Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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disciplinas filosóficas

quarta-feira 13 de dezembro de 2023

philosophische   Disziplinen

Aristóteles morreu em 322/321 a.C. Entretanto, a filosofia já havia se tornado há muito a vítima da ambiguidade. Com Aristóteles, a filosofia antiga alcançou seu ponto mais elevado, com ele começa o seu próprio descenso e declínio. Em Platão e Aristóteles, a formação escolar torna-se inevitável. Como ela se efetiva? O questionamento vital perece. O próprio ser-tomado-por, que pertence ao questionamento filosófico fica de fora. Tudo isto com o agravante de que o ter-sido-tomado-por alcançou o conhecimento e chegou mesmo a ser expresso. O que foi expresso é considerado isoladamente e transformado em resultado palpável, em algo passível de aplicação. A partir daí, qualquer um é capaz de aprendê-lo e repeti-lo. Tudo o que é legado pela filosofia platônica e aristotélica, a riqueza de tratados e diálogos, é desenraizado e não é mais concebido radicalmente; e isto por mais que estejamos agora diante de uma rica presença da filosofia, com a qual os que estão por vir e os epígonos terão de se haver de alguma forma. As filosofias platônica e aristotélica sucumbiram ao destino, do qual nenhuma filosofia escapa: elas se tornaram filosofias escolares. Permanece, porém, para as escolas que estão por vir, a tarefa de, uma vez que a radicalidade deste filosofar se perdeu, reunir de alguma maneira o material esparso e divergente, de modo que a filosofia venha a ser acessível para qualquer um e possa ser repetida por qualquer um. Tudo o que um dia cresceu a partir dos mais diversos questionamentos – externamente sem qualquer ligação, mas tanto mais enraizados internamente – é agora desarraigado e composto em matérias segundo pontos de vista [48] docentes e discentes. A conexão radical é suprimida através da ordenação que se perfaz no interior das matérias e das disciplinas escolares. A pergunta é: segundo que pontos de vista este rico material, que não é mais tomado em seu cerne e em sua vitalidade, é ordenado?

O ponto de vista desta ordenação escolar dá-se sem mais a partir dos temas centrais que já conhecemos. Vimos que a filosofia se ocupa justamente com a physis  . Em meio ao esclarecimento da noção de physis no sentido do subsistente-por-si-mesmo e do que cresce e vige a partir de si mesmo, contratamos esta noção ante o ente que, em razão da produção, é através do homem. A partir daí, conquistamos o conceito contrário à physis: o conceito que abarca tudo o que diz respeito ao fazer e ao não-fazer humanos, ao homem em seu fazer, em sua postura e em sua atitude, nisto que os gregos designam como êthos   – de onde vem a nossa expressão “ética”, êthos visa à atitude do homem, ao homem em sua atitude, em seu portar-se como um ente diverso da natureza em sentido estrito, da physis. Com isto, temos duas regiões fundamentais que se mostram como temas centrais para a nossa consideração. Uma vez que physis e êthos são tratados na filosofia, eles são expressamente manifestos e discutidos no logos  . Como ο logos, o falar sobre as coisas, é o que há de mais primordial para tudo o que possui o caráter doutrinário, a consideração do logos volta ao primeiro plano. [GA29-30MAC:47-48]