Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Fink (1994b:126) – pensar

segunda-feira 8 de janeiro de 2024

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[…] A intencionalidade é a palavra-chave de Husserl   para a relação sujeito-objeto. Por mais concreta que seja a dimensão desta relação, por mais diferenciada que seja a forma como é utilizada, nunca é a única forma de ser. O mundo é mais original do que qualquer ser, qualquer objeto ou sujeito. O pensamento é, na sua verdadeira essência, a abertura do homem ao mundo. Isto pode ser entendido como uma afirmação arbitrária. A aparência de arbitrariedade acentua-se ainda mais se pensarmos nos muitos significados de "pensamento". Por exemplo, pensamos em acontecimentos cujo significado não é claro para nós; ou pensamos quando planejamos algo; pensamos quando formulamos proposições na linguagem, ou quando fazemos matemática. E assim por diante. O mesmo pensamento diz respeito ao ser, às coisas, às experiências, aos números. No entanto, este pensamento (Be-denken  ) sobre o ser só é possível na sua posterioridade porque o que uma coisa é em geral já foi pensado antecipadamente. Este pensamento prévio é um pensamento num sentido mais essencial. Não pensamos pensamentos apriorísticos na nossa vida quotidiana habitual; movemo-nos neles como se fossem uma herança tradicional. Os fundadores (Stifter) de tais legados são os pensadores. Eles concebem (erdenken) a estrutura do ente como tal. Há muito que se chama a isto "metafísica". Mais essencial e mais próprio, no entanto, é o pensamento, onde se pensa para além das coisas finitas no todo do ser. O ser ele mesmo é o que é pensado em todo o pensamento, se tomarmos como válidas as palavras de Parmênides  : "o ser e o pensar são o mesmo". O ser em si não é o universal que flutua no vago (verschwebend), é o espaço-tempo do mundo, que inclui todos os entes.

Kessler

[…] L’intentionnalité est le mot de fond de Husserl pour le rapport sujet-objet. Aussi concrètement que soit prise la dimension de ce rapport, aussi différenciée que soit encore la manière dont il est déployé, il n’est jamais le seul espace de jeu de l’être. Plus originel que tout étant, que tout objet et sujet, est le monde. La pensée est, selon son essence véritable, l’ouverture de l’homme au monde. Cela pourrait s’entendre comme une affirmation arbitraire. L’apparence d’arbitraire s’accentue encore si nous pensons aux nombreuses significations de «penser». Par exemple nous réfléchissons sur des événements qui ne nous sont pas clairs dans leur signification ; ou bien nous pensons quand nous planifions, prévoyons quelque chose ; nous pensons quand nous formulons des propositions du langage, ou quand nous faisons des mathématiques. Et ainsi de suite. Le même penser se rapporte à l’étant, aux choses, aux vécus, aux nombres. Un tel penser (Be-denken) de l’étant n’est cependant possible dans sa postériorité que parce qu’est déjà pensé à l’avance ce qu’est une chose en général. Ce penser d’avance est penser en un sens plus essentiel. Nous ne pensons pas les pensées aprioriques dans la vie de tous les jours habituelle, nous nous mouvons en elles comme en un héritage traditionnel. Les fondateurs (Stifter) de tels héritages sont les penseurs. Ils conçoivent (erdenken) la structure de l’étant comme tel. On appelle cela depuis longtemps «métaphysique». Plus essentiel et plus propre cependant est le penser là où il pense au-delà des choses finies dans le tout de l’être. L’être lui-même est ce qui est pensé dans tout penser, si toutefois on doit tenir pour valide la parole de Parménide : «c’est le même, être et penser». L’être lui-même n’est pas l’universel flottant dans le vague (verschwebend), il est l’espace-temps du monde, qui comprend tous les étants.

[FINK  , Eugen. Proximité et distance: essais et conférences phénoménologiques. Tr. Jean Kessler. Grenoble: Jérôme Millon, 1994, p. 126]


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