Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Caron (2005:809-810) – cura - si mesmo - eu - sujeito

sexta-feira 4 de agosto de 2017

Nossa tradução

Esta diferença fundamental, no entanto, jamais assinalada pela nossa consciência, e que destaca-se da simples análise disto que contém a expressão "in-sein  ", permite igualmente compreender as duas características do si mesmo destacados por Heidegger algumas linhas adiante: a Sorge   (a cura), condição de possibilidade da Besorge (a ocupação). "No ser-em-o-mundo voltado para, aberto sobre algo, está presente isto em direção de que se orienta a crua da vida: isto que é a cada vez o mundo. A mobilidade da cura tem o caráter do comércio [Umgangs] da vida fática com seu mundo. O em-direção-de-que da cura é o com-que do comércio. O sentido do ser efetivo e da existência do mundo se funde em e se determina a partir deste caráter: isto a que o comércio ocupado tem lida. O mundo é aí enquanto isto que sempre já de certa maneira é para cura. O mundo é articulado em função das orientações possíveis da cura como mundo-ambiente [Umwelt  ], mundo comum e mundo-do-si [Selbstwelt  ]. Correlativamente, o se-cuidar é cura das coisas necessárias [de meios de subsistência], do ofício, dos prazeres, da tranquilidade, da sobrevivência, do conhecimento prático de algo, do saber relativo a…, da consolidação da vida nos seus fins últimos" [1]. A cura concede o si mesmo de fazer aparecer um mundo junto do qual ele é e ao qual ele pode se relacionar, do qual ele pode em uma palavra se ocupar, ocupação que pode dar lugar a uma perda do si mesmo neste eu substancial que é corolário de uma ipseidade não se desejando concernida senão pelo e-vidente e não se crendo destinada senão ao ente, à inquietude cotidiana e ao afazer doméstico. Este eu destacado de sua fonte não é senão um reflexo derivado da atividade transcendental   da ipseidade. Ele persiste em não ser senão um ente. Heidegger o chamará o a-gente a fim de sublinhar que não há na comunidade diferentes eu senão uma multiplicidade de entes todos semelhantes e partindo indiferentes, desviados de seu solo natal e se espalhando em todos os sentidos a fim de ocultar a obscuridade iniciadora das coisas e de encontrar algo como um lugar de habitação dissimulando a estranheza, todas levadas pela dinâmica de eclosão deste solo desertificado, todos voltados para o imediatamente consumível, para o espalhado e não para o espalhamento, todos permanecendo na epiderme desta pulsação desveladora e não se apreendendo como uma tal epiderme, o que somente lhe permitiria no entanto aperceber esta maré ontológica dos quais eles são a espuma.

Original

Cette différence fondamentale, qui à notre connaissance n’est pourtant jamais signalée, et qui ressort de la simple analyse de ce que contient l’expression « in-sein   », permet également de [810] comprendre les deux caractéristiques du soi dégagées par Heidegger quelques lignes plus loin : la Sorge (le souci), condition de possibilité de la Besorge (la préoccupation). « Dans l’être-au-dehors tourné vers, ouvert sur quelque chose, est présent ce en direction de quoi s’oriente le souci de la vie : ce qui est à chaque fois le monde. La mobilité du souci a le caractère du commerce [Umgangs] de la vie facticielle avec son monde. Le en-direction-de-quoi du souci est l’avec-quoi du commerce. Le sens de l’être effectif et de l’existence du monde se fonde dans et se détermine à partir de ce caractère : ce à quoi le commerce préoccupé a affaire. Le monde est là en tant que ce qui toujours déjà d’une certaine façon est à souci. Le monde est articulé en fonction des orientations possibles du souci comme monde-ambiant [Umwelt], monde commun et monde-du-soi [Selbstwelt]. Corrélativement, le se-soucier est souci des choses nécessaires [de moyens de subsistance], du métier, des plaisirs, de la tranquillité, de la survie, de la connaissance pratique de quelque chose, du savoir relatif à …, de la consolidation de la vie dans ses fins ultimes » [2]. Le souci accorde au soi de faire apparaître un monde auprès duquel il est et auquel il peut se rapporter, dont il peut en un mot se préoccuper, préoccupation qui peut donner lieu à une perte du soi dans ce moi substantiel qui est corollaire d’une ipséité ne se désirant concernée que par l’é-vident et ne se croyant destinée qu’à l’étant, à l’inquiétude quotidienne et à l’affairement domestique. Ce moi détaché de sa source n’est qu’un reflet dérivé de l’activité transcendantale de l’ipséité. Il s’entête à n’être qu’un étant. Heidegger l’appellera le On afin de souligner qu’il n’y a dans la communauté des différents moi qu’une multiplicité d’étants tous semblables et partant indifférents, détournés de leur sol natal et s’éparpillant en tous sens afin d’occulter l’obscurité initiatrice des choses et de retrouver quelque chose comme un lieu d’habitation dissimulant l’étrangeté, tous portés par la dynamique d’éclosion de ce sol déserté, tous tournés vers l’immédiatement consommable, vers I’ éparpillé et non vers l’éparpillement, tous demeurant à l’épiderme de cette pulsation dévoilante et ne s’appréhendant pas comme un tel épiderme, ce qui seul leur permettrait cependant d’apercevoir ce flot ontologique dont ils sont l’écume.

[Excerto de CARON  , Maxence. Heidegger. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005, p. 809-810]

CARON, Maxence. Pensée de l’être et origine de la subjectivité. Paris: CERF, 2005.


Ver online : Maxence Caron


[1GA61/IPA, p. 21

[2GA61/IPA, p. 21