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Figal (O:35-36) – phronesis
sábado 5 de fevereiro de 2022
Heidegger não compreende a φρόνησις , tal com o próprio Aristóteles , como uma reflexão que se dirige para as respectivas possibilidades do agir, mas apenas como abertura da própria situação de ação. A φρόνησις torna “a situação daquele que age acessível” [Heidegger, Phänomenologische Interpretationen (Interpretações fenomenológicas), GA62 , p. 383.]; enquanto razão “solícito-reflexiva”, ela só é possível “porque é primariamente uma αἴσθησις [aisthesis ], um abarcar o instante com o olhar de maneira derradeiramente simples” [Ibid.]. Em verdade, Heidegger pode se reportar a Aristóteles quanto à ideia de um tal “olhar”. Mesmo segundo as análises da Ética a Nicômaco reside na φρόνησις uma apreensão imediata que Aristóteles denomina “percepção”, αἴσθησις; trata-se de um apreender que precisa ser diferenciado do desempenho propriamente dito da razão (νοῦς [noûs]), que tem algo em comum com os princípios (άρχαί [archai ]) do conhecimento [Aristóteles, Ética a Nicômaco VI, 6; 1140b 31-1141a 8.]. A percepção que se transcorre na razão prática não remonta ao imutável, mas ao “a cada vez”, àquilo que se tem de fazer a cada vez (πρακτόν [prakton]) [Ibid., 1142a 25]. Heidegger só conquista a sua interpretação por meio do fato de deduzir do πρακτόν a futuridade daquele que age e por compreender assim a φρόνησις como abertura futura – em Ser e tempo , essa abertura chamar-se-á “descerramento” – do ser-aí. Na interpretação heideggeriana , a φρόνησις transforma-se de uma ponderação sobre as possibilidades de ação em um ser-possível que precede a todo agir e o abre pela primeira vez enquanto tal. Com as palavras de Heidegger: ela se transforma em “prontidão para a lida” [Heidegger, Phänomenologische Interpretationen (Interpretações fenomenológicas), GA62, p. 384.]. [FigalO:35-36]