristotélicienne du problème. Ici la question n’est plus celle de savoir comment les choses deviennent intelligibles dans le connaître humain, elles le sont pour autant qu’elles sont rencontrées [200] en tout premier lieu dans l’espace du langage. Ici il ne s’agit pas d’apporter le logos dans les phénomènes, mais de questionner à partir de ceux-ci, les phénomènes étant (chez Aristote) toujours déjà déterminés par le logos.

[FINK  , Eugen. Proximité et distance: essais et conférences phénoménologiques. Tr. Jean Kessler. Grenoble: Jérôme Millon, 1994b]


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