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GA6T1:323 – essência do homem
terça-feira 21 de novembro de 2023
Casanova
[…] a essência do homem pode ser determinada por meio do fato de que as pessoas o descrevem assim como se descreve e decompõe um sapo ou um ratinho; como se já estivesse imediatamente decidido que, com o auxílio dos procedimentos da biologia, se poderia chegar algum dia a saber o que é o vivente. Em verdade, contudo, o contrário é o caso, uma vez que, ao dar o seu primeiro passo, a ciência biológica já pressupõe e toma por garantido o que deve significar para ela a “vida”. Com certeza, podemos virar as costas para essa opinião tomada antecipadamente por garantida. Podemos sentir vergonha de nos confrontarmos com ela; e isso não apenas porque se tem muito a fazer com sapos e outros animais, mas também porque se tem medo de sua opinião, medo de que a ciência possa repentinamente entrar em colapso se olharmos o que está atrás de nós. Nesse caso, poder-se-ia evidenciar que os pressupostos são de um tipo muito digno de questão (muito questionável); e, em verdade, em todas as ciências sem exceção. O quão libertador seria para “a” ciência, se precisássemos dizer-lhe agora, e, com efeito, a partir de razões necessárias histórico-politicamente, que o povo e o estado precisam de resultados, e de resultados úteis! Muito bem, diz a ciência, mas precisamos de paz e tranquilidade. Como qualquer um é capaz de entender também isso, as pessoas alcançam então felizmente a sua paz e tranquilidade uma vez mais; o que significa: tudo pode prosseguir agora com a mesma ignorância filosófico-metafísica dos últimos 50 anos. A “ciência” de hoje também vivência, então, essa liberação da única maneira que pode; ela se sente em sua necessidade, e, dessa maneira, mais ratificada do que nunca em sua essência. [GA6PT ]
Krell
The essence of man may be defined – as we have long been accustomed to mean and opine according to the rules of various games – by describing him in the way one dissects and describes a frog or a rabbit. As if it had already been determined that by means of biological procedures one can come to know what a living creature is. It is rather the case that the science of biology presupposes and takes for granted in its initial steps what “life” is to mean for it. Of course, one turns his back on the opinion thus taken for granted. One shies from turning to confront it, not only because he is so busy with his frogs and other animals, but also because he experiences anxiety concerning his own opinion. It might well be that the science as such would suddenly collapse if one looked over one’s shoulder, only to discover that presuppositions are very much worthy of question. This is the case in all the sciences – without exception. Is it not liberating for all these sciences when they are told nowadays that due to historic political exigencies the nation and the state need results – solid, useful results! “Fine,” reply the sciences, “but you know we need our peace and quiet.” Everyone cooperates sympathetically, and the sciences are happy in their unruffled state; they can proceed in utter ignorance of philosophical-metaphysical questions, as they have for the past fifty years. The “sciences” today experience this liberation in the only way they can. Nowadays as never before they feel perfectly assured of their necessity, taking such assurance – erroneously – as a confirmation of their very essence. [GA6T1EN ]
Original
Nun läßt sich das Wesen des Menschen dadurch bestimmen — wie man seit langem in den verschiedenen Spielarten dieser Meinung meint — daß man ihn beschreibt, wie man einen Frosch oder ein Kaninchen beschreibt und zergliedert; als ob [361] es sogleich feststünde, man könne durch das Verfahren der Biologie jemals wissen, was das Lebendige sei, indes die biologische Wissenschaft schon für den ersten Schritt voraussetzt und vorausnimmt, was für sie »Leben« heißen soll. Die vorausgenommene Meinung läßt man freilich hinter sich im Rücken, man scheut sich, zu ihr sich umzuwenden, nicht nur, weil man so viel mit den Fröschen und anderem Getier zu tun hat, sondern weil man Angst hat vor seiner Meinung, die Angst, es könnte die Wissenschaft plötzlich in die Brüche gehen, wenn man hinter sich blickt, wobei sich heraussteilen könnte, daß die Voraussetzungen sehr frag-würdiger Art sind, und zwar in allen Wissenschaften ohne Ausnahme. Wie befreiend mag es nicht für »die« Wissenschaft sein, wenn ihr jetzt, und zwar aus notwendigen geschichtlich-politischen Gründen gesagt werden muß, das Volk und der Staat brauchen Ergebnisse und nutzbare Ergebnisse! Gut, sagt die Wissenschaft, aber wir brauchen Ruhe, und das versteht auch jedermann, und man hat glücklich seine Ruhe wieder; d.h. es kann jetzt in derselben philosophisch-metaphysischen Ahnungslosigkeit weitergehen, wie seit einem halben Jahrhundert. Die heutige »Wissenschaft« erlebt daher auch diese Befreiung sogleich in ihrer Weise; sie fühlt sich heute in ihrer Notwendigkeit und damit, wie sie irrtümlich meint, auch in ihrem Wesen so bestätigt wie nie zuvor.
Ver online : NIETZSCHE I [GA6T1]