Benjamin Constant: princípios

A palavra princípios tem sido tão e de tal modo cruelmente abusada que aquele que exige para eles [princípios] respeito e obediência, é geralmente tratado como um sonhador abstrato, um raciocinador quimérico. Todas as facções têm ódio aos princípios: alguns consideram que eles trouxeram males passados, outros que multiplicam as dificuldades presentes. Aqueles que não conseguem reconstruir o que não é mais, adotam os princípios da derrubada; aqueles que não sabem como fazer se dar o que é, os acusam de sua impotência; e mesmo a massa que, em sua qualidade de ser composta, não tendo nenhum interesse   às exceções individuais, tem um interesse muito premente de que os princípios gerais sejam observados, vendo-os expostos às declamações de todas os partidos, se previne e se apaixona contra uma única coisa, de que eles todos se equivocam, enquanto essa coisa única é aquela que a garante contra todos eles.

Reabilitar os princípios seria um esforço útil e satisfatório: sairíamos dessa esfera de circunstâncias em que nos encontramos perpetuamente pressionados de tantas maneiras. Estaríamos livres de qualquer retorno pessoal a indivíduos: em vez de ter de apontar imprudências ou fraquezas, teríamos que lidar apenas com o pensamento. Uniríamos, à vantagem de melhor aprofundar opiniões, aquele, não menos precioso, de esquecer os homens.

On a tant et si cruellement abusé du mot principes que celui qui réclame pour eux respect et obéissance est traité d’ordinaire de rêveur abstrait, de raisonneur chimérique. Toutes les factions ont les principes en haine : les unes les considèrent comme ayant amené les maux passés, les autres comme multipliant les difficultés présentes. Ceux qui ne peuvent reconstruire ce qui n’est plus, s’en prennent aux principes du renversement ; ceux qui ne savent pas faire aller ce qui est, les accusent de leur impuissance; et la masse même qui, en sa qualité d’être composée, n’ayant aucun intérêt aux exceptions individuelles, en a un très pressant à ce que les principes généraux soient observés, les voyant en butte aux déclamations de tous les partis tour à tour, se prévient et se passionne contre une chose dont ils lui disent tous du mal, tandis que cette chose est la seule qui la garantisse contre eux tous.

La réhabilitation des principes serait une entreprise à la fois utile et satisfaisante : on sortirait, en s’y livrant, de cette sphère de circonstances dans laquelle on se trouve perpétuellement froissé de tant de manières. On serait exempt de tout retour personnel vers les individus : au lieu d’avoir à relever des imprudences ou des faiblesses, on n’aurait à traiter qu’avec la pensée seule. On réunirait, à l’avantage de mieux approfondir les opinions, celui, non moins précieux, d’oublier les hommes.