Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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SZ:25-26 – legein

terça-feira 1º de agosto de 2017

Schuback

A problemática da ontologia grega, bem como de toda ontologia, deve ser orientada pela própria presença. Tanto em sua definição vulgar como em sua “definição” filosófica, a presença, isto é, o ser do homem, caracteriza-se como ζωον λόγον εχον, o ser vivo cujo modo de ser é, essencialmente, determinado pela possibilidade de falar. O λέγειν (cf. § 7 B) fornece a orientação para que se obtenham as estruturas ontológicas dos entes que nos vêm ao encontro nos dizeres e discussões. É por isso que a ontologia antiga, elaborada por Platão  , torna-se uma “dialética". Com o progresso da elaboração dessa orientação ontológica, isto é, da “hermenêutica” do λόγος, aumenta a possibilidade de uma apreensão mais radical do problema do ser. A “dialética”, que constituía uma verdadeira perplexidade filosófica, torna-se então supérflua. É também por isso que Aristóteles   já não possui “nenhuma compreensão” para ela. É que Aristóteles   a elevou para um plano muito mais radical e, assim, a superou. O próprio λέγειν ou νοειν, a simples percepção de algo simplesmente dado, que já Parmênides   havia tomado como guia na interpretação de ser, possui a estrutura temporânea da pura “atualização” (Gegenwärtigens) de uma coisa. O ente que se manifesta nessa atualização e que é entendido como o ente próprio é, portanto, interpretado com referência ao atualmente presente, ou seja, concebido como vigência.

Essa interpretação grega de ser foi desenvolvida sem nenhuma consciência explícita de seu fio condutor, sem saber e, sobretudo, sem compreender a função ontológica do tempo e sem penetrar no fundamento de possibilidade dessa função. Ao contrário: o próprio tempo é considerado como um ente entre outros, buscando-se apreender a estrutura de seu ser no horizonte de uma compreensão de ser orientada, implícita e ingenuamente, pelo próprio tempo. (2006 p. 64)

Castilho

A problemática da ontologia grega, como a de toda outra ontologia, deve tomar seu fio condutor do Dasein ele mesmo. O Dasein, isto é, o ser do homem, é determinado na “definição” vulgar bem como na filosófica, como ζώον λόγον εχον, como o vivo cujo ser é essencialmente determinado pelo poder falar. Ο λεγειν (cf. § 7, B) é o fio condutor para a conquista das estruturas-do-ser do ente que vem-de-encontro no dizer de e no dizer que. Por isso, a ontologia antiga, que se forma em Platão  , torna-se “dialética”. Com a progressiva elaboração do fio-condutor ontológico ele mesmo, isto é, da “hermenêutica” do λόγος, surge a possibilidade de uma apreensão mais radical do problema-do-ser. A “dialética”, que era uma autêntica perplexidade filosófica, torna-se supérflua. Por isso Aristóteles   “já não tinha dela entendimento algum”, pois, ao situá-la sobre um solo mais radical, supera-a. Ο λέγειν ele mesmo ou o νοείν — isto é, o simples perceber algo subsistente em [95] sua pura subsistência, já tomado por Parmênides   como guia para a interpretação do ser — tem a estrutura temporal do puro “presencizar” de algo. O ente que nele e para ele se mostra e é entendido como o propriamente ente recebe portanto sua interpretação em referência ao pre-sente (Gegen-wart), isto é, é concebido como presença (ουσία ).

Entretanto, essa interpretação grega do ser se efetua sem qualquer saber expresso acerca do que nela exerce a função de fio-condutor, sem conhecimento e mesmo entendimento da função ontológica fundamental do tempo, sem qualquer penetração no fundamento da possibilidade dessa função. Ao contrário: o tempo é tomado ele mesmo como um ente entre outros entes, um ente cuja estrutura-de-ser se procura apreender a partir do horizonte de um entendimento-do-ser que, de modo inexpresso e ingênuo, orienta-se pelo próprio tempo.

Rivera

La problemática de la ontología griega, como la de cualquier otra ontología, debe tomar su hilo conductor en el Dasein mismo. El Dasein, es decir, el ser del hombre, queda determinado en la “definición” vulgar, al igual que en la filosófica, como ζωον λόγον εχον, como el viviente cuyo ser está esencialmente determinado por la capacidad de hablar. El λέγειν (cf.§ 7, B) es el hilo conductor para alcanzar las estructuras de ser del ente que comparece cuando en nuestro hablar nos referimos a algo [Ansprechen] o decimos algo de ello [Besprechen]. Por eso, la ontología antigua, que toma forma en Platón  , se convierte en “dialéctica”. Con el progreso de la elaboración del hilo conductor ontológico mismo, e.d. de la “hermenéutica” del λόγος, crece la posibilidad de una comprensión más radical del problema del ser. La “dialéctica”, que era una auténtica perplejidad filosófica, se toma superflua. Por esto (Aristóteles  ) “no tenía ya comprensión” para ella [e.d no la aceptaba] justamente porque, al ponerla sobre un fundamento más radical, la había superado. El λέγειν mismo y, correlativamente, el νοειν —e.d. la aprehensión simple de lo que está-ahí en su puro estar-ahí, que ya había sido tomada por Parménides como guía para la interpretación del ser— tiene la estructura [SZ  :26] temporaria de la pura “presentación” de algo (Rivera (STJR:nota) – tempo tradicional). El ente que se muestra en y para ella, y es entendido como el ente propiamente dicho, recibe, por consiguiente, su interpretación por referencia al pre-sente, es decir, es concebido como presencia (ούσια).

Sin embargo, esta interpretación griega del ser se realiza sin un saber explícito acerca del hilo conductor que la guía, sin conocer ni comprender la función ontológica fundamental del tiempo, sin penetrar en el fundamento que hace posible esta función. Por el contrario: el tiempo mismo es considerado como un ente entre otros entes, un ente cuya estructura de ser se intenta captar desde el horizonte de una comprensión del ser que tácita e ingenuamente se rige por el propio tiempo [1].

Vezin

La problématique de l’ontologie grecque doit, comme celle de toute ontologie, tirer du Dasein lui-même sa ligne directrice. Le Dasein, c’est-à-dire l’être de l’homme, qu’il soit couramment ou philosophiquement « défini » n’en est pas moins cerné comme ζωον λόγον εχον, le vivant dont l’être se détermine essentiellement par le pouvoir de parler. Le λέγειν (cf. § 7, B) sert de guide pour parvenir aux structures d’être de l’étant se rencontrant là oú il s’agit de dire ce qu’il en est et d’en débattre. C’est pourquoi l’ontologie antique, telle qu’elle prend figure chez Platon  , se developpe en « dialectique ». Au fur et à mesure que progresse l’elaboration du fil conducteur ontologique lui-même, c’est-à-dire plus l’« herméneutique » du λόγος est avancée, plus s’accroît la possibilité de saisir plus radicalement le problème de l’être. La « dialectique », qui temoignait d’un authentique embarras philosophique, devient superflue. Voilà pourquoi Aristote   « n’y entendait plus rien » parce qu’il l’installait et lui donnait place sur un sol d’une tout autre radicalité. Le λέγειν lui-même ou le νοειν aussi bien — la simple perception de quelque chose qui est là-devant [SZ  :26] dans la pureté de son être-là-devant, perception dejà prise par Parmenide comme fil conducteur de l’explicitation de l’être à la structure temporale de la pure « apprésentation » de quelque chose. L’étant qui se montre dans le λόγος pour s’y présentifier et qui est entendu comme l’étant véritable, recoit en conséquence son explicitation par référence au — pré-sent, c’est-à-dire qu’il est conçu comme présenteté (ούσια).

Cette explicitation grecque de l’être s’accomplit cependant en l’absence de tout savoir explicite concernant le fil conducteur qui y est en fonction, sans connaitre, sans même entendre la fonction ontologique du temps qui lui est sous-jacente, sans un regard pour vender la possibilité de cette fonction. Au contraire: le temps est lui-même pris comme un étant parmi les autres étants et l’on s’efforce de le saisir lui-même dans sa structure d’être en ayant pour horizon l’entente de l’être qui est implicitement et naïvement orientée sur lui. (p. 51-52)

Macquarrie & Robinson

The problematic of Greek ontology, like that of any other, must take its clues from Dasein itself. In both ordinary and philosophical usage, Dasein, man’s Being, is ‘defined’ as the ζωον λόγον εχον — as that living thing whose Being is essentially determined by the potentiality for discourse. [2] Λέγειν is the clue for arriving at those structures of Being which belong to the entities we encounter in addressing ourselves to anything or speaking about it [im Ansprechen und Besprechen]. (Cf. Section 7 b.) This is why the ancient ontology as developed by Plato   turns into ‘dialectic’. As the ontological clue gets progressively worked out — namely, in the ‘hermeneutic’ of the λόγος — it becomes increasingly possible to grasp the problem of Being in a more radical fashion. The ‘dialectic’, which has been a genuine philosophical embarrassment, becomes superfluous. That [48] is why Aristotle   ‘no longer has any understanding’ of it, for he has put it on a more radical footing and raised it to a new level [aufhob], λέγειν itself — or rather νοειν, that simple awareness of something present-at-hand [SZ  :26] in its sheer presence-at-hand, [3] which Parmenides   had already taken to guide him in his own interpretation of Being — has the Temporal structure of a pure ‘making-present’ of something. [4] Those entities which show themselves in this and for it, and which are understood as entities in the most authentic sense, thus get interpreted with regard to the Present; that is, they are conceived as presence (ουσία). [5] (p. 47-48)

Original

Die Problematik der griechischen Ontologie muß wie die einer jeden Ontologie ihren Leitfaden aus dem Dasein selbst nehmen. Das Dasein, d. h. das Sein des Menschen ist in der vulgären ebenso wie in der philosophischen »Definition« umgrenzt als ζωον λόγον εχον, das Lebende, dessen Sein wesenhaft durch das Redenkönnen bestimmt ist. Das λέγειν (vgl. § 7, B) ist der Leitfaden der Gewinnung der Seinsstrukturen des im Ansprechen und Besprechen begegnenden Seienden. Deshalb wird die sich bei Plato   ausbildende antike Ontologie zur »Dialektik«. Mit der fortschreitenden Ausarbeitung des ontologischen Leitfadens selbst, d. h. der »Hermeneutik« des λόγος, wächst die Möglichkeit einer radikaleren Fassung des Seinsproblems. Die »Dialektik«, die eine echte philosophische Verlegenheit war, wird überflüssig. Deshalb hatte Aristoteles   »kein Verständnis mehr« für sie, weil er sie auf einen radikaleren Boden stellte und aufhob. Das λέγειν selbst, bzw. das νοειν — das schlichte Vernehmen von etwas Vorhandenem in seiner puren Vorhandenheit, das schon Parmenides   zum [26] Leitband der Auslegung des Seins genommen — hat die temporale Struktur des reinen »Gegen wärtigens« von etwas. Das Seiende, das sich in ihm für es zeigt und das als das eigentliche Seiende verstanden wird, erhält demnach seine Auslegung in Rücksicht auf — Gegen-wart, d. h. es ist als Anwesenheit (ουσία) begriffen.

Diese griechische Seinsauslegung vollzieht sich jedoch ohne jedes ausdrückliche Wissen um den dabei fungierenden Leitfaden, ohne Kenntnis oder gar Verständnis der fundamentalen ontologischen Funktion der Zeit, ohne Einblick in den Grund der Möglichkeit dieser Funktion. Im Gegenteil: die Zeit selbst wird als ein Seiendes unter anderem Seienden genommen, und es wird versucht, sie selbst aus dem Horizont des an ihr unausdrücklich-naiv orientierten Seinsverständnisses in ihrer Seinsstruktur zu fassen.


Ver online : SER Y TIEMPO


[1“…repetición…”: en alemán, “Wiederholung”. Esta palabra alemana podría traducirse también como “retoma”, es decir, una vuelta a tomar lo que ya había sido emprendido antaño.

[2The phrase ζωον λόγον εχον is traditionally translated as ‘rational animal’, on the assumption that λόγος refers to the faculty of reason. Heidegger, however, points out that λόγος is derived from the same root as the verb λέγειν (‘to talk’, ‘to hold discourse’); he identifies this in turn with νοειν (‘to cognize’, ‘to be aware of’, ‘to know’), and calls attention to the fact that the same stem is found in the adjective διαλεκτικός (‘dialectical’). (See also H. 165 below.) He thus interprets λόγος as ‘Rede’, which we shall usually translate as ‘discourse’ or ‘talk’, depending on the context. See Section 7 b below (H. 32 if.) and Sections 34 and 35, where ‘Rede’ will be defined and distinguished both from ‘Sprache’ (‘language’) and from ‘Gerede’ (‘idle talk’) (H. 160 ff.).

[3‘. . . von etwas Vorhandenem in seiner puren Vorhandenheit . . .’ The adjective ‘vorhanden’ means literally ‘before the hand’, but this signification has long since given way to others. In ordinary German usage it may, for instance, be applied to the stock of goods which a dealer has ‘on hand’, or to the ‘extant’ works of an author; and in earlier philosophical writing it could be used, like the word ‘Dasein’ itself, as a synonym for the Latin ’existentia’. Heidegger, however, distinguishes quite sharply between ‘Dasein’ and ‘Vorhandenheit’, using the latter to designate a kind of Being which belongs to things other than Dasein. We shall translate ‘vorhanden’ as ‘present-at-hand’, and ‘Vorhandenheit’ as ‘presence-at-hand’. The reader must be careful not to confuse these expressions with our ‘presence’ (‘Anwesenheit’) and ‘the Present’ (‘die Gegenwart’), etc., or with a few other verbs and adjectives which we may find it convenient to translate by ‘present’.

[4‘. . . des reinen “Gegenwärtigem” von etwas’. The verb ‘gegenwärtigen’, which is derived from the adjective ‘gegenwärtig’, is not a normal German verb, but was used by Husserl and is used extensively by Heidegger. While we shall translate it by various forms of ‘make present’, it does not necessarily mean ‘making physically present’, but often means something like ‘bringing vividly to mind’.

[5‘Das Seiende, das sich in ihm für es zeigt und das als das eigentliche Seiende verstanden wird, erhält demnach seine Auslegung in Rücksicht auf — Gegen-wart, d.h. es ist als Anwesenheit (ούσία) begriffen.’ The hyphenation of ‘Gegen-wart’ calls attention to the structure of this word in a way which cannot be reproduced in English. See note 2, p. 47, H. 25 above. The pronouns ‘ihm’ and ‘es’ presumably both refer back to λέγειν, though their reference is ambiguous, as our version suggests.