Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Ernildo Stein (2008:175) – antropologia (Antropologie)

sexta-feira 9 de junho de 2023

Com o estabelecimento da compreensão do ser e, a partir daí, do sentido ontológico do ser-aí, o filósofo não estabelece apenas uma ontologia fundamental, mas implicitamente também expõe as bases para uma antropologia não mais orientada na relação sujeito-objeto. O ser humano não é mais uma coisa que aparece no mundo entre as coisas, pois com ele surge o próprio mundo e ele se torna ser-no-mundo. Dessa maneira, a antropologia não é mais definida, mesmo filosoficamente, como anima  , animus ou mens   ou então mais tarde como sujeito, como pessoa ou como espírito. Heidegger dirá na Carta sobre o humanismo que a essência do homem não consiste nem no fato de ele ser um organismo animal nem no fato de isso ser compensado com uma alma imortal, pelas faculdades da razão ou pelo caráter de pessoa. O que torna manifesto o homem é, com esta tentativa, sempre com base no mesmo projeto metafísico, encoberto (Heidegger, 1947, p. 13 ss).

Numa outra passagem Heidegger critica a antropologia como sendo um instrumento para a Psicologia, a Pedagogia, a Medicina e a Teologia e diz expressamente que “isso já não é mais uma moda, mas uma praga” (1982, p. 122). O filósofo pode falar assim porque Ser e tempo   é a obra em que se abandonou definitivamente a possibilidade de responder o que é o homem, para afirmar que só se pode questionar como é o homem. A resposta vem diretamente do fato que ele é ser-no-mundo e ser-aí. Com esta resposta o filósofo remete o ser humano para o lugar da compreensão do ser. Seu modo de ser consiste em compreender o ser, de tal modo que a pergunta pelo ser se torna a pergunta pelo modo como ele se dá: pelo ser-aí que compreende o ser.


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