Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Ernildo Stein (2003:267-268) – imortalidade dos filósofos

sexta-feira 1º de dezembro de 2023

As conquistas da Filosofia não se desligam do ser humano. Isso tem consequências importantes quando tentamos perceber claramente as coisas. E com isso começamos a ter uma visão mais lúcida e tranquila em relação ao estudo da Filosofia. Isto é, não se contrapõe um filósofo contra o outro, no seu discurso, mas se procura ver um problema que um filósofo abordou e ver como é que um outro o abordou e como um terceiro ainda o abordou e como um quarto o abordou mais uma vez. Isso significa que temos a posse dos textos desses filósofos e, no final da análise de três ou quatro textos, nós mesmos fazemos o nosso texto sobre o problema que eles abordaram. Dizemos que em parte um foi mais feliz, outro menos feliz. Mas, no final, podem nos servir para colocar a nossa questão. É por isso que em Filosofia nunca se começa do ponto zero e é por isso também que se diz que o homem é naturalmente filósofo. Pela sua condição, ele carrega uma necessidade e, se não for essa necessidade, será uma espécie de destino do qual não se consegue desvencilhar. Quando trabalha com a Filosofia vê que os filósofos são, muitas vezes, o nome para os problemas da solução. Hegel  , Kant  , Descartes  , Aristóteles  , os filósofos, muitas vezes, são remetidos para os problemas da solução. E, com isso, os filósofos passam a ter uma imortalidade que os cientistas não têm. Talvez menos utilidade, mas mais imortalidade do que eles, os cientistas. Os filósofos limitam-se ao resultado que eles conseguiram com seus textos, os cientistas aos resultados a que eles chegaram na solução dos problemas.

[268] Isso, então, nos alertará diante da questão de como se comporta o cientista e de como se comporta o filósofo. Mostrará uma posição muito clara de que o filósofo, ainda que tenha a sua competência enquanto filósofo nos problemas da solução, tem também competência para o que o cientista faz enquanto procede, de uma certa maneira, na solução dos problemas. É aí que podemos dizer: mais sérios que a solução dos problemas são os problemas da solução. É por isso que fazemos epistemologia das ciências. É por isso que as ciências necessitam dos filósofos se elas quiserem justificar os seus conceitos. Os filósofos apontam para isso.


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