Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Carla Rodrigues (2020) – Agamben: biopolítica na pandemia

sábado 23 de maio de 2020

Talvez seja mais difícil aceitar as provocações de Agamben   quando a biopolítica de combate à covid-19 se apresenta exclusivamente afirmativa, em nome da preservação da vida, apagando a percepção que o autor busca ressaltar: a gestão da forma das vidas a serem preservadas só existe sob controle da liberdade. Infelizmente, essa descrição não é a de uma situação de exceção, mas a explicitação do que nem sempre é tão evidente e escancarou-se com a declaração de pandemia: a política não é feita em nome da defesa da vida, bem ao contrário, a defesa da vida é reivindicada como fundamento para a política como biopolítica e para a autoridade dos poderes soberanos, estejam eles localizados nos Estados (em todas as suas esferas), em organismos supraestatais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), nos mecanismos tecnológicos de vigilância, baseados em geolocalização e inteligência artificial e/ou nas forças policiais e militares em operação. Nesta coletânea, Agamben nos interroga sobre o limite dos valores éticos e políticos a que estamos ou não dispostos a renunciar diante do risco da doença, acrescentando perguntas a um acontecimento que já é, por si só, multifacetado. Tarefa de filósofo.

[Excerto do Prefácio de Carla Rodrigues, ao recente livreto reunindo as manifestações controversas de Giorgio Agamben, sobre a biopolítica da pandemia: AGAMBEN, Giorgio. Reflexões sobre a peste: ensaios em tempos de pandemia. Prefácio Carla Rodrigues. Tr. Isabella Marcatti. São Paulo: Boitempo, 2020 epub)


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